John Haffert: O Americano que sonhava restaurar o Castelo e a Vila Medieval de Ourém

Reconstituição do Castelo e Centro Histórico de Ourém num desenho colorido por Carlos Evaristo

A celebrar o 50º Aniversário da inauguração do Programa Medieval, a Fundação Histórico – Cultural Oureana recorda o sonho do seu fundador John Mathias Haffert; de ver o Castelo de Ourém restaurado e a funcionar como Museu temático, Restaurante e Pousada.

A controversa requalificação do Castelo de Ourém que está a ser noticia na imprensa, local, nacional e estrangeira, leva-nos a recordar o sonho do Americano John Haffert de restaurar a ruína à glória do seu passado.

O Projecto de Haffert que data de 1967 e pretendia instalar o Restaurante Medieval nos dois torreões, uma Pousada nos cinco pisos do Paço do IV Conde de Ourém e um Museu vivo e interactivo com recriações temáticas na antiga fortaleza triangular.

A ideia de retomar o Projecto de Restauro e Consolidação do Castelo de Ourém: 1946

A Caixa de Arquivo Nº 421 do Arquivo da Fundação Oureana identificada “John Haffert – Restoration of Ourém Castle Project 1967″ guarda toda a documentação e fotografias para comprovar os esforços realizados por John Haffert ao longo de mais de 50 anos, para restaurar o Castelo. Para além das fotografias inéditas existe correspondência, projectos, estudos e recortes de jornais com notícias referentes às várias iniciativas públicas, privadas e Camarárias que houve para a retoma do projecto do Estado Novo da década de 1930.

O Jovem John Haffert no Habito Carmelita

O sonho de Haffert de restaurar o Castelo de Ourém começou em 1946 com a sua primeira visita ao Castelo de Ourém após ter escrito a primeira biografia em língua inglesa de D. Nuno Álvares Pereira The Peacemaker that went to War. Haffert à semelhança do Santo Condestável também foi irmão Carmelita e queria restaurar todos os lugares ligados à história do III Conde de Ourém.

Quando em 1955 os Fundadores do Exército Azul; John Mathias Haffert (o Director Internacional e Editor da Revista “Soul”) e Monsenhor Harold Colgan (Presidente e Capelão) foram recebidos pelo Presidente do Conselho de Ministros de Portugal para lhe entregar o Prémio da Paz atribuído pelo Movimento Internacional de Fátima, um dos temas de conversa entre Haffert e o Professor Doutor António de Oliveira Salazar, foi a retoma dos trabalhos de restauro do Castelo de Ourém. Estes trabalhos, iniciados na década de 1930, foram interrompidos passados poucos anos e nunca retomados. Haffert apresentou a Salazar ideias para o uso a dar ao monumento que pertenceu ao Beato Nuno e seus descendentes. Um conjunto de ideias dactilografadas em 24 páginas que Haffert entregou ao Presidente do Conselho.

John Haffert com o Monsenhor Harold Colgan

Haffert interessou-se pela reabilitação da Vila Medieval de Ourém ainda em 1946 e 11 anos depois insistia com Salazar na importância que teria a conclusão das obras de restauro do Castelo de Ourém, interrompidas segundo o Presidente do Conselho por um conjunto de impedimentos incluindo a falta de água e de saibro.

A obra iniciada em 1937 pelo Estado Novo estava orçamentada em 56, 500$.00 Escudos mas parou ainda antes das celebrações do duplo Centenário da Fundação e Restauração de Portugal em 1940. O programa do Centenário devia de ter incluído actividades no Castelo com recriações de cenas da vida do Santo Condestável D. Nuno Álvares Pereira (então Beato Nuno de Santa Maria) III Conde de Ourém.

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Orçamento para as Obras de Restauração e Consolidação do Castelo de Ourém de 1937 no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.

Oficialmente o projeto de restauro do Castelo visava reconstruir todos os elementos arquitectónicos do conjunto de Fortificação, Paço dos Condes e Torreões, seguindo a traça original do tempo do IV Conde de Ourém. Essas obras porém foram interrompidas por falta de matéria prima. Para Salazar a retoma do projecto só faria sentido se houvesse um investidor particular pois caso contrário seria algo demasiado dispendioso e sem retorno.

Na década de 1930, para a preparação do Centenário da Fundação de Portugal, (1940) o governo do Estado Novo iniciou o restauro do Castelo de Ourém e nessa mesma altura classificou-o como Monumento Nacional. As obras de restauro do Castelo de Ourém tardaram em arrancar ao contrário das obras levadas a cabo nos outros Castelos como vem referenciado em vários artigos de jornais da época.

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Jornal Notícias de Ourém
15 de Maio de 1938

As obras no entanto, acabaram por arrancar em 1935 com remoção de entulhos embora a reconstrução só começasse um ano e meio mais tarde não chegando a ser concluída pois criada a Fundação da Casa de Bragança em1933, após a morte do Rei D. Manuel II, ficou esta na posse do Castelo como bem pertencente ao antigo Morgadio da Família Bragança. Porém este bem era da família já antes dos Duques de Bragança e Condes de Ourém terem subido ao Trono em 1646. Era por isso um bem privado e não público ao contrário do que muitos no governo acreditavam.

O jornal “Notícias de Ourém” na edição de 15 de Maio de 1938 refere que a interrupção do restauro do Castelo, Paço do Conde e Torreões se deveu à falta de água e saibro (areia) e existe na Pasta Nº 421 no Arquivo da Fundação Oureana uma cópia de uma carta do Capitão Joaquim Freire Justo,  Presidente da Câmara de Vila Nova de Ourém, ao Senhor António da Mota, então Administrador em Ourém da Fundação da Casa de Bragança que parece comprovar isso. Na mesma o Presidente da Câmara descreve o seguinte sobre o roubo de saibro:

Capitão Joaquim Justo

            Vª Nª de Ourém

            27 / 8 / 938

            Meu Exmº Amigo

 Estimo que esteja melhor e tenha aproveitado bastante com a sua estadia aí  (Figueira da Foz).Mandei que a cadela que o mordeu fosse para o Instituto Câmara Pestana (Isto para determinar se estava raivosa).Ainda nada me disseram. Os pais dos garotos que venderam a areia da Charneca (saibro do Pinhal do Rei em Vilar dos Prazeres que era aproveitado para as obras) foram chamados à minha presença.  Negaram-se a pagar dizendo que sempre se utilizaram de tudo que o baldio produz e que nunca disso foram proibidos.  Negaram-se portanto a pagar, em virtude de que foram para a cadeia trabalhando durante o dia nas obras de reparações na mesma que ali se estão fazendo e ao fim do 4º dia resolveram pagar os 3000 (Reis) que estão em poder do Abel (Abel Faria do Carmo, Oficial de diligências da Câmara) para dar ao meu amigo quando tiver ocasião de por aqui passar.  Sendo então postos em liberdade e pouco resolvidos a repetir a acção.

Creia-me com estima etc…                  (ass.) Joaquim Justo

Fotografia da fortaleza nos finais do Século XIX
Fotografia da fortaleza nos finais do Século XIX

A Proposta que Haffert fez a Salazar: 1955

A retoma das obras não fazia sentido simplesmente como pretexto de servir a população local pelo facto de haver então somente três famílias a viverem nas poucas casas do burgo que foi em tempos a Jóia da Coroa Portuguesa; uma Vila Medieval fortificada e dividida em quatro freguesias e com cerca de 8,500 habitantes.

Na década de 1950 vivia somente uma dúzia de pessoas em Ourém Velha chamada de “Vila Velha de Ourém” ou de “Castelos de Ourém” na linguagem popular dos Ourienses. Não tendo integrado o programa das celebrações centenárias de 1940, o Castelo de Ourém, a ser restaurado, 15 anos depois, seria um grande investimento por parte do Governo num Monumento Nacional que passou a ser, e ainda é, pertença de uma Fundação particular; a Fundação da Casa de Bragança.

E ao contrário do que muitas pessoas pensavam e ainda pensam, a referida Fundação da Casa de Bragança, não é do Estado e também não pertence à Casa Real Portuguesa; Família dos Duques de Bragança. Foi criada por testamento de último Rei de Portugal D. Manuel II, para zelar perpetuamente pelos bens do antigo Morgadio da Casa Ducal de Bragança, para assim manter viva a memória da Família dos Duques de Bragança e Condes de Ourém, etc.

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Projecto de Restauro do Castelo de Ourém de 1936 existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.

O plano do Estado Novo para investir na reconstrução do Castelo de Ourém partia da ideia de 1935 de se poder usar o mesmo em encenações Condestabrianas durante o ano de 1940. Mas passado o Centenário a ideia já não tinha contexto político e o Governo só estaria interessado em retomar o restauro do Castelo se pudesse recuperar o investimento através do turismo. Mas sem existirem investimentos extraordinários por parte do Estado na criação de infraestruturas essenciais, começando com acessos, lojas, restaurantes e alojamento local, o restauro do Castelo seria para Salazar um investimento, a fundo perdido, que só benificiária a Fundação da Casa de Bragança, proprietária do imóvel.

Em resumo; Salazar apoiava a iniciativa proposta por Haffert desde que a Fundação da Casa de Bragança concordasse e os Americanos pagassem a obra.

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Projecto de Restauração do Castelo de Ourém de 1936 existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.

Para Haffert receber o apoio do Ministério do Turismo, teria que haver interesse, nacional e estrangeiro em visitar o monumento. Para atrair turismo Haffert propunha programas de interesse histórico, medieval e religioso e um programa Medieval. Salazar concordava com o americano mas como se comprova com os documentos no Arquivo Salazar na Torre do Tombo, a P.I.D.E.; Polícia Internacional de Defesa do Estado, desconfiava das suas verdadeiras intenções uma vez que era um americano .A ideia de dar vida ao Castelo de Ourém com um programa temático e recriações medievais era na realidade a ideia de se criar um Parque Temático, tal como o amigo de Haffert, Walt Disney, já estava a estudar, mas em Ourém tal programa só seria sustentável, segundo o estudo encomendado ao Capitão Augusto Mascarenhas Barreto, se todo o casario da antiga Vila Medieval ou pelo menos uma parte significativa, fosse reconstruído, para servir de apoio e tornar assim sustentável esse parque temático Medieval.

A Disneylândia Medieval no Castelo de Ourém: 1967

Desde 1946 que Haffert tinha vindo a adquirir grandes parcelas de terreno, de ambos os lados dos Torreões do Castelo, a fim de preservar o mesmo da descaracterização. Um empresário sueco, dono da fábrica das caixas registadoras “Sweda”, havia também comprado várias propriedades e planeava comprar mais; a Casa Alta junto às Portas de Santarém e o terreno adjacente junto ao torreão. Nestes espaços pretendia construir uma mansão apalaçada que pretendia expandir até ao Castelo. Mal o empresário americano soube do plano enviou um advogado à Suécia com uma proposta para comprar a moradia, as casas e terrenos adjacentes ao sueco oferecendo-lhe o dobro daquilo que ele havia pago.

Com a compra destes imóveis Haffert avançou com o Projecto de propor à Fundação da Casa de Bragança a recuperação, em primeiro lugar dos Torreões para lá criar um Restaurante Medieval com dois salões. No Paço dos Condes de Ourém iria instalar uma Pousada e dentro da fortaleza instalar um anfiteatro para realizar torneios Medievais a cavalo e um programa teatral que contasse a história das figuras ligadas à memória do Castelo.

Uma cópia em língua inglesa da proposta entregue em mão por Haffert ao Presidente da Fundação da Casa de Bragança ainda existe no Arquivo da Fundação Oureana com dedicatória escrita na capa pelo punho do Autor.

Cópia em língua inglesa da proposta entregue em mão por Haffert ao Presidente da Fundação da Casa de Bragança em 1967.

Mas a Fundação da Casa de Bragança não estava interessada em parcerias com particulares e muito menos Americanos. Corria o ano de 1967 e em Fátima celebrava-se o Cinquentenário das Aparições de Nossa Senhora. A vinda do Papa Paulo VI a Fátima deu novo impulso ao turismo religioso e Haffert via a oportunidade para da nova vida ao Castelo de Ourém dando o mesmo a conhecer ao mundo.

O Programa Medieval com Restaurante e Pousada: 1971

Nesse mesmo ano de 1967, Haffert criou a Agência de Viagens Fátima Travel para fretar aviões para levar Peregrinos de Fátima a Portugal e a outros destinos Católicos da velha Europa. Decidiu colocar em standby a ideia de restaurar o Castelo de Ourém e avançou em vez disso com a recuperação de dois Paços antigos que havia comprado no velho burgo; o antigo Paço Novo dos Cónegos (que foi escola primária) e o Paço de Nossa Senhora da Misericórdia (que havia sido o Hospital).

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Salão D. João I do Restaurante Medieval Oureana

Num edifício instalou o Restaurante Medieval, com o Programa Medieval tudo desenhado a rigor pelo Professor Augusto Mascarenhas Barreto e no outro edifício, a Pousada dos Cavaleiros que era na realidade um bar do género das casas de fados Lisboetas com um alojamento local.

Paulo VI abençoa John Haffert durante uma audiência no Vaticano

A ideia está documentada na revista Catholic Traveller e recebeu a bênção do Papa Paulo VI e o Programa Medieval, que agora celebra 50 anos, foi inaugurado a 15 de Agosto de 197 e até hoje teve mais de 3.5 milhões de visitantes. O sucesso do mega empreendimento levou o americano a investir na década de 1980, na compra de dois aviões Boeing para fazerem a viagem dos Estados Unidos a Portugal, três vezes por semana.

John Haffert e Paulo VI na capa da revista Catholic Traveller de 1963

Anteplano de Recuperação do Castelo de Ourém: 1974

Admirado pelo Vaticano e as autoridades locais e Governamentais em Lisboa, era altura, segundo o próprio Haffert, para retomar a ideia do restauro do Castelo de Ourém. Em 1973, o americano preparou uma nova proposta que apresentou à Fundação da Casa de Bragança e ao Governo.

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O Programa Medieval de John Haffert
O Programa Medieval de John Haffert

Propunha desta vez que o Castelo de Ourém servisse de Museu vivo para complemento do Programa Medieval e Restaurante que havia criado. Incluía na proposta a ideia de transformar o conjunto de edifícios que possuía junto ao Restaurante Medieval, numa verdadeira Pousada.

Haffert e Paulo VI em 1967

As entidades aceitaram a proposta de John Haffert, e o Governo aproveitou a ideia de transformar os vários edifícios do americano em Pousada, mas como pousada do Estado do grupo Pousadas de Portugal (ENATUR).

Empenhado em restaurar o Castelo e toda a Vila Medieval à semelhança de Óbidos, o Governo de Marcelo Caetano, levou a cabo um estudo denominando Anteprojecto / Anteplano de Recuperação do Castelo de Ourém que previa, não só o restauro do Castelo à glória do seu passado, mas também todo o tecido urbano para nele instalar as tais infraestruturas de apoio, um casario com diversos negócios temáticos; armeiros, alfagemes, tabernas, etc.

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O Anteprojeto de Recuperação da Vila Medieval de Ourém: Um estudo que propunha o restauro do Castelo e de toda a Vila Medieval, que foi aprovado na última sessão do Parlamento antes da Revolução do 25 de Abril de 1974, mas nunca implementado.

Este Estudo seria um dos últimos Projectos do Estado Novo a ser aprovado pelo Parlamento, precisamente na última sessão antes do 25 de Abril de 1974 e por isso provavelmente nunca seria implementado.

Passados alguns anos, expropriaram os mesmos edifícios que Haffert propunha para servir de Pousada por 1,500 contos. É então que o Americano pensa em preservar o seu legado e o Restaurante Medieval com o programa. Para o efeito criou a 11 de Agosto de 1995, a Fundação Histórico Cultural Oureana.

Pousada of Conde de Ourém in Ourém/Fátima, Portugal
A Pousada Conde de Ourém tinha sido a Pousada dos Cavaleiros de John Haffert

Projecto Regina Mundi 2000: A derradeira tentativa de John Haffert para restaurar o Castelo e a Vila Medieval

Em 1995, Haffert recordou publicamente, ao inaugurar o Monumento a D. João Pereira Venâncio, Bispo de Leiria, (no Jardim que doou ao Município), uma conversa que o mesmo havia tido com o Papa Paulo VI quando sobrevoarem o Castelo de Ourém a caminho de Fátima, a 13 de Maio de 1967.

O Papa ao ver o Castelo de Ourém da janela do avião perguntou ao Bispo:

– “Que Castelo é esse tão perto do Santuário de Fátima?”.

– “O Castelo de Ourém Santidade”, respondeu D. João Venâncio.

– “Então é o Castelo da Rainha do Mundo!” exclamou o Papa.

Sedes Regina Mundae em latim ou Sede da Rainha do Mundo, seria o nome que Haffert daria ao seu último Projecto Museológico; o Projecto Regina Mundi 2000. Esta derradeira tentativa de John Haffert para patrocinar o restauro do Castelo de Ourém e de toda a Vila Medieval data de 1998 e via o Americano e seus sócios e colaboradores a patrocinarem o restauro do Castelo e da Vila Medieval à semelhança de Óbidos e Carcassonne, em França.

Notícias nacionais e estrageiras sobre o Projecto Regina Mundi 2000

Queria Haffert que o Castelo de Ourém fosse restaurado à glória do seu passado e o estudo denominado Projecto Regina Mundi 2000 o mesmo retomava a ideia de se recuperar toda a memória da história do Castelo da época do IV Conde de Ourém, favorecendo assim o turismo, o comércio e a população local com um monumento interativo, museológico e com recriações medievais.

Projecto Regina Mundi 2000
Carlos Evaristo e John Haffert

Poucos anos antes do seu falecimento, John Haffert encomendou o estudo ao seu compadre, o Arqueólogo Carlos Evaristo, Presidente da Direcção da Fundação Oureana e antigo Representante Executivo Sénior de Artsmarketing no Museu Real do Ontário, no Canadá.

Americanos doavam 8 Milhões de Euros para primeira fase

Com larga experiência na rentabilidade, potencial e marketing de Museus, Evaristo preparou um Projecto que propunha criar um Museu interactivo com Centro de Interpretação dentro do Paço e Torreões do Castelo.

Ambos anunciaram o Projecto geral em reunião pública com Conferência de Imprensa, no dia 8 de Dezembro de 1998. Era a Festa de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, Rainha e Padroeira de Portugal e o Duque de Bragança e Conde de Ourém, Dom Duarte Pio, seria o primeiro a dar apoio ao Projecto. Durante a Conferência de Imprensa Haffert informou os presentes de ter assegurado 8 milhões de Euros numa primeira fase do Projecto, por parte de investidores privados e Fundações ligadas ao próprio.

Museus Sedes Mundi Reginae e a Ourém Castle Information Centre Protocol Partners: 1998

Haffert e Evaristo reuniram para o Projecto uma centena de Parceiros Protocolares, nacionais e estrangeiros, numa Federação chamada Ourém Castle Information Centre Protocol Partners . Estes parceiros contribuíam com um espólio de dezenas de milhares de peças museológicas e artefactos históricos valiosos para assim se criar, na Vila Medieval, uma série de núcleos museológicos temáticos que Haffert chamou de rede de Museus Sedes Mundi Reginae.

Um deles seria a Regalis Lipsanotheca, a maior colecção privada de relíquias do mundo fora do Vaticano, uma colecção de Carlos e Margarida Evaristo e do Padre Carlo Cecchin. Outro seria o Museu Nacional do Santo Condestável criado através de um Protocolo com a Fundação Batalha de Aljubarrota. Havia também a recriação da Botica Medieval de São João, da Sinagoga Medieval (descoberta em 1995 e identificada por Carlos Evaristo) e o Museu Mariano, uma fabulosa colecção de 2,000 imagens de Nossa Senhora, de todos os países do Mundo, provenientes do Museu com o mesmo nome que existia em Brooklyn, Nova Iorque, EUA e que foi dissolvido pelo Fundador Armand James Williamson, para que o espólio pudesse integrar o Projecto da Fundação.

O Projecto era também denominado Regina Mundi 2000 (Rainha do Mundo) porque John Haffert queria recordar o título conferido à Virgem Santa Maria, pelo Papa Pio XII em 1946 após a Coroação em Fátima, a 13 de Maio desse mesmo ano. Haffert pretendia realizar o Projecto até ao ano 2000, tendo mandado cunhar uma medalha e diplomas em antecipação.

Projecto Regina Mundi 2000

Numa primeira fase de recuperação, seria patrocinado, a fundo perdido, o restauro do Castelo; Paço dos Condes e Torreões e depois, em seguida, os edifícios para se instalar os supra referidos Museus. No total seriam recuperados um conjunto de 24 edifícios históricos e espaços; públicos, privados ou pertença da Fundação Oureana.

Carta de Cracóvia dita fim ao sonho de Haffert de se Restaurar o Castelo de Ourém e a Vila Medieval: 2000

Em 1999 juntou-se como parceira protocolar ao Projecto Regina Mundi 2000, uma benfeitora americana de nome Helen Marie Bergkamp. Helen era irmã do Bispo Eugene Gerber de Witchita, Kansas, EUA e militante do Exército Azul. A mesma senhora propunha-se a doar, juntamente com outros colaboradores, outros 8 milhões de Euros exclusivamente para o restauro do Castelo de Ourém, mas na condição do mesmo ser tornar num Museu vivo interactivo com uma sala a servir de galeria de arte para acolher a sua colecção de pinturas antigas dos Doutores da Igreja.

A falecida Benfeitora Americana Helen Marie Bergkamp
(1926 – 2015)

A Benfeitora acompanhada de seu filho, o empreiteiro Stan Bergkamp, reuniu com o Executivo da Câmara Municipal, várias vezes, entre 1999 e 2001, mas apesar de ter o apoio do Presidente da Câmara, Dr. David Catarino, o Projecto foi sucessivamente chumbado pelo IPPAR por não haver estudos arqueológicos prévios, uma monografia e um estudo de referência ao que existia anteriormente nos locais. Também os desenhos foram sofrendo alterações, e passando de arquitecto em arquitecto porque as intervenções propostas eram consideradas demasiado volumosas para o local dado que existiam poucas casas após as várias desgraças desde 1755 que caíram sobre o velho burgo de Ourém, e todas elas de pequenas dimensões.

A Carta de Cracóvia, um acordo internacional para a recuperação do património que havia sido assinado a 26 de Outubro de 2000, iria por fim, de uma vez por todas, à ideia de restauro do Castelo. Os países signatários haviam acordado em adoptar, conceitos para o restauro de monumentos que já não recriam grandes áreas em falta ou arruinadas com o passar dos anos e as zonas intervencionadas a serem requalificadas ou cobertas devem de empregar materiais modernos e amovíveis que visivelmente se destaquem dos elementos antigos. Ou seja o conceito moderno era de somente conservar as ruínas tornando as mesmas visitáveis até pelos que têm dificuldade de mobilidade. Restaurar os monumentos jamais pois segundo este conceito os danos sofridos e visíveis nas ruínas são marcas que fazem parte da história do mesmo monumento.

O estudo encomendado por John Haffert em 1967 ao Capitão Augusto Mascarenhas Barreto, mostrava gráficos que davam conta de que se o número de grupos de visitantes e participantes nos Banquetes Reais baixasse para menos de 10 de 50 pessoas por mês, o Programa Medieval do Restaurante Medieval tornava-se insustentável. Os ataques às Torres Gémeas em Nova Iorque, EUA em 2001 iriam ter um forte impacto no turismo mundial e na redução do fluxo turístico de americanos a Fátima e Ourém. o resultado foi que os números de visitantes nos anos seguintes ficaram muito abaixo do mínimo, fazendo cessar a actividade comercial. O mesmo se verificou com a Pousada Conde de Ourém e outros empreendimentos turísticos na Vila Medieval como o restaurante a Ucharia do Conde que apesar de mudar de gerência, várias vezes, permanece encerrado. Terminou assim a realização habitual do Programa Medieval e encerrou a firma de gestão do Restaurante Medieval que passaria a partir de 2008 a funcionar por Protocolo com um serviço de catering externo.

Finalmente, em 2003, a Fundação Oureana recebeu uma resposta definitiva sobre a proposta de restaurar o Castelo de Ourém. a mesma informava; “É favor não incluírem o Castelo de Ourém no vosso Projecto, pois o mesmo não se encontra disponível para restauro”.

A decisão baseava-se nas normas da Carta de Cracóvia agora implementadas para a intervenção em Monumentos Nacionais e que podem ser vistas neste link:

http://www.patrimoniocultural.gov.pt/media/uploads/cc/cartadecracovia2000.pdf

Estrutura de concreto integrada à parede que foi reconstruída, e que se apoia em escada interna
A Tour des Pucelles (Torre das Donzelas) recentemente requalificada foi umas das principais masmorras europeias no período da Idade Média construída na Bélgica
Esqueleto de concreto” preserva torre medieval | Cimento Itambé
A Torre das donzelas na Bélgica após obras de requalificação

A resposta negativa levou o Presidente da Câmara Municipal de Ourém a retirar o apoio ao Projecto e o então Presidente do Conselho de Curadores da Fundação em Exercício, o Padre Carlos Querido da Silva, a perguntar numa reunião pública da Câmara; “Se o Castelo não se encontra disponível para restauro, então encontra-se disponível para quê?”

A Torre Medieval em Vilharigues, Vouzela requalificada segundo as normas actuais

O facto é que os tempos mudaram desde que o Estado Novo, na década de 1930, iniciou o restauro de algumas partes do Castelo que já não existiam. Hoje isso seria impossível. John Haffert sonhava retomar o restauro do Castelo para o devolver ao tempo da sua criação. Mas o conceito agora dos Monumentos Nacionais e do IPAAR (Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico) é aquele adoptado pela Carta de Cracóvia que só permite a requalificação da ruina.

O conceito actual para recuperação do Património seria inaceitável para John Haffert, assim como foi para os seus sócios patrocinadores do Projecto Regina Mundi 2000. Frustrados nos seus planos, foram patrocinar o restauro de uma aldeia pré-histórica com parque de interpretação no México e a conservação de ruínas no Egipto e no Peru.

Castelo de Villamartin em Cádiz, Espanha, antes e depois das obras de requalificação

Em 2003 o Capelão da Fundação Oureana, Padre John Guilbert Mariani, antigo Capelão do Exército Azul e Mestre Arquitecto e Desenhador, tentou uma última vez convencer as autoridades que tutelam o Património em Portugal a mudarem de critério para permitirem o restauro do Castelo e de todo o casario do velho burgo para dar uma nova vida a Ourém à semelhança da Vila de Óbidos, alegando que sem esse restauro o Centro Histórico iria sofrer com uma desertificação acentuada.

Vários proprietários na Vila Medieval haviam juntado seus terrenos na Rua de São José para a criação de uma zona de turismo de habitação. Patrocinaram em conjunto escavações arqueológicas e a Fundação Oureana complementou essa iniciativa também com escavações levadas a cabo em alguns dos seus espaços adjacentes. Mas a falta de pré-existências nos locais das sondagens e a necessidade de haver ainda mais escavações, levou os sócios do projecto turístico e a Fundação a abandonarem a ideia.

O Projecto Regina Mundi 2000 que terminou em 2005 produziu 12 Estudos e teve 4 Arquitectos à frente do mesmo. Os Patrocinadores e Parceiros Protocolares gastaram mais de 180, 000 Euros em Projectos, estudos e escavações mas a ideia de se restaurar o Castelo de Ourém e todo o casario da antiga Vila Medieval acabou por ser reprovada para frustração de John Haffert e de outros colaboradores. A Carta de Cracóvia determinou que o Castelo já não podia ser restaurado mas somente conservado e requalificado.

Estudo para Salvaguarda do Património e Concurso de Conceitos e Tecnologias de Recuperação de Espaços no Castelo de Ourém: 2003

Para comprovar e mostrar o impacto negativo a longo prazo da não recuperação total do Castelo de Ourém e do tecido urbano da antiga Vila Medieval, a Fundação Oureana, sob a Presidência de Dom Duarte de Bragança, como Presidente do Conselho de Curadores patrocinou um outro estudo encomendado à conceituada Mestre Arquitecta Isabel Alçada Cardoso com uma proposta de salvaguarda do Património. Este estudo comprovou uma degradação, desertificação acentuada e diminuição do fluxo turístico ao longo dos anos devido ao estado ruinoso do Castelo e do burgo Medieval de Ourém e verificou que a maioria dos visitantes e frequentadores da Pousada Conde de Ourém queriam ver o Castelo de Ourém assim como a Vila Medieval restaurada para que pudesse haver mais para visitar.

No mesmo ano de 2003, a Fundação promoveu um concurso de Conceitos e Tecnologias de Recuperação de Espaços no Castelo de Ourém que juntou 14 jovens Arquitectos formados na recuperação de espaços antigos mas também estas ideias alternativas ao conceito da Carta de Cracóvia acabaram por ser rejeitadas com sendo impraticáveis.

Obras de Requalificação do Castelo de Ourém: 2019 – 2021

O Castelo de Ourém seria finalmente conservado seguindo os métodos permitidos hoje para intervenções em Monumentos Arqueológicos entre 2019 e 2021. O Projecto de Requalificação que tem sido alvo de fortes criticas por quem não compreende, nem aceita, o conceito vigente da Carta de Cracóvia, acabou com o sonho que John Haffert teve de ver o Castelo restaurado no estilo original sem qualquer elemento moderno a descaracterizar a visão Medieval de D. Afonso, IV Conde de Ourém. Seria um restauro que segundo Haffert, permitia usarem o Castelo de Ourém para filmagens de recriações medievais para o Cinema e a Televisão.

O Terreiro de Santiago antes das obras de requalificação
(2019 – 2021)
O Terreiro de Santiago depois das obras de requalificação
(2019 – 2021)
Escadaria criada na década de 1930
numa fotografia tirada antes das obras de requalificação
(2019 – 2021)
A mesma Escadaria depois das obras de requalificação e a substituição
da anterior criada na década de 1930 tem sido alvo de crítica

(2019 – 2021)

RECONSTITUIÇÃO DO CASTELO MEDIEVAL E SUA MURALHA

(Estudo de Carlos Evaristo – 1996)

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“Quadros da História de Ourém” da autoria de Carlos Evaristo.

            O estudo realizado entre 1996 e 1998 para o Projecto Regina Mundi 2000 acabou por ser publicado no livro “Quadros da História de Ourém” da autoria de Carlos Evaristo.

“Hoje sabemos, graças em parte a um levantamento datado de Outubro de 1527 que a Vila de Ourém (entre muros) era muito semelhante à de Óbidos e protegida por três níveis de fortificações (muralhas) que foram construídas ao longo de vários séculos.

            A primeira referência documental à existência de um Castelo em Ourém data de 1178. No entanto, este terá sido reconstruído, de acordo com a tradição, sobre as ruínas de uma fortificação Romana ou até Pré-Romana,  que esteve sempre localizada na parte mais alta do morro. 

            Este imponente Castelo ou Castro Medieval (1) era nada mais que uma Fortaleza, provavelmente de estilo Visigótico e que terá sido aproveitada pelos Mouros e depois restaurado pelos Cristãos. 

            O Castelo era formado por três torres elevadas e estreitas, com um recinto triangular, à maneira medieval, delimitado por muralhas grossas com as torres nos ângulos,  sendo duas a norte e uma virada a sul.

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Reconstituição do Castelo e Igreja de São Tiago no Século XII por Carlos Evaristo

            A apresentação primitiva destas torres deveria ser semelhante à da torre sul e assim a muitas outras existentes em Castelos Portugueses, ou seja, sem telhado e coroadas por ameias.  Originalmente, tinha somente duas torres, e o restauro ordenado pela Rainha D. Teresa em 1180 não parece ter alterado a sua aparência primitiva.

Torres do Castelo serviram de Prisões até ao Século XVI

“Nas duas torres viradas para o Norte existiam as Prisões Medievais primitivas, sendo uma para as mulheres e outra para os homens (1 b). Aquela virada para o noroeste ainda é denominada hoje Torre de D. Mécia (1 a),por ali ter sido encarcerada a esposa do Rei D. Sancho II.  Identifica-se, assim,  a prisão das mulheres. 

            Ambas só tinham acesso por uma porta colocada no tecto arredondado em abóboda e que dava para um alçapão. A hipótese de fuga era nenhuma, pois, retirada a escada de madeira, não havia outra saída.

El Castillo de Ferrara, antiguo Palacio Ducal de l...
Castelo e Paço Ducal de Ferrara

Sabemos que estas torres foram telhadas no Século XV por ordem do IV Conde de Ourém,  que também incorporou nelas a construcção das cachorradas de influência Italiana para assim o Castelo Velho melhor condizer com o Paço Novo (2) e Torreões (3 a e 3 b) por ele mandados construir no mesmo estilo e que formam uma réplica de partes do Castelo e Paço dos Duques na Cidade Italiana de Ferrara onde D. Afonso de Ourém na qualidade de Embaixador de Portugal .esteve alojado aquando da sua jornada ao Concílio de Basileia e Ferrara “

Variedades de Janelas em ogiva no Paço do IV Conde de Ourém
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

            “Nas ruínas da torre, do lado Sul, (1 c) ainda existe uma passagem de segurança composta por duas portas, uma exterior e outra interior, que dão para o recinto.  Nesta torre estaria colocado o Guarda de Vigia ou Porteiro.  No piso superior provavelmente havia um quarto onde membros insignes da Família Real pernoitavam. 

            No recinto triangular (1 d) existia o acampamento onde o Rei com os seus Cavaleiros dormiam em tendas, ricamente ornamentadas, mas de montagem fácil, isto porque até meados do Século XIII a Corte era um pouco nómada e viajavam de Castelo em Castelo, pois não havia ainda a preocupação de construir Paços ou Palácios. 

            Guardado no centro do recinto triangular (1 d) (que pela sua configuração invoca a proteção da SSmª Trindade), existia o elemento mais preciosa do Castelo: a água, que era armazenada numa grande cisterna. O acesso a esta cisterna era feito por uma escadaria em pedra.

Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

“Parece ainda existirem provas de que parte do recinto era coberto por um telheiro,  para abrigar, talvez, animais ou a zona da cozinha, que ficava no exterior, ao ar livre. Deverá também ter servido de zona de armazém de munições.”

            “A água também servia de arma fortíssima  e estratégica, pois os Castelos que não possuíam nascente própria ou reserva, dentro das suas muralhas, dificilmente resistiam a um cerco inimigo.  No entanto, aqueles que possuíam água em abundância, eram considerados inexpugnáveis, como era o caso deste Castelo de Ourém.

            A Muralha do Castelo (4),com as suas próprias torres de vigia, circundava toda a parte superior do cabeço junto ao Forte, incluindo o actual Terreiro de São Tiago (5), ainda cingido pelas ruínas de uma muralha Miguelista de suporte e defesa do Século XIX. 

            Era aqui que antes do Século XV, existia a protegida Igreja de São Tiago, provavelmente em estilo gótico ou  Românico e que o IV de Ourém mandou arrasar depois da construcção da Sé – Colegiada, aproveitando, o  terreno sagrado para implantação do cemitério e praça de armas.

A estátua de D. Nuno Álvares Pereira, III Conde de Ourém (5),  que hoje podemos admirar no Terreiro de São Tiago, foi inaugurada pelo Presidente da República, General Ramalho Eanes, em 1985.

Reconstituição por Carlos Evaristo do Castelo e Igreja de São Tiago no Século XII

“Muitas pessoas ainda admiram o Castelo e duvidam da possibilidade de hoje se poder construir tais obras, e de facto talvez fosse impossível,  não pela falta de meios técnicos, mas devido ao custo de mão de obra necessária. É que, nesses tempos, os exércitos, já desde a época Romana,  serviam também de grande equipas de construção, quando não havia lutas a travar.  Os soldados, construíam pontes, muralhas, castelos, em fim, tudo o que era preciso, e com relativa rapidez e garantida segurança. 

            Apesar de ter sido gravemente danificado pelo terramoto de 1755, o Castelo já estava em mau estado desde que a Casa de Bragança ficou sediada em Vila Viçosa e os Condes de Ourém, depois de D. Afonso, IV Conde, terem deixado de habitar em Ourém.

            As ameias do Castelo e da muralha deveriam já ter sido removidas no tempo de D. Fernando II, Duque de Bragança e Conde de Ourém, quando este foi condenado à morte por traição ao Rei D. João II, e isto porque simbolizavam a união com a Coroa, sendo estas removidas para conhecimento público, quando essa união era desfeita .

Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

Reconstituição do Paço do IV Conde de Ourém e dos Torreões

            “Localizado na direcção Sul, a alguns metros abaixo do Castelo Medieval, estão as ruínas do magnífico Solar Apalaçado ou Paço Residencial do IV Conde de Ourém (2), que também ficou fortemente danificado pelo Terramoto de 1755, embora já se encontrasse bastante degradado antes do cismo.

Castelo e Paço Ducal de Ferrara

            “O Castelo foi parcialmente recuperado antes de 1940 e, de facto, é uma pena não terem concluído o restauro, pois só faltava colocar o soalho nos pisos, e telhar o edifício, que hoje seria o Ex-Libris da Cidade; a grande sala de visitas de Ourém. 

            Infelizmente, há uns anos, algumas das grandes vigas foram levadas e aproveitadas por particulares, e as que foram lá deixadas acabaram por apodrecer, deixando o Paço na iminência de de ruir.

Como já sabemos, o velho burgo conheceu uma nova vida quando, no Século XV, D. Afonso, IV Conde de Ourém, neto de D. Nuno Alvares Pereira e de D. João I, fixou residência no seu Condado e ordenou o restauro do Castelo, a construção da Colegiada e certamente outros edifícios públicos já desaparecidos.

Torreões vistos do túnel já depois da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

            Mais tarde, ordenou o mesmo Conde, a construção do seu magnífico Solar, com os célebres  torreões (3). O Conde sendo um homem muito viajado, rico, culto e vaidoso, encarregou os seus arquitectos de elaborarem uma obra única no país e fora de vulgar no seu tempo, que conjugasse o estilo arquitectónico norte-africano com o clássico Italiano de Ferrara, que ele tanto admirou nas suas visitas à Itália e estadia prolongada nessa cidade.

Paço do IV Conde de Ourém depois da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)
Paço do IV Conde de Ourém depois da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

  “Pode-se imaginar o esplendor do edifício de cinco pisos, que servia de Residência oficial do Conde e também de defesa militar para a Vila. 

            O acesso principal fazia-se pelo túnel abobadado que ligava ao recinto interior do solar.”

Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

            “O grande portão principal corria na vertical e era puxado por pesos. As janelas e portas são um testemunho do gótico Português, onde ainda pode ser visto uma variedade de ogivas de diversos ângulos.”

Estado ruinoso do Passadiço de forma labiríntica visto do Paço
Antes da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

            “No exterior do edifício existia um passadiço de forma labiríntica (6), que se prolongava em túnel até ao torreão maior.”

Passadiço de forma  labiríntica depois da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)
Torreão e Paço depois da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)
Passadiço de forma  labiríntica depois da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

“É popularmente chamado “Chave do Castelo” ou “Buraco dos Cornos”, por ter sido lá encontrados,  no Século XIX uma variedade de cornos de animais.

            A estrutura servia de passagem de fuga, corta-vento e também tinha uma simbologia mística para os Cavaleiros Rosa cruzes, assim como o triângulo do forte tinha para os Templários e, como já sabemos, o IV Conde  pertencia à Ordem de Cristo e ao Grupo Rosa crucio.

            Diziam os antigos, que na fachada traseira, com várias janelas em ogiva, e junto às escadas arruinadas de acesso ao piso principal do Paço, havia uma passagem secreta, hoje completamente entulhada e que dava para a Quinta de Valbom na encosta ao pé de Santo Amaro.

            Por uma ponte atravessava-se do segundo piso do Paço para o torreão mais alto (3 b), popularmente chamado “Castelo do Raio”, pelo facto de ter sido rasgado ao meio por uma faísca, durante uma forte tempestade, no Século XIX. 

Esta ponte, que resistiu ao Terramoto de 1755, tinha um arco por onde passava o tráfico da rua, hoje a Calçada da Rainha D. Teresa e então a Rua Nova, por ter sido aberta aquando da construção do Paço.

            Por muito incrível que pareça, a ponte foi demolida ainda não há um século para permitir a passagem de veículos de maior dimensões, ou pelo menos, foi essa a desculpa dada na altura pelas autoridades que mandaram executar essa barbaridade.

            O Paço e a fortaleza eram servidas por comunicações encobertas e passagens subterrâneas. Havia ao todo, 6 torres, interligadas antes da ereção dos Torreões, e presume-se, a tal  galeria subterrânea, que ia sair ao sopé do monte no sítio chamado Vale Bom.

            Sabemos, por dois documentos, um de D. Teodósio II e outro de D. João IV (Rei), que o Paço do Conde já se encontrava muito deteriorado antes de 1714, mas ainda conservava alguns compartimentos (o quarto do Conde) e parte dos telhados, de acordo com a mediação e demarcação feita nesse ano pela Sereníssima Casa de Bragança. 

            Os Torreões (3), também do Século XV (um dos quais é maior), ficaram incorporados na Muralha da Vila para reforço da vigilância. Combinam, tal como o Paço, o estilo Árabe de Marrocos com o Italiano do Castelo de Ferrara e serviram, especialmente, durante o período hostil vivido depois de Aljubarrota, quando pendia uma ameaça de novas invasões por parte de Castela.

            O Torreão da direita (3 b), que é o maior, ostenta uma escultura com as armas do IV Conde de Ourém.

            Dos Torreões ainda se avista num dia, com o céu limpo, a província Espanhola de Cáceres, a pouco mais de 90 quilometros de distância, em linha recta.

Pedra esculpida com rosto humano encontrada no Castelo e provavelmente uma ornamentação da antiga Igreja de São Tiago. 
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

            Dentro de cada Torreão existiam corredores que ligavam a salas,  com tecto em abóboda, por cima das quais encontramos varandas exteriores e uma célebre janela gótica.  Estes espaços deviam ter servido de armazéns para mantimentos e armas. 

            Ainda pouco antes do restauro de 1930, e até depois, eram utilizadas pelos moradores como celeiros e lá dormiam enquanto a colheita secava para que ninguém a roubasse .

            Ainda há muita gente que se recorda de ver o transporte das vigas gigantescas para o Paço do Conde, no restauro dos anos 1930.  Estas foram transportadas pelo Sr. José do Júlio no chassis de um Reo-Svped-Vagon, que teve de levar a carroçeria desmanchada para passar ás Portas de Santarém.

            Morreu nas obras de restauro do Castelo, um homem e ficou ferido outro, tendo ambos caído de um andaime. O que faleceu era  da familiar do tal transportador de materiais.

No Paço era diariamente hasteada a bandeira da Casa de Bragança. No  tempo de D. Teodósio II foi passado um título de emprazamento à família de Affonso Ferraz Guilherme, que deveria possuir, “como seus sucessores, os terrenos anexos, pertencendo ao terreno pequeno, que fica ao poente, um cerrado aforado por 100 reis, e o maior, que está ao nascente, o chão entre os dois torreões, aforado também por 80 reis.” Este título foi renovado por D. João IV e demonstra o desinteresse da Casa de Bragança em Ourém e no Paço, já naquela época. 

            Este Paço e os Torreões só passaram novamente para a posse da Sereníssima Casa graças ao facto de, depois do Terramoto de 1755 a descrição no título dessa família Guilherme já não coincidir com a descrição das ruínas, e assim os juízes,  nomeados pelo Marquês de Pombal, e a favor do Morgado, anularam o título, para desgosto dessa família local.

Fotografia num Postal de 1915 mostra o estado dos torreões.
Nota-se na legenda o uso errado do termo popular “Castellos” em vez de Castelo para descrever o conjunto. Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

            Conhecidos popularmente por “Castelos” ou “Castelo da Eira”, os Torreões (3)ainda resistiram quase intactos ao Terramoto de 1755,  sendo o mais alto, como já referi, desmoronado por um raio, durante uma forte tempestade, no Século XIX .

            Já nos finais do Século XIX, Ernesto Korrodi arquitecto Suíço que assumiu a direcção técnica e o parecer artístico das obras  do restauro do Castelo de Leiria, para a Liga dos Amigos do Castelo de Leiria tentou incentivar o Morgado a restaurar o Castelo de Ourém.

Colecção Raúl Espírito Santo Júlio (Cedido ao Arquivo da Fundação Oureana)

            Foram reconstruídos lentamente entre 1933 – 38,  durante  o governo do Estado Novo que tencionava restaurar os 101 Castelos de Portugal, para o centenário em 1940. 

Foi Mestre de Obras do projecto de recuperação o Sr. Raúl Marques da Graça, tio da esposa do escritor Ouriense Sr. Carlos Pereira.

            Uma lápide colocada junto à entrada do Paço ainda recorda esse centenário em 1940.

            Infelizmente, telharam os Torreões com telha lusa (medieval ?) mas talvez, se não tivessem telhados ou se tivessem usado telha de canudo,  já teriam caído há muito tempo.

            Por entre os dois Torreões, na Muralha da Vila, há um porta chamada a Porta da Traição (4),  que corria em vertical, puxada por um peso e por onde se podia sair para um carreiro que dava para os terrenos de cultivo na encosta e para “Valbom”.

É escusado dizer que se o Castelo de Ourém não tivesse sido quase totalmente restaurado pelo Estado Novo na década de 1930 não teria o aspecto agradável que hoje tem dado que era somente uma triste ruína antes dessa intervenção que já não seria possível levar a cabo.

Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)
Calçada Medieval
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)
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Fotografia das Obras de Restauro do Castelo de Ourém existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
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Fotografia das Obras de Restauro do Castelo de Ourém existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
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Fotografia das Obras de Restauro do Castelo de Ourém existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
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Fotografia das Obras de Restauro do Castelo de Ourém existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
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Fotografia das Obras de Restauro do Castelo de Ourém existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
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Fotografia das Obras de Restauro do Castelo de Ourém existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
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Fotografia das Obras de Restauro do Castelo de Ourém existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
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Fotografia existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico das Obras de Restauro da muralha exterior da Vila Medieval de Ourém mas traseiras da Casa que foi moradia de John Haffert.
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Portas de Santarém numa Fotografia das Obras de Restauro do Castelo de Ourém existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.

25 de Agosto de 2021

Textos e Fotos de Arquivo: Fundação Oureana

Todos os Direitos Reservados / Reprodução interdita

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Paróquia de Palhais apresenta “Relíquias da Paixão”

Diocese de Setúbal

Todas as relíquias de Jesus Cristo, mesmo os mais simples objetos, impressionam e comovem a alma cristã, infundem profundo respeito e, ao mesmo tempo, causam intensa atração. A sede de divino, inerente a todo homem, sente-se em algo atendida, ao contemplar uma delas.

Dessas inapreciáveis relíquias, o Sudário de Turim é talvez a mais conhecida, em razão das reiteradas tentativas de negar sua autenticidade.

Carlos Evaristo, especialista em relíquias, estará no salão da Igreja de Santo António da Charneca na tarde do domingo de ramos, 25 de março, a partir das 16 horas para apresentar as sagradas relíquias da Paixão e falar sobre cada uma delas.

Uma oportunidade incrível para todos os curiosos que queiram conhecer melhor a Paixão de Jesus através das suas relíquias. Relíquias verdadeiras? Forjadas ao longo dos séculos? Carlos Evaristo irá esclarecer todas as pessoas.

Pe. Tiago Veloso, pároco de Palhais/Santo António

10 de Março de 2018

FONTE: https://diocese-setubal.pt/2018/03/10/paroquia-de-palhais-apresenta-reliquias-da-paixao/?fbclid=IwAR2C6EDkYb4YqSrq6K3FYfSp_9V1cKVY1k6yRQwsmPFIR9QnImE-gD8Mx9g

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Programa Medieval da Fundação Oureana Comemora 50 anos

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John Haffert brinda aos convidados no dia 15 de Agosto de 1971: Hoje, a taça de prata que usou e o traje Medieval que vestiu estão expostos no Museu do Restaurante Medieval.

As celebrações aniversarias dos 25 anos da Fundação Oureana (e do seu Instituto Amália Rodrigues, Rainha do Fado) e também dos 50 anos do Restaurante Medieval, tiveram início a 26 de Setembro de 2020 mas culminam este ano com celebrações comemorativas dos 50 anos da estreia do Programa Medieval.

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O 2º Gerente da firma Castelos de Portugal Turismo Lda.; Vasco Sequeira Costa, (no papel de D. Nuno Álvares Pereira) reúne com as primeiras empregadas do Restaurante Medieval para um ensaio geral e sessão fotográfica promocional do Programa Medieval e do espetáculo ” Os Sete Espíritos do Castelo” (Castelo de Ourém, Verão de 1970)

Já se passaram 26 anos anos desde que John Haffert criou a Fundação Histórico – Cultura Oureana e 51 anos desde que criou o Restaurante Medieval, mas este ano de 2021, celebra-se os 50 anos da estreia de um Programa Medieval que trouxe mais de 3.5 milhões de turistas ao Castelo de Ourém.

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Vasco Sequeira Costa encarna o espírito de D. Nuno Álvares Pereira no Castelo de Ourém no Verão de 1970.

A Rota dos “Sete Castelos de Portugal”

O Programa Medieval; Banquete dos Reis teve várias antestreias ou ensaios gerais com convidados participantes, mas os principais ensaios tiveram lugar na Sexta-feira 13 de Agosto de 1971 e no Sábado, 14 de Agosto de 1971. Estas datas foram especialmente escolhidas por John Haffert por coincidirem com os aniversários da 4ª Aparição de Nossa Senhora em Fátima e a Vitória de D. Nuno em Aljubarrota em 1385.

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Decoração primitiva do Salão D. João I do Restaurante Medieval (1971).

O Programa seria oficialmente inaugurado, a 15 de Agosto de 1971, Festa de Nossa Senhora da Assunção, Dogma definido pelo Papa Pio XII em 1950 e a principal Festa Mariana que D. Nuno Álvares Pereira, III Conde de Ourém celebrava de forma especial, sendo ele particular devoto da Virgem Santa Maria sob esta mesma invocação.

Foi assim a maneira que o criador do projecto, John Haffert, encontrou para homenagear Nossa Senhora de Fátima e o Santo Condestável aquém ele chamou de “Percursor de Fátima” na biografia que escreveu ainda antes de vir a Portugal pela primeira vez em 1946. Já o Papa Pio XII, amigo pessoal de Haffert, havia sido quem aprovou o Exército Azul Ad Experimentam durante 100 anos.

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As empregadas Ourienses do Restaurante Medieval vestem os fatos Medievais distribuídos pelo Gerente Vasco Sequeira Costa na Sede da TAP em Lisboa na manhã do dia 15 de Agosto de 1971.
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Vasco Sequeira Costa acompanhado do Presidente da Câmara Municipal de Ourém Professor Mário Albuquerque e sua mulher. Foi Vasco Sequeira Costa de facto o primeiro Gerente da firma Castelos de Portugal. Voltou ao Restaurante Medieval em Agosto do ano de 2000, altura em que foi foi homenageado por ocasião do 30º Aniversário do Programa Medieval.

Parcerias com a TAP e a RTP

O projecto que pretendia principalmente trazer nova vida ao Castelo de Ourém, nasceu de parcerias entre a agência de viagens Fátima Travel, a Castelos de Portugal Turismo Lda., a TAP – Air Portugal, Companhia Portuguesa de Transportes Aéreos e a RTP; Rádio Televisão Portuguesa.

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O Gerente Vasco Sequeira Costa, (no papel de D. Nuno Álvares Pereira) com as primeiras empregadas do Restaurante Medieval (Castelo de Ourém, Verão de 1970).

Esta parceria foi sugerida pelo Presidente do Conselho de Ministros, o Professor Marcelo Caetano. Caetano pretendia dar a conhecer aos turistas estrangeiros os sete Castelos no Centro do país; nomeadamente os Castelos de Óbidos, Almourol, Torres Novas, Tomar, Leiria, Porto de Mós e Ourém.

A ideia vinha no seguimento de uma proposta feita anteriormente em 1955 ao Professor António de Oliveira Salazar pelo Fundador e Director do Exército Azul, Apostolado Mundial de Fátima .

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As primeiras empregadas do Restaurante Medieval (Castelo de Ourém, Verão de 1970).

O pacote turístico seria vendido internacionalmente pela TAP através de agências de viagens mas também seria promovido pela Fátima Travel, (agência de viagens de John Haffert que estava ao serviço dos 80 milhões de membros do Exército Azul e de outros Apostolados de Fátima fundados pelo mesmo).

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As primeiras empregadas do Restaurante Medieval (Castelo de Ourém, Verão de 1970).

O pacote de uma semana em Portugal incluía as passagens aéreas, de ida e volta (com voos a partir de todas as grandes Cidades dos Estados Unidos da América onde a TAP fazia escala). Os transferes entre as casas dos passageiros e os aeroportos eram realizados por táxi ou em carrinha shuttle e todo o transporte terrestre em Portugal, desde a chegada até à partida eram da responsabilidade da firma Castelos de Portugal Turismo Ldª. O alojamento era em Pousadas do Estado com todas as refeições e visitas guiadas incluídas aos monumentos de Lisboa e Fátima e aos sete Castelos já referidos.

O Corte da Fita pelo Secretário de Estado da Informação e Turismo com a bênção da Pedra do Brasão de Armas da firma, (hoje brasão da Fundação Oureana) pelo Bispo de Leiria D. João Pereira Venâncio. Á esquerda, junto ao Secretário de Estado pode-se ver o 3º Gerente da firma Castelos de Portugal Turismo Ld.ª, o Promotor Turístico Rafael Palácios.
O Brasão de pedra benzido a 15 de Agosto de 1971 ainda se pode ver na fachada do Paço Novo dos Cónegos, sede do Restaurante Medieval e da Fundação Oureana.

O programa dos Parceiros Protocolares culminava com a estadia em Fátima dos passageiros no Hotel Domus Pacis pertença do Exército Azul Americano e também fundado por John Haffert. Na véspera do voo de regresso tinha lugar ao jantar um Banquete Medieval de despedida. Este Banquete era servido a rigor no Restaurante Medieval e durante o mesmo eram aclamados e Coroados; o Rei e a Rainha para alegria de todos os membros da corte trajados a rigor.

John Haffert em conversa com o Presidente da TAP e o Bispo de Leiria.

A inauguração do Programa Medieval, a 15 de Agosto de 1971, contou com a presença do Secretário de Estado da Informação e Turismo que veio em Representação Oficial do Presidente do Conselho de Ministros Marcelo Caetano. Acompanhava o mesmo o Presidente da TAP e o Director Geral da RTP; Rádio Televisão Portuguesa. Esta última também parceira do projecto no que tocava à decoração do Restaurante Medieval e à divulgação internacional do programa. Convidados especiais da Igreja incluíam o Bispo de Leiria – Fátima, o Reitor do Santuário, os Párocos de Fátima e Ourém e vários Bispos e arcebispos em representação do Vaticano e do Exército Azul dos Estados Unidos.

As Velas com as cruzes dos Pereiras e da Ordem de São Bento de Avis eram feitas na Casa de Velas Loreto em Lisboa e a loiça de barro fornecida pelas cerâmicas do Juncal. Já os castiçais e as taças Medievais de prata, frequentemente roubadas e por isso se deixaram de usar, eram feitas por artesãos no norte.
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Programa do espetáculo Os Sete Espíritos do Castelo traduzido para Inglês, Francês e Alemão.

Os Sete Espíritos do Castelo

Durante o Banquete Medieval tinha lugar um espetáculo audiovisual e teatral denominado Os Sete Espíritos do Castelo. Escrito por John Haffert, o mesmo contava, de forma resumida e com recurso à projeção de slides e figuração em pantomina, as histórias de sete personagens históricas e lendárias do Castelo e Condado Ouriense; D. Afonso Henriques, a Rainha D. Teresa, a Princesa Moura Fátima – Oureana, a Rainha Santa Isabel, D. Pedro e D. Inês de Castro, D. Leonor Teles e o Conde Andeiro, D. Nuno Álvares Pereira e depois de 1974, Nossa Senhora de Fátima com os três Pastorinhos.

Após o 25 de Abril certos grupos pediam que o Espírito da Rainha Santa Isabel distribuísse cravos vermelhos em vez de rosas aos participantes dos banquetes.

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O espetáculo que foi visto por quase quatro milhões de pessoas ainda é recordado por muitos e jamais podia ser alterado de acordo com a vontade de John Haffert expressa nos Estatutos da Fundação que criou em 1995 aquando do 25º Aniversário da inauguração do Programa Medieval. No entanto, em 1998, Carlos Evaristo, numa primeira fase de restruturação do Restaurante Medieval, criou um programa e espetáculo alternativo, aprovado por John Haffert e Amália Rodrigues, e que estreou pelo 30º Aniversário do programa original.

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Durante décadas, os fatos dos sete Espíritos do espetáculo do Restaurante Medieval eram emprestados aos empregados da firma para serem usados durante os desfiles e festas de Carnaval.

O novo Programa substituía alguns factos e figuras lendárias, que embora fizessem parte de historias ensinados na escola durante o Estado Novo, vieram a ser retiradas dos livros escolares depois do 25 de Abril de 1974. Tais histórias por vezes faziam algumas pessoas que viam o espetáculo comentarem que os Americanos ensinavam “a história de Portugal aos disparates”.

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“Foi o caso da única reclamação que existe no livro de reclamações da firma Castelos de Portugal Turismo Lda. A única queixa durante todos os anos em que teve actividade”, conta aquele que foi o último Gerente da firma, Carlos Evaristo.

Única reclamação registrada contra o Programa Medieval foi da Cantora Maria Guinot

Carlos Evaristo: “Não foi no meu tempo, mas encontrei uma cópia dessa famosa queixa guardada religiosamente numa moldura. Estava pendurada numa das paredes nas traseiras do palco e está hoje no arquivo da Fundação. O documento tinha sido colocado numa moldura pelo casal Braun como motivo de orgulho Católico segundo a inscrição e isto pelo facto de ter sido a conhecida Cantora do Festival da Eurovisão, Maria Guinot, a escrever a reclamação. Nela, a cantora também protestava o facto de lhe ter sido entregue a si e aos membros do seu grupo, um terço e um escapulário na última cena do espetáculo que relembrava as Aparições de Fátima, cena essa que foi introduzida já pelo casal Braun com duas crianças a fazerem de Jacinta e Francisco a distribuírem estas lembranças no final de cada Banquete. Parece que a cantora tinha vindo ao Restaurante Medieval com um grupo do Partido Comunista ou militantes do CDU os quais ficaram incomodados com as repetidas referências a Fátima e às profecias de Nossa Senhora no Programa de Haffert e particularmente as referências à conversão da Rússia. Por esse motivo a cantora reclamou. O conhecimento desse facto levou-nos a criar um programa alternativo para as pessoas, que tal como a Maria Guinot, podiam ficar ofendidas. É facto que inicialmente o Programa tinha sete cenas mas com a adição da cena de Nossa Senhora de Fátima pelo casal Braun, já eram oito. Quando eu cheguei havia grupos antigos que ainda queriam o programa tradicional mas a maior parte queria o programa novo que já tinha figuras históricas de verdade como D. Afonso, IV Conde de Ourém e D. João IV, entre outras.”

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No final dos Banquetes duas crianças faziam o papel dos Pastorinhos Jacinta e Francisco Marto e distribuíam lembranças de Fátima para agrado dos Peregrinos Americanos.

Em 2004, um documentário de 60 minutos intitulado Os Espíritos do Castelo de Ourém foi produzido por Carlos Evaristo e o Padre John Guilbert Mariani para a Crown Pictures. Este filme passou a substituir ambos os programas sendo projectado em várias línguas para os grupos durante os Banquetes Medievais e isto até ao encerramento da firma Restaurante Medieval Oureana Lda., em 2008.

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Dom Duarte de Bragança com John Haffert no 1º Aniversário do Programa Medieval (1972).

O documentário contou com a participação de D. Duarte de Bragança, actual Chefe da Casa Real Portuguesa e Conde de Ourém. Realizado em língua inglesa, o documentário passou várias vezes no Canal História dos Estados Unidos da América, depois da sua exibição ter sido descontinuada no Restaurante Medieval.

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Dois Pajens tocavam Charamelas dos Torreões do Castelo de Ourém à chegada dos grupos, enquanto um Cavaleiro descia a encosta a cavalo para distribuir programas.
Dois Pajens tocavam as Charamelas dos Torreões do Castelo de Ourém à chegada dos grupos mas na realidade o som era gravado e tocado numa aparelhagem ligada a um megafone no exterior do torreão sul. A partir de 1995 o toque de charamela passou a ser uma actuação ao vivo de Carlos Evaristo que havia tocado trombeta na Orquestra do liceu no Canadá. As bandeiras com o brasão de D. João I nas charamelas eram de facto estandartes antigos da Mocidade Portuguesa que o Capitão Mascarenhas Barreto trouxe da sede desse movimento.

“Fátima Travel” e “Castelos de Portugal Turismo Lda.”

As reservas do pacote turístico Os Sete Castelos de Portugal eram feitas principalmente através da agência de viagens Fátima Travel que John Haffert iniciou como operadora turística em 1946 e oficializou como empresa em 1967. Esta tinha de facto uma cadeia de agências de viagens que formava um grupo com sede em Nova Jersey, Estados Unidos da América. O grupo incluía outras operadoras turísticas de Haffert com programas específicos; a Avé Maria Tours (organizava peregrinações somente a Santuários Marianos), a Romana School (organizava somente peregrinações a Roma e a Santuários Italianos), a Catholic Traveler Holidays (organizava pacotes turísticos espirituais para famílias Católicas), a St. Christopher Tours (organizava viagens a lugares históricos europeus) e a Three to Five Étapes (organizava viagens prolongadas superiores a duas semanas) .

É de referir que durante o tempo em que John Haffert conduziu os empreendimentos turísticos da Fátima Travel (1967 – 1990) e até a empresa ter sido vendida no início da década de 1990, o Programa Medieval trouxe mais de 3.5 milhões de peregrinos a Fátima e ao Castelo de Ourém. A agência de Haffert tornou-se assim reconhecidamente na maior agência de viagens Católica de todos os tempos.

Convite Oficial para a Inauguração do Banquete Medieval, no dia 15 de Agosto de 1971.

As famosas Carrinhas do Restaurante Medieval

Os transportes terrestres do Programa Medieval eram garantidos por uma frota de mini autocarros da marca Mercedes – Benz. Estas viaturas fabricadas na década de 1960, foram compradas em segunda mão, ao Exército por Haffert.

Motoristas com Carta de Pesados Passageiros paga pela firma e uma equipa de Guias especializadas completavam a equipa de funcionários do Restaurante Medieval em Ourém que somava 32 empregados e colaboradores na época áurea do programa.

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As Carrinhas foram restauradas em 1995 e decoradas por Carlos Evaristo e Jorge Gonçalves. No ano de 2000 deixaram de servir e foram oferecidas por John Haffert a Raúl Espírito Santo Júlio que afirmava querer restaurar as mesmas para as colocar de novo ao serviço do turismo em Ourém.

O Programa Medieval do Restaurante Medieval era um serviço garantido pela empresa Portuguesa, Castelos de Portugal Turismo Lda., fundada de propósito para o efeito a partir de uma sociedade existente entre a Fátima Travel e John Haffert. Haffert por sua vez era sócio maioritário de ambas as firmas para assim manter a integridade do programa por ele criado.

John Haffert brinda os convidados no Banquete Inaugural do Programa Medieval que estreou-se a 15 de Agosto de 1971. Na fotografia pode-se ver, à esquerda; o Bispo Jerome Hastrich, Capelão do Exército Azul, José Heleno da Estalagem D. Gonçalo e Armando Mendes do Hotel Solar da Marta. À direita; Albino Frazão, dono da Agência de Viagens Verde Pino e o Padre Carlos Querido da Silva, Pároco de Ourém e amigo de longa data de Haffert.

A firma Castelos de Portugal Turismo Lda., dissolvida em 1996 com a criação da Fundação Oureana, teve como primeiro Gerente o Luxemburguês Camile Paul Berg. Berg era compadre de Haffert e Director da Fátima Travel mas faleceu antes da inauguração do Restaurante Medieval em 1970, e por isso nunca exerceu o cargo de Gerente em Ourém.

Foi depois nomeado segundo Gerente da firma por indicação do Secretário de Estado da Informação e Turismo, um empresário de nome Vasco Sequeira Costa, irmão do famoso Pianista José Carlos de Sequeira Costa, mas que só se manteve no cargo até à inauguração.

Seguiram os Gerentes; Rafael Palácios, Anastácio Gonçalves e Joseph Howard Braun (um músico e comediante Americano mais conhecido por “Mister Brown”) que se manteve no cargo durante 28 anos até ser exonerado por John Haffert em 1995, após ter sofrido um AVC que o deixou incapacitado.

O Logotipo da Castelos de Portugal Turismo Lda., hoje Brasão da Fundação Oureana, foi desenhado pelo punho de John Haffert. Incorpora a águia de Ourém coroada de uma Coroa Condal para relembrar o antigo Condado Ouriense e seus Condes. Num escudo ao peito estão colocados os sete Castelos da Bandeira Nacional e do programa criado com a TAP e a RTP. Ao centro; estão duas pombas brancas de Nossa Senhora de Fátima desenhadas em forma de duas mãos postas em oração para assim relembrar o Exército Azul fundado por John Haffert e Monsenhor Harold Colgan em 1947. Estas pombas sustentam uma Cruz branca, a de D. Nuno Alvares Pereira que é suspensa por um fio dependurado em forma de um Coração simbolizado assim o Triunfo do Imaculado Coração de Maria profetizado em Fátima em 1917.

Foi último Gerente da empresa Castelos de Portugal Turismo Lda., Carlos Evaristo, nomeado pelo seu compadre John Haffert. Manteve-se no cargo até 1997, altura em que se extinguiu a firma e foi criada a firma Restaurante Medieval Oureana Lda.

Carlos Evaristo veio do Canadá em 1990 e possuía uma larga experiência no ramo turístico, tendo sido Agente de Viagens na firma de família Coimbra Travel Agency, a primeira agência de viagens Portuguesa em Toronto. Evaristo era também Guia Turístico e Interprete Oficial certificado pelo Consulado Geral de Portugal no tempo do Cônsul Dr. António Tânger Correa. Entre 1990 e 1992 Evaristo organizava Peregrinações a Fátima e a outros Santuários a partir do Canadá e dos Estados Unidos da América e isto para a Fátima Crusader e a Fatima Family Messenger. Estes apostolados haviam sido fundados por Sacerdotes, ex-Capelães do Exército Azul nomeados por John Haffert, que acabaram por abandonar o apostolado para fundarem as suas próprias organizações.

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O último Gerente da Castelos de Portugal Turismo Lda., Carlos Evaristo (ao Centro) com parte da equipa de funcionários do Restaurante Medieval (que na altura eram 15 funcionários incluindo cozinheiras, motoristas e um cavaleiro). O grupo foi fotografado em 1995 pelo Fotografo da Casa Manuel Gonçalves (Sardinha). Celebrava-se então o 25º aniversário do Restaurante Medieval. A segunda pessoa da esquerda é a D. Michele Braun, Mestre Organista e mulher do antigo Gerente Joseph Howard Braun.
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Em traje Medieval, Margarida Evaristo, a última Sócia – Gerente do Restaurante Medieval Oureana Lda. com parte da sua equipa de empregadas e colaboradoras.

Da Castelos de Portugal Turismo Lda. ficou o nome dado a uma associação criada em 2010 por Carlos Evaristo e John Mathias Haffert para assim servir de Departamento da Fundação Oureana para preservação da memória do Programa e Espetáculo Medieval do Restaurante Medieval.

Augusto de Cassiano Mascarenhas Barreto, o “Capitão Barreto” de John Haffert.

A Contribuição do Capitão Barreto e da RTP

O maior contributo para a criação do Restaurante Medieval e do Programa do mesmo veio de outra figura do Estado Novo, nomeadamente o Professor Augusto Cassiano de Mascarenhas Barreto. Popularmente conhecido por Capitão Barreto por ter sido da Guarda Nacional Republicana, o mesmo era Chefe da Escolta do Presidente da Republica e um historiador que havia sido também Campeão Olímpico de Esgrima e Chefe da Censura da RTP.

Mascarenhas Barreto era também pioneiro nos estudos da teoria do Colombo Português e autor de livros de Fados e de Tauromaquia e juntamente com o artista José Garcês, co-autor de livros de banda desenhada. Foi Director da Torre de Belém e preparou várias exposições com a temática Medieval. Tinha também à sua disposição armazéns de adereços e decorações de produções medievais do Estado Novo, da Mocidade Portuguesa e da RTP. Era também artista tendo pintado as tapeçarias que decoram o Salão D. João I do Restaurante Medieval e desenhado todo o mobiliário Medieval e as vestes Medievais dos empregados e dos sete espíritos do Castelo.

Um Departamento da Fundação Oureana recorda hoje o contributo de Macarenhas Barreto e conserva os diversos estudos e artefactos do génio falecido em 2017.

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Augusto Mascarenhas Barreto, John Haffert e Patricia Margaret Haffert fazem de Rei, Rainha e Conde de Ourém durante o Banquete da estreia do novo Programa sete Espíritos do Castelo estreado em 1996 pelo 25º Aniversário do primeiro Programa de Haffert e Barreto.

O Cavaleiro a Cavalo

Outro grande contributo do Capitão Barreto para o Programa Medieval foi o ter ensinado a montar a cavalo o jovem Augusto Pereira Gonçalves (neto de Joaquim Pereira Gonçalves, o homem que havia vendido a John Haffert a maioria dos terrenos e imóveis no Castelo de Ourém). Fê-lo num picadeiro improvisado que criou junto ao Castelo de Ourém. Augusto tornou-se no primeiro Cavaleiro do Programa Medieval do Castelo de Ourém e a uma celebridade para além fronteira.

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A mais antiga fotografia de Augusto Pereira Gonçalves, envergando o traje de Cavaleiro Medieval, data dos ensaios de 1970.

O cavalo do Programa Medieval era um de dois que foram adquiridos por Haffert (um branco e um castanho) e que haviam pertencido a toureiros famosos amigos de Mascarenhas Barreto. Estes animais depois de brilharem nas arenas durante anos viveram uma feliz reforma em Ourém onde encantavam os visitantes.

Um dos primeiros Cavaleiros a cavalo com um Pajem e as Damas de Charamelas dão as boas vindas aos visitantes junto aos portões das Cavalariças e Escritório da firma, hoje Sede da Regalis Lipsanotheca e Capela Memorial da Casa de Velório da Fundação o serviço da Junta de Freguesia.
Augusto Pereira Gonçalves a cavalo dá as boas vindas aos visitantes junto às Portas de Santarém do Castelo de Ourém. Fotografia tirada após o 25 de Abril numa altura em que a bandeira de Portugal actual substituía a do Reinado de D. João I nas Charamelas.

É ainda o Cavaleiro de serviço do Programa Medieval e desde 1995, Jorge Manuel Reis Gonçalves, que juntamente com Carlos Evaristo, formavam a última dupla que fazia recepção aos visitantes até 2010.

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O Cavaleiro Jorge Gonçalves com o traje vermelho de Conde de Ourém.
Jorge Gonçalves com o traje de D. Nuno Álvares Pereira e Carlos Evaristo com o traje de D. João I davam as boas vindas aos visitantes junto ao Paço do Conde.
Desde 1971 e até 1975, toda a comida servida no Restaurante Medieval era confecionada previamente no Hotel Domus Pacis em Fátima e transportada, sem que ninguém soubesse, nos vagões das carrinhas que transportavam os visitantes a Ourém. A comida era depois aquecido em estufas que havia no local. Mas após a Diocese de Leiria ter ilegalmente ocupado o Hotel do Apostolado Americano, foi criada pelo Gerente Joseph Braun uma cozinha de improviso no Restaurante Medieval que serviu até à remodelação do edifício em 2010.
Os Leitões expostos na Mesa Real e fotografados durante a o Banquete Inaugural

Companhia Aerea “Skystar International Inc.” e “Queen of the World Enterprises”

Com o 25 de Abril de 1974 as parcerias com a TAP e a RTP cessaram. Haffert era tido como uma figura Católica conservadora com a imagem ligada à Igreja e ao antigo regime de Salazar. O mesmo passava-se com Mascarenhas Barreto que viu o registo dos anos em que trabalhou para a RTP destruídos para assim o impedir de receber uma reforma do Estado.

Para dar continuidade ao Programa Medieval, Haffert entrou em parceria, primeiro com a CATUR e depois outras agências de viagens e hotéis em Lisboa e Fátima. Para resolver o problema do transporte em aviões Haffert decidiu comprar dois Boeings; um 707 e um 737 (Baptizados de “Rainha da Paz” e “Rainha do Mudo”) e que passaram a fazer escala, várias vezes por semana, entre Portugal e os Estados Unidos da América, trazendo assim a Fátima e Ourém cerca de 20, 000 visitantes por ano até 1992.

Panfleto da TAP que publicitava o Banquete Medieval no Castelo de Ourém por $28.00

A 8 de Setembro de 1983, Festa do Nascimento de Nossa Senhora, John Haffert escreveu uma carta pessoal ao Presidente dos Estados Unidos da América, Ronald Reagan. Haffert conhecia Reagan pessoalmente desde os dias em que o Presidente era Governador da Califórnia, logo depois de ter sido actor em Hollywood e de ter aparecido e colaborado, várias vezes, nos Programas Católicos da larga audiência na TV e Rádio, produzidos pelos Membros do Exército Azul; o Arcebispo Fulton J. Sheen e o Padre John Peyton. Ambos os religiosos eram grandes amigos de Haffert e devotos e promotores de Fátima e da devoção do Santíssimo Rosário.

Graças ao seu carisma Haffert conseguiu desbloquear o licenciamento dos aviões, em tempo recorde, para que os mesmos continuassem a levar peregrinos a Portugal e a outros destinos, até 1992 quando Haffert vendeu os aviões devido aos ataques terroristas. Passou depois a fretar aeronaves da TAP de outras companhias aéreas para assi, realizar os chamados Voos da Paz que costumavam levar 1200 pessoas a diversos destinos Católicos a rezarem pela conversão da Rússia e a Paz Mundial.

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A Recepção inaugural do Programa Sete Castelos teve lugar em 1971 na Sede da TAP Air Portugal com um cocktail servido no Hotel Ritz em Lisboa.
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A apresentação do Programa Sete Castelos teve lugar em 1971 na Sede da TAP Air Portugal com um cocktail servido no Hotel Ritz em Lisboa.
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O Banquete inaugural do Programa Sete Castelos da TAP (1971).
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O Banquete inaugural do Programa Sete Castelos da TAP.
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O Banquete inaugural do Programa Sete Castelos da TAP.
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O Banquete inaugural do Programa Sete Castelos da TAP.
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A Apresentação pelo Presidente da TAP do Programa Sete Castelos.

Segundo os panfletos publicitários da TAP, o preço do programa completo em 1971, com passagens aéreas dos Estados Unidos da América, era de somente $462.00 Dólares Americanos e isto na época baixa. Já na época alta o preço subia para $552.000. O preço do Programa Medieval em Ourém, incluindo transporte entre os Hotéis em Lisboa e o Castelo e o Banquete no Restaurante Medieval era de $28.00 Dólares Americanos ou 450$00 Escudos.

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A Região de Turismo Rota do Sol atribuiu a Pinha de Ouro a John Haffert pelo grande número de peregrinos que trouxe à região durante mais de 50 anos.

A Fundação Oureana: o Legado de John Haffert e seu Colaboradores

Foi na Sexta-feira, 11 de Agosto de 1995, que no Escritório Notarial de Ourém, foi lavrada a escritura de constituição da Fundação Oureana, aquela instituição que iria preservar o legado de John Mathias Haffert e do seu Restaurante Medieval. Presentes no acto com Haffert estavam seu compadre e Secretário Carlos Evaristo e o Solicitador Ouriense António Rodrigues Vieira (Bragança) a pessoa que preparou a escritura e os primeiros estatutos.

Presente também estava António Costa, Presidente da Sociedade Filarmónica Ouriense a colectividade que a seguir à Igreja Paroquial de Ourém, seria a maior beneficiária da Fundação à data, e que no mesmo dia recebeu de Haffert, a doação de um terreno para a construcção de uma nova sede.

11 de Agosto de 1995: Escritura de Constituição da Fundação Oureana Na Foto: António Rodrigues Vieira, John Haffert e Carlos Evaristo

No dia seguinte, Sábado, 12 de Agosto de 1995, foi altura de apresentar publicamente a Fundação como legado do grande benemérito Ouriense John Haffert. Seria uma instituição que teria como primeira Madrinha; Amália Rodrigues, homenageado com o título de carreira Rainha do Fado e com a criação do Instituto Amália Rodrigues, Rainha do Fado, o primeiro Departamento da Fundação Oureana dedicado à preservação da memória da Fadista.

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John Haffert, D. Duarte de Bragança (atrás de Haffert), o Engº Fernando Lagrifa Fernandes, o Presidente da Câmara Municipal de Ourém, Dr. David Pereira Catarino, o Chefe da Divisão Sociocultural da Câmara Municipal de Ourém, Dr. José Ferraz, o Presidente da Sociedade Filarmónica Ouriense, António Costa, o Gerente da firma Castelos de Portugal Turismo Lda., Carlos Evaristo e Amália Rodrigues, no dia 12 de Agosto de 1995.
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Carlos Evaristo com o Grupo Teatral do Seixo de Mira no 25º Aniversário do Programa Medieval em Agosto de 1996.
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Patricia Margaret Haffert, John Haffert e a benfeitora Helen Marie Bergkemp durante o Banquete comemorativo do 30º Aniversário do Restaurante Medieval, realizado a 13 de Maio de 2000. Haffert e Bergkemp queriam doar 8 milhões de dólares para o restauro do Castelo de Ourém para nele se instalar um Museu Medieval vivo. A proposta foi recusada, tal como a ideia que Haffert teve em 1969 de restaurar o Castelo de Ourém para lá se criar um Restaurante e Pousada temática com Programa Medieval e Justas de Cavaleiros a Cavalo.

Para o Presidente da Direcção da Fundação Oureana, Carlos Evaristo; “É importante recordarmos neste aniversário, não só John Haffert mas também todos os que o ajudaram a criar o Programa Medieval do Castelo de Ourém e o manter vivo durante 50 anos para que os milhões de visitantes que o viram ainda guardam agradáveis lembranças do mesmo. Agradecemos também aos funcionários e colaboradores que foram muitos. Contam-se mais de 1,500 ao longo dos anos. Um especial agradecimento aos clientes, Agências de Viagens, Hotéis e Parceiros Protocolares. Em Setembro teremos toda uma série de eventos para celebrar este aniversário dentro das possibilidades da presente Pandemia que estamos a viver. Queremos inaugurar assim que possível o Museu do Restaurante Medieval e reabrir a Adega dos Cavaleiros também fundada por John Haffert há 50 anos e que se encontra fechada desde 2008.”

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O edifício do Restaurante Medieval antigo Paço Novo dos Cónegos foi restaurado em 2010 pelo 40º aniversário da sua primeira recuperação.
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Decoração do Salão D. João I remodelada pelo 45º Aniversário do Restaurante Medieval.
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Fachada do Restaurante Medieval decorada com Pendões Medievais pelo 50º do Programa Medieval.

15 de Agosto de 2021

Textos e Fotos de Arquivo: Fundação OureanaTodos os Direitos Reservados / Reprodução interdita

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Fátima: Monumento ao Papa Pio XII vai ser inaugurado no Castelo de Ourém

Fotografia do Monumento em fase de Construção

Para recordar o 75º aniversário da coroação de Nossa Senhora de Fátima como rainha do mundo vai ser inaugurada, dia 13 deste mês, às 16h00, no Castelo de Ourém, uma estátua em tamanho real do Papa Pio XII.

O monumento vai ser inaugurado pelo Duque de Bragança, D. Duarte Pio, afilhado de Batismo do Servo de Deus, Papa Pio XII, realça uma nota enviada à Agência ECCLESIA.

A estátua em bronze daquele que foi chamado de “Papa de Fátima” é obra do Mestre escultor Félix Burriel e oferecida por Moritz Hunzinger, “com o apoio de vários admiradores e defensores do Papa internacionais incluindo um grupo de historiadores e Judeus da Pave the Way Foundation”, refere.

LFS

FONTE: https://agencia.ecclesia.pt/portal/evento/fatima-monumento-ao-papa-pio-xii-vai-ser-inaugurado-no-castelo-de-ourem/

12 de Maio de 2021

Agência ECCLESIA

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Monumento ao Papa Pio XII na Vila Medieval de Ourém

Município de Ourém

A Vila Medieval de Ourém conta desde esta tarde de 13 de maio com um novo monumento dedicado ao Papa Pio XII, numa cerimónia de inauguração que teve a participação do Presidente da Câmara Municipal de Ourém, Luís Miguel Albuquerque, e do Duque de Bragança, D. Duarte Pio.

A inauguração do monumento decorreu no dia em que se assinala o 75º aniversário da coroação de Nossa Senhora de Fátima como “Rainha do Mundo” pelo Papa Pio XII, o chamado “Papa de Fátima”. A estátua em bronze é obra do escultor Félix Burriel e oferecida por Moritz Hunzinger, “com o apoio de vários admiradores e defensores do Papa internacionais incluindo um grupo de historiadores e Judeus da Pave the Way Foundation”, numa iniciativa da Fundação Histórico-Cultural Oureana.

FONTE: https://www.ourem.pt/monumento-ao-papa-pio-xii-inaugurado-na-vila-medieval-de-ourem/?fbclid=IwAR1waxbBIr1BWfIkrxzMXJthT9JFT-UdsKPT5qD1pxbpI8BAzAM3mq2KToU

13 Maio de 2021

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Já abriu o Centro de Apoio Social de Angolares patrocinado pela Fundação D. Manuel II

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O novo Centro de Apoio Escolar e Social também oferece refeições a estudantes

O Centro de Apoio Social de Angolares já está em funcionamento a prestar apoio escolar e social apos membros dessa comunidade São Tomense. O edifício que foi comprado por S.A.R. o Duque de Bragança Dom Duarte Pio, através da Fundação D. Manuel II, foi completamente remodelado e equipado pela Diocese de São Tomé e Príncipe com ajuda de donativos, parte dos quais angariados pela Fundação Oureana através das acções sociais directas da Real Irmandade da Ordem de São Miguel da Ala e da Real Confraria do Santo Condestável.

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O Bispo D. Manuel António Mendes dos Santos

BISPO FALA DA SITUAÇÃO ACTUAL DA DIOCESE
Falando francamente, o Bispo de São Tomé e Príncipe revelou que a situação econômica da Diocese está no limite.

O Bispo da Diocese num comunicado às Paróquias informou;

“No momento, a Diocese tem à disposição, no BISTP, 13.289,00 Duplos e apenas 475,00 . Em caixa, tem cerca de 3.000,00 , 4.000,00 Dólares Americanos e 90.000,00 Dobras. Em Lisboa, tem 83.800,00 € (graças a uma herança deixada por um Padre Madeirense). Em Roma, tem 18.973,28 Dólares Americaos e 19.097,14 e um pequeno fundo de investimento. Desse dinheiro, 13.494,00 são para intenções de missa; 23.700,00 são ofertas para o Novo Lar de Idosos no Príncipe; 15.000,00 para obras urgentes na Freguesia do Príncipe; 18.000,00 para o Centro Pastoral do Pantufo; 8.000,00 para obras na Casa do Campo de Milho; 16.000,00 são da APARF e para idosos em Santana e Sé, 15.000,00 para finalização do Jardim de Infância de Ubabudo Praia. (Refiro-me ao dinheiro que foi dado à Diocese para estes projectos específicos, projectos que estão a ser realizados ou ainda não se concretizaram). Ou seja, o dinheiro disponível não é suficiente para os projetos que temos em mãos. É preciso dizer também que só o Seminário nos rende cerca de 40.000,00 por ano. Em termos de receitas, tivemos o apoio da Santa Sé, cerca de US 25.000,00 Dólares Americanos por ano, mas eles alertam que, devido às dificuldades vividas pela Pandemia do Covid 19 que enfrentamos, talvez tenham que cortar este subsídio. Além disso, tivemos alguns pequenos apoios, mas geralmente dirigidos a projetos específicos e não para a vida da Diocese. Não existe apoio para alimentar o povo da Casa Episcopal, para as viagens que o Bispo tem de fazer, para o Seminário, para os párocos ou para as congregações religiosas… Essa é a foto e o que fazer? Se alguém tiver uma solução milagrosa, agradeço. No entanto, temos que apostar:

• em tornar nossas paróquias comunidades autossustentáveis,
• procurar otimizar nossos recursos,
• evitar despesas desnecessárias tanto quanto possível (podemos ter que reduzir o uso do carro),
• procurar ser pobres com os pobres,
• compartilhar as contas das paróquias e nossas obras sem medo,
• ser mais solidários …

S.A.R. DOM DUARTE DUQUE DE BRAGANÇA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE. | Ricardo  Farinha
D. Duarte com as crianças da Casa dos Pequeninos em São Tomé e Príncipe

Uma das campanhas levadas a cabo pelos Parceiros Protocolares da Fundação para ajudar a Diocese e em particular a Casa dos Pequeninos que é a instituição mais vulnerável é o Projecto de apadrinhamento da alimentação de uma criança durante um ano e que já conta com meia dúzia de benfeitores que contribuem com o valor de 120,00 €.

Conto com o apoio de todos para enfrentar esta situação e encontrar formas de resolvê-la. Neste ano de São José, que o Santo Patriarca venha em nosso auxílio.” – D. Manuel António Mendes dos Santos

27 de Julho de 2021

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Devoção de Amália Rodrigues por Nossa Senhora do Carmo foi recordada durante Missa na Capelinha das Aparições em Fátima

O centenário do nascimento de Amália Rodrigues foi oficialmente encerrado com uma Missa celebrada na Capelinha das Aparições em Fátima. Organizada pela Fundação Amália Rodrigues, com o apoio dos seus parceiros Protocolares. Recordou-se durante homilia a grande devoção que a Fadista tinha por Nossa Senhora do Carmo.

A Fundação Amália Rodrigues e os seus parceiros protocolares convidaram, através das redes sociais, todos os fiéis, amigos e admiradores da Fadista a acompanharem a celebração pública da Missa, quer presencialmente na Capelinha das Aparições, ou através da internet pela transmissão no site do Santuário de Fátima.

A Missa que teve lugar em Fátima, na Sexta-feira, 23 de Julho, dia oficial do aniversário da Rainha do Fado, foi o culminar de outras cerimónias que tiveram lugar na manhã, em Lisboa; primeiro na Casa / Museu Amália Rodrigueis e depois no Panteão Nacional, onde houve a deposição de uma coroa de flores no túmulo da Fadista.

Nestes actos memoriais estiveram presentes vários membros da Administração e do Conselho Geral da Fundação Amália Rodrigues e membros da família de Amália. O Presidente da Fundação Amália Rodrigues; Vicente Rodrigues e o sobrinho / afilhado da Fadista, José Manuel Rodrigues; Conselheiro da Fundação, depositaram uma coroa de flores junto ao tumulo.

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Vicente Rodrigues e José Manuel Rodrigues colocam uma Coroa de Flores no túmulo de Amália Rodrigues no Panteão Nacional

Já em Fátima, pelas 17:00 horas da tarde, foi celebrada a Missa de encerramento do Centenário do nascimento da Fadista na Capelinha das Aparições, celebrada pelo eterno repouso da alma de Amália. Por ser a oitava da Festa de Nossa Senhora do Monte Carmelo, a Missa Votiva escolhida foi a de Nossa Senhora do Carmo, título da Virgem Santa Maria do qual Amália era muito devota.

Frei Silvino deu as boas vindas a todos antes da Missa na Capelinha das Aparições

Presidida por Frei Silvino Teixeira Filipe, Carmelita Descalço do Convento do Carmo de Viana do Castelo, a Missa contou também com a ajuda do Diácono Permanente António Machado, da Paróquia de São Tiago de Vagos, na Diocese de Aveiro, que era amigo pessoal da Fadista.

Vicente Rodrigues fez a primeira leitura

A Primeira Leitura foi feita por Vicente Rodrigues, Presidente da Fundação Amália Rodrigues e as Oração dos Fieis lida pela Joana Machado, Investigadora do acervo da Casa Museu, Amália Rodrigues.

Os cânticos da Missa foram interpretados, à capela, pela voz do Capelão do Santuário, Padre João Paulo Quelhas.

Joana Machado durante a leitura da Oração dos Fieis
O Salmo Responsorial cantado pelo Capelão João Paulo Quelhas
David Alves Pereira, Inês Rodrigues e José Manuel, Rodrigues

Presentes na Cerimónia para além do Presidente da Fundação Amália Rodrigues, Vicente Rodrigues, estiveram também outros membros da Fundação; nomeadamente Alexandrina Quaresma e Rui Órfão do Conselho da Administração e a Produtora Musical Maria de Lourdes Carvalho (Blu), amiga pessoal de Amália Rodrigues e Membro do Conselho Geral. O sobrinho / afilhado José Manuel Rodrigues, Conselheiro da Fundação Amália Rodrigues com sua esposa Inês representaram a Família da Fadista e também o Instituto Amália Rodrigues, Rainha do Fado, um Departamento da Fundação Oureana criado pela própria Fadista em 1995 .

Ao fundo na primeira fila, Alexandrina Quaresma e Rui Órfão
Frei Silvino Teixeira Filipe durante a Homília

Na Homília, Frei Silvino Teixeira Filipe relembrou a devoção de Amália por Nossa Senhora do Carmo e a invocação ou oração que recitava sempre antes de subir ao palco. Falou do uso continuado do escapulário pela Fadista e da promessa feita pela Virgem no Monte Carmelo a São Simão Stock.

Frei Silvino Teixeira Filipe na Consagração

Frei Silvino falou também de semelhanças na espiritualidade Carmelita Mariana vividas por São João da Cruz e Amália Rodrigues e como ela, tal como o grande Santo Carmelita, dava graças a Deus pela sua voz. Voz essa que Deus, por Sua vez, usava para sua maior glória.

Disse também o Presidente da Celebração, que Amália era tão devota de Nossa Senhora do Carmo que deve de estar agora a cantar as glórias do Senhor, tal como São João da Cruz.

Os fieis a assistirem à Missa dentro e fora da Capelinha das Aparições

A cerimónia juntou cerca de uma centena de pessoas dentro da Capelinha das Aparições, um número limitado devido às regras de distanciamento da Pandemia da Covid 19 e por esse facto a cerimónia foi transmitida também pelo Santuário na sua página de internet.

Frei Silvino Teixeira Filipe distribui a Sagrada Comunhão
Leonilde Henriques acompanhada de seu irmão

Entre os muitos amigos e fãs da Fadista presentes, esteve também Leonilde Henriques (Lí Lí) que foi Secretária de Amália durante várias décadas.

Ao fundo na segunda fila, Maria de Lourdes Carvalho, acompanhada de sua irmã

A representar a Fundação Histórico – Cultural Oureana estiveram Carlos Evaristo, também ele amigo pessoal de Amália e David Alves Pereira.

José Manuel Rodrigues, António Machado, Frei Silvino e Carlos Evaristo antes da Missa

A todos os presentes foi distribuído uma pagela com uma fotografia da Fadista tirada aquando de uma das suas últimas peregrinações a Fátima, tendo dentro da mesma a oração que Amália recitava antes de subir ao palco. Ainda sobre esta oração popular, Frei Silvino referiu que quando os fados não lhe saiam muito bem, Amália costumava dizer que foi Nossa Senhora que não cantou tão bem. Criou assim uma simbiose de ternura mística com a Mãe do Céu.

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José Manuel Rodrigues, Vicente Rodrigues e Carlos Evaristo

As pagelas que também contêm uma fotografia de Amália com um quadro pintado de Nossa Senhora do Carmo, foram editadas pela Fundação D. Manuel II e o Instituto Amália Rodrigues, Rainha do Fado e o texto elaborado por Carlos Evaristo e António Machado.

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José Manuel Rodrigues, Carlos Evaristo e Vicente Rodrigues
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Memorial a Amália Rodrigues na Sede da Fundação Oureana / Instituto em Ourém

Depois da Missa ainda teve lugar uma reunião de trabalho em Fátima entre o Presidente da Fundação Amália Rodrigues, o Presidente da Direcção da Fundação Oureana; Carlos Evaristo, e os Directores do Instituto Amália Rodrigues, Rainha do Fado, ( Departamento da Fundação Oureana); José Manuel Rodrigues e Inês Rodrigues, para se discutir alguns projectos em curso e que vão ser realizados em conjunto pelas instituições em Protocolo.

O dia dedicado a Amália Rodrigues terminou para a Fundação Oureana junto ao Memorial à Patrona situado no Largo Memorial Amália Rodrigues da Regalis Lipsanotheca junto ao Castelo de Ourém, onde o Capelão Mór da Fundação e alguns membros da Direcção rezaram pelo Eterno Descanso da Rainha do Fado e acenderam uma vela em sua memória.

23 de Julho de 2021

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Identificada Relíquia recém-descoberta de Mártir do Massacre de Paris de 1871

Escapulário recém identificado do Monsenhor Alexis Auguste Surat.

REGALIS LIPSANOTHECA EM OURÉM GUARDA RELÍQUIA INSIGNE DO MASSACRE DE PARIS DE 1871

A Colecção de Relíquias da Regalis Lipsanotheca guarda entre os objectos históricos mais valiosos do seu acervo, um escapulário ensanguentado do Arquidiácono da Catedral de Notre Dame de París Monsenhor Alexis Auguste Surat, uma relíquia que recorda momentos de terror vividos na capital Francesa durante a insurreição da Comume, um acontecimento trágico ocorrido há precisamente 150 anos.

Napoleão III e o Chanceler Alemão Bismarck após derrota do Exército Francês em 1870

Corria o ano de 1852 e Louis-Napoléon Bonaparte, sobrinho de Napoleão I, foi eleito primeiro Presidente da França. Cumpriu um mandato de 1848 a 1852 e tornou-se depois Imperador dos Franceses entre 1852 a 1870, após tomar o poder pela força em 1851 quando já não podia mais ser reeleito constitucionalmente. Autoproclamou-se Imperador dos Franceses, criando assim o Segundo Império. Foi o último Monarca Francês e com a derrota do Exército Francês e sua captura pela Prússia e seus aliados na Batalha de Sedan, em 1870, começou mais outro período sangrento na França.

Napoleão III havia relutantemente declarado Guerra à Prússia após pressão do público mas sem aliados e com forças militares inferiores, o Exército Francês foi rapidamente derrotado e o Imperador capturado em Sedan. Destronado foi enviado para a Inglaterra onde faleceu no exílio em 1873. Seguidamente foi proclamada a Terceira República em Paris mas com graves conflitos registados logo após eleições conturbadas para a Commune (Câmara Municipal) de Paris.

Desde Março de 1871 que várias associações ligadas ao chamado “Pensamento Livre”; (hoje considerados grupos de esquerda), comemoram o centésimo quadragésimo aniversário da Commune insurrecional de Paris e após os largos meses de cerco e ocupação da Capital Francesa pelos Prussianos, muitos Parisienses desesperados associaram-se ao movimento. A crise política acabaria com uma semana de massacres em 1871.

As Profecias de Nossa Senhora a Santa Catarina Labouré em 1830

Para o fundador da Fundação Oureana, John Mathias Haffert, tudo isto estava profetizado nas Aparições de Nossa Senhora, assunto que Haffert estudou largamente e ao qual dedicou mais de uma centena de livros e artigos. Segundo o fundador do maior movimento apostólico de todos os tempos, o Exército Azul de Nossa Senhora de Fátima, anos antes dos acontecimentos de Paris de 1871, havia a Virgem Santa Maria aparecido a Santa Catarina Labouré, na capela da Rue du Bac em Paris, e na noite de 18 para 19 de Julho de 1830, anunciado esta revolução nestes termos: “Os tempos são muito ruins, os infortúnios cairão sobre a França: o trono será derrubado, o mundo inteiro será derrubado por infortúnios de todos os tipos. Chegará o momento em que o perigo será grande, acreditaremos que tudo está perdido, aí estarei com você, tenha confiança, você reconhecerá minha visita e a proteção de Deus e o de São Vicente nas duas comunidades. Mas o mesmo não acontece com as outras Comunidades. Haverá vítimas. Haverá muitas vítimas, Monsenhor o Arcebispo morrerá. Minha filha, a Cruz será desprezada, o sangue correrá pelas ruas ”

E quando será isto?”, perguntou Santa Catarina.  A Virgem respondeu: “Daqui a quarenta anos!”

Quarenta anos depois, precisamente em 1871, teve início, a insurreição que culminou nas acções populares mais hostis para com os membros da Igreja Católica desde a Revolução Francesa. O Município de Paris decretou a “separação entre Igreja e Estado” e proibiu a celebração da Missa em hospitais e capelas militares.

Aparição de Nossa Senhora a Santa Catarina Labouré em 1830

Seguidamente, muitos Conventos foram invadidos, saqueados e ocupados e as religiosas de clausura foram humilhadas e molestadas. Constaram-se profanações deliberadas do Santíssimo Sacramento e de relíquias insignes de Santos.

A Commune foi finalmente suprimida pelo Exército Nacional Francês durante “La Semaine Sanglante (A Semana Sangrenta), começando em 21 de Maio de 1871. Entre 6,000 a 7,000 Communards foram confirmados como mortos em batalha ou executados pelas autoridades, embora algumas estimativas não confirmadas, afirmem que morreram 20.000. O facto é que durante essa semana o Arcebispo de Paris, Georges Darboy, e outros membros do Clero e dos forças policiais opostas às ordens do executivo Câmarario foram presos e fuzilados pela Commune para servirem de exemplo.

O terror levado a cabo pela Commune de París contra o clero  começou na Semana Santa, na Terça-Feira, 4 de Abril de 1871, quando Georges Darboy, Arcebispo de Paris, o Abbé Gaspard Deguerry,  Pároco de Madeleine e o Monsenhor Alexis Auguste Surat, Arquidiácono de Notre-Dame e Zelador Guardião das Relíquias da Paixão de Cristo da Catedral, foram feitos reféns e levados para a Prisão de Mazas sendo posteriormente transferidos para a Prisão de la Roquette onde foram fuzilados juntamente com muitos outros Católicos, membros das forças policiais, soldados, políticos de oposição e escritores.

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.Monsenhor Georges Darboy, Arcebispo de Paris

Os relatos de um Padre contemporâneo que sobreviveu aos massacres foram anotados num Diário e dão conta da situação de terror vivida durante esses tempos:

“A consternação está em toda parte, vivemos com medo, estamos indignados; mas não ousamos dizer nada. Quando o Arcebispo compareceu perante os seus juízes, disse-lhes: “Meus filhos”, ao que responderam: “Não somos vossos filhos, mas magistrados!”. 5 de Abril de 1871

“Lemos cartazes horríveis nas ruas, dizendo que devemos saquear igrejas e assassinar padres.” Quinta-feira Santa, 6 de Abril de 1871

“O Município não publica apenas proclamações sanguinárias, também as realiza. Prenderam 200 padres, fecharam várias igrejas, estamos com dificuldade de encontrar uma Missa. Muitas igrejas foram rapidamente transformadas em “Clubes Revolucionários” e tornaram-se palco de cenas terríveis: a bandeira vermelha voa sobre Notre-Dame de Lorette, da qual um Vigário, o Padre Jean-Marie-Noël Sabbatier, está preso; a famosa Louise Michel, (conhecida como a Virgem Vermelha) cuja excitação – beirando a histeria – está no auge, “pontifica” no clube que ela fundou na Igreja de São Bernardo de la Chapelle; Saint-Eustache e Saint-Nicolas des Champs têm sessões todas as noites que relembram as horas mais sombrias do grande terror; na Santíssima Trindade, é um clube onde só se reúnem mulheres que sobem ao púlpito para arrotar horrores, exortar a pilhagem e convocar o massacre de padres… etc.”   Domingo de Páscoa,  9 de Abril de 1871

Louise Michel, conhecida como a Virgem Vermelha
(1830 – 1905) 

Louise Michel: “Os padres, vestidos de burgueses, fogem de Paris e procuram refúgio entre os prussianos, perto dos quais estão mais seguros do que com os Comunas que nada respeitam.” 16 de Abril de 1871

“O Communeux saqueou Notre-Dame des Victoires e realizou todos os tipos de profanação ali. Depois de crimes tão horríveis, não devemos temer que a vingança de Deus caia sobre esta cidade tão culpada.” 17 de Maio de 1871

“Os Communards haviam de fato começado a acender fogueiras em várias partes da capital e a pilhar as lojas e estabelecimentos bancários. O Palácio das Tulherias foi uma das vítimas mais famosas dessa loucura incendiária. Chegados à Basílica de Nossa Senhora das Vitórias arrastaram barris de azeite, maltrataram e prenderam os padres e os fiéis que se opunham a esses sacrilégios, e antes de condenarem a igreja às chamas saquearam-la e profaná-la de forma sistemática.O Tabernáculo foi violado, as Hóstias Condsagradas jogadas no chão e pisadas; a estátua milagrosa da Virgem Santa Maria com o Menino Jesus foi despojada das Coroas oferecidas pelo Papa Beato Pio IX, e sujas com feses humanas; os vasos sagrados que o Padre tentou preservar ocultando-os no cenotáfio de Lully, foram descobertos e seguidamente profanados em bebedeiras que tiveram lugar durante orgias; o relicário simulacra de Santa Aurélie (uma jovem Mártir dos primeiros séculos encontrada nas Catacumbas e cujas relíquias também foram oferecidas à Basílica pelo Beato Pio IX) foi profanado e seus ossos jogados ao acaso pela rua; o túmulo do Santo Abade Desgenettes foi também profanado e a sua cabeça arrancada do corpo, espetada numa baionetla de espingarda e levada em procissão profana por meio de risos e outras blasfêmias…”

Ao saber dessas profanações, Santa Catarina Labouré que havia visto a aparição de Nossa Senhora das Graças quarenta anos antes declarou: “Tocaram em Notre-Dame des Victoires: não irão mais longe! “

“No dia 24 de Maio, Festa de Maria Auxiliadora, após sete dias de profanações e cenas orgiásticas, os federados fugiram ao som do clarim Versalhesa: a Basílica do Imaculado Coração de Maria foi terrivelmente testada, mas escapou em chamas e a estátua milagrosa, apesar das profanações, permaneceu de pé! Depois de dias muito ruins e emoções terríveis, finalmente ficamos um pouco quietos. O canhão não pode mais ser ouvido; mas, infelizmente, agora sabemos toda a terrível verdade e todos os crimes que foram cometidos.” 29 de Maio de 1871

Entre os crimes que cometeram, os Communards mataram “in odio fidei” – por ódio à fé – 31 Servos de Deus Mártires

No dia 24 de Maio de 1871, foi baleado na prisão de La Roquette, cerca das 20h30, o arcebispo de París, Georges Darboy na companhia do Padre Gaspard Deguerry, Pároco da Madeleine, do Padre Jean-Michel Allard, Capelão das Ambulâncias, e dois Jesuítas: o Padre Léon Ducoudray, Reitor da École Sainte-Geneviève e o Padre Alexis Clerc.

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Os restos mortais do Arcebispo Darboy durante as exéquias fúnebres

A 25 de Maio de 1871, foram massacrados ao final da tarde, na rua, perto da Porte d’Italie: os Dominicanos do Colégio de Arcueil. Seu Superior era o Padre Louis-Raphaël Captier que fundou o Colégio. Com ele foram executados outros quatro Padres de sua Ordem: o Padre Thomas Bourard, o Padre Constant Delhorme, o Padre Henri Cottrault e o Padre Pie-Marie Chatagneret e ainda oito leigos que eram seus servos (auxiliares) do Colégio: Louis-Eugène-Antoine Gauquelin (Professor de Matemática), François – Hermand Volant (Supervisor), Aimé Gros (Servo), Antoine Gézelin Marce (Servo), Théodore Catala (Supervisor), François-Sébastien-Siméon Dintroz (Enfermeira), Marie-Joseph Cheminal (Eervo) e Germain-Joseph Petit (Tesoureiro). Todos estes tinham sido detidos no dia 19 de Maio de 1971 e encarcerados no Forte Bicêtre, onde passaram fome e sede e depois no dia 25 de Maio sob o pretexto de os levar de Biceter a outro presídio localizado na Avenue d’Italie, foram massacrados na rua.

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Execução de reféns, Rue Haxo, a 26 de Maio de 1871

A 26 de Maio de 1871, pelas 15:00h, outros quarenta e nove presos foram retirados da Prisão de La Roquette e levados para as alturas de Belleville: Eram 33 Guardas Prisionais Parisienses, 2 Gendarmes (Polícias), 4 Delatores e 10 Clérigos escolhidos ao acaso.

Supervisionados pelos Federados, esses reféns caminharam pela cidade até à Rue Haxo, onde chegam por volta das 17h30h. Apesar da relutância de seus Chefes Militares, cedendo aos gritos de uma multidão de morte, os Federados atiraram à vontade por um quarto de hora sobre os reféns, todos exterminados em frente ao muro alto que era da Rue du Borrégo, no auge do a atual Maison des Jeunes.

Na lista dos eclesiásticos que foram massacrados estão também os Padres Jesuítas; Pierre Olivaint, Reitor da Casa da Rue de Sèvres, Jean Caubert e Anatole de Bengy; os Padres da Congregação dos Sagrados Corações de Picpus, Ladislas Radigue, Polycarpe Tuffier, Marcelino Rouchouze e Frézal Tardieu; um Padre Secular de nome Jean-Marie-Noël Sabattier, Vigário da Igreja de Notre-Dame de Lorette; um Religioso de São Vicente de Paulo de nome Matthieu-Henri Planchat; e o Padre Paul Seigneret, do Seminário de Saint-Sulpice.

A 27 de Maio de 1871, também sofreram o Martírio, o Monsenhor Alexis Auguste Surat, Arquidiácono de Notre-Dame de Paris, que havia sido preso ao mesmo tempo que o Arcebispo Darboy e o Padre Émile-Victor Bécourt, Pároco de Notre-Dame de Bonne Nouvelle.

Finalmente, o Padre Jean-Baptiste Houillon das Missões Estrangeiras de Paris, que tinha da China em licença Médica em 1869, foi massacrado pelos federados no Boulevard Richard Lenoir durante uma transferência de prisioneiros.

Depois de estabelecida a ordem pública e executados os Federados da Commune por sentença do Tribunal Militar do Exército, foi tempo de realizar as exéquias fúnebres das vítimas dos massacres.

Foi nesta altura que foram piedosamente guardas no “Mesnil-Marie” algumas relíquias dos Mártires incluindo cinco envelopes lacrados com os nomes dos cinco Jesuítas martirizados em 24 e 26 de Maio de 1871 e contendo pedaços de suas batinas ensanguentas.

No ano de 1889, um Oratório básico foi construído no local das execuções do 81 Rue Haxo e depois substituído em 1894, por uma Capela de 250 lugares, ampliada novamente quatro anos depois sendo uma igreja, desenhada pelo Arquitecto Julien Barbier,  construída mais tarde no local entre 1936 e 1938 e chamada de Notre-Dame des Otages.

A seguir ao Arcebispo Marcel Darboy, a figura mais conhecida e estimada pelos Parisienses vítima dos massacres foi o Monsenhor Alexis Auguste Surat, Vigário Geral da Diocese de Paris que foi detido nos Paços da Arquidiocese de Paris a 5 de Abril de 1871, em plena Semana Santa e encarcerado no depósito da Prefeitura de Polícia. Em seguida, foi levado para a Prisão de Mazas a 13 de Abril e, em seguida, para La Grande Roquette, a 22 de Maio onde foi finalmente executado a 27 de Maio, durante a Semana Sangrenta, o episódio final da Commune de Paris.

Portrait de Monseigneur Surat (1804–1871), prélat et principier de Saint-Denis. Date de création: 1860–1890. Numéro d’object: CARPH056691.
Um retrato carte-de-visite do Monsenhor Alexis Auguste Surat (1804-1871), popularmente chamado de “Abbé Surat” e que foi Arquidiácono de Nôtre-Dame de Paris
(Colecção da Regalis Lipsanotheca)

O grandioso funeral do Monsenhor Surat, teve lugar na Catedral de Notre Dame e foi documentado na imprensa da época.

A Sepultura deste grande homem da Igreja Parisiense e que foi colaborador de cinco Arcebispos, encontra-se no Coro da Igreja Saint-Pierre de Charenton.

Missa e Exposição do 150º Aniversário do Massacre

No passado Sábado, 5 de Junho de 2021, Monsenhor Guy Marie Alexandre Thomazeau, Arcebispo Emérito de Montpellier, presidiu uma Missa em memória do Monsenhor Surat na Igreja de Saint-Pierre de Charenton, pelo 150º Aniversário do seu Martírio. A celebração foi seguida da inauguração de uma Exposição temporária composta por 10 grandes painéis abundantemente ilustrados com obras de arte e documentos de arquivo relativos ao massacre ou massacres de 1871.

Paris durante a Semana Sangrenta de 1871

Por meio de um retrato documentado do Monsenhor Surat e de uma apresentação dos bispos a quem serviu ao longo de sua vida, os visitantes poderão abordar a trajetória deste homem da Igreja tão zeloso quanto discreto: seu senso de dever, sua dedicação, seu compromisso como Superior da Associação de Jovens Ecônomos de Conflans, em particular.

A exposição irá, evocar também a Congregação das Senhoras do Sagrado Coração (fundada por Madeleine Sophie Barat) à qual o Monsenhor Surat prestou assistência regular.

Ficarão também expostos os laços estreitos, alimentados pelo afeto, que o Monsenhor Surat mantinha com Charenton. Ele testemunhou a transformação da Commune cujo centro passou do Distrito de Conflans para o atual centro da cidade, e até mesmo a encorajou e abençou a primeira pedra da nova Igreja Paroquial a 19 de Agosto de 1857.

Finalmente, antes de viver a história de sua prisão e o drama de sua execução, será relevante, através da exposição mergulhar de volta na cronologia dos factos que levaram à Constituição da Commune de Paris em 1871.

Gravura do Massacre de monsenhor Darboy, Arcebispo de Paris e dos prisioneiro de La Roquette incluindo o Monsenhor Alexis Auguste Surat. Colecção Museu Carnavalet

Dentro da Igreja pode-se ver os elementos patrimoniais também ligados ao Martir: em primeiro lugar, o túmulo de Monsenhor Surat marcado por uma placa de mármore colocada atrás do altar-mor da Igreja de Saint-Pierre, mas também como testemunho comovente de sua prisão, a porta da cela (6ª divisão, cela 53) que ocupou na Prisão de Mazas. Este último foi emprestado para a exposição, de forma muito excepcional, pelo serviço do Arquivo Histórico da Diocese de Paris.

Fotografado por Pierre Petit de Paris.
Uma inscrição com tinta na impressão diz: ‘Surat / fusillé par la Commune” [Surat, fuzilado pela Commune], enquanto outra inscrição na margem inferior diz: “Monsenhor Surat, – baleado durante a Commune”.

Um Guião de visita permite, a partir do mapa presente no interior, circular entre os vários locais emblemáticos da presença do Monsenhor Surat em Charenton. Explicações e ilustrações pontuam cada etapa do percurso. O Guião também oferece algumas referências biográficas e históricas para situar Monsenhor Surat e seu tempo.

As visitas guiadas à Exposição em Junho permitiram aos inscritos descobrirem também vários locais emblemáticos da Cidade ligados à memória do Monsenhor Surat: o local do antigo Castelo de Conflans, a Residência de verão dos Arcebispos de Paris, a Igreja de Conflans, o antigo Cemitério e finalmente, a Igreja de Saint-Pierre onde o Monsenhor Surat, acompanhou ativamente o canteiro de obras. Outras visitas guiadas serão oferecidas como parte dos Dias do Patrimônio Europeu em 18 e 19 de Setembro.

Igreja de Saint Pierre
Túmulo do Monsenhor Surat
Túmulo do Monsenhor Surat
Túmulo do Monsenhor Surat
Missa pelo 150º Aniversário do Martírio do Monsenhor Surat
Missa pelo 150º Aniversário do Martírio do Monsenhor Surat
Missa pelo 150º Aniversário do Martírio do Monsenhor Surat
Exposição na Igreja de Saint Pierre

Relíquia do Monsenhor Surat descoberta na Coleção da Fundação

Acaba de ser descoberta uma preciosa relíquia do Monsenhor Alexis Auguste Surat que havia sido colocada numa chamada “Moldura de Luto” pelos seus amigos e devotos (membros do Instituto da qual era Superior) e que foi recentemente identificada e adquirida para a Regalis Lipsanotheca pelo Perito em Relíquias Carlos Evaristo.

“Trata-se do escapulário , em pano, estampado com uma imagem de Nossa Senhora do Carmo,  que este Mártir usava e tinha no seu corpo quando foi executado em 1871”, garante Evaristo que descobriu que esta relíquia que contêm manchas de suor e sangue da paixão e morte do Monsenhor Alexis Auguste Surat tendo sido removido do seu corpo durante a preparação do cadáver para as exéquias fúnebres.

Segundo o Fundador da Regalis Lipsanotheca, Carlos Evaristo; “Esta relíquia é única. Não se conhece que tenha sido guardada outra do martírio deste grande Clérigo de Paris e Zelador das Relíquias Insignes da Catedral de Notre Dame e por isso temos grande honra em incorporar este artefacto histórico que é uma relíquia insigne na Colecção de Relíquias da Catedral de Notre Dame que já temos.”

O Capelão Mor Padre Carlo Cecchin com a Relíquia do Monsenhor Surat

O Co-Fundador da Colecção,  o Padre Carlo Cecchin, Sacerdote da Arquidiocese de Paris, é o Capelão – Mor da Regalis Lipsanotheca e do Apostolado, tendo também contribuído significativamente com relíquias insignes da sua colecção pessoal para a Capela / Museu em Ourém da Fundação, acha a descoberta e identificação desta relíquia, e especialmente neste ano em que se comemora os 150 anos do Martírio das vítimas da Comnune de Paris, algo extraordinário. O Padre Cecchin após colocar o relicário no Altar Mór da Regalis Lipsanotheca em Ourém, relembrou o sacrifício destes Cristãos durante a celebração da Missa.

A Short History of the Paris Commune - RLS Geneva
1871: A estátua derrubada de Napoleão I na Place Vendome

Para o Guardião das Relíquias, Carlos Evaristo; “Esta relíquia deve de servir também para relembrar o que aconteceu em Paris na Semana Sangrenta de 1871 e servir de lição. Á semelhança dos massacres que houve com a perseguição de Cristãos na Roma antiga, as guerras e conflitos e até o holocausto Judeu, esta insurreição em Paris relembra a fragilidade da liberdade social e religiosa. É algo que infelizmente se repetiu e se repete mundialmente até aos dias de hoje. Qualquer crise desencadeia episódios desses. Recentemente, vimos com as mortes, pilhagens, destruição e remoção de monumentos públicos que este espírito de arranjar bodes expiatórios para as coisas que correm mal na sociedade, tal como o Covid, a morte de inocentes, etc., e algo recorrente. O que é muito mau é que nem os mortos escapam à fúria! Quando algo corre mal, as pessoas precisam de um bode expiatório e a Igreja Católica e os heróis do passado costumam ter esse papel com consequências muitas vezes sangrentas e fatais para os líderes, religiosos e leigos contemporâneos. Muitas vezes são as crenças, os monumentos religiosos, relíquias, e também as estátuas dos heróis da pátria e figuras históricas homenageados pelos nossos antepassados, que se tornam objectos de ódio, raiva e vingança. Os monumentos substituem os mortos porque já não estão mais cá as pessoas que representam para que pudessem ser torturados. As pessoas podem ter muitos cursos e formações e diplomas para forrarem as paredes, mas se não tiverem cultura e uma sensibilidade cultural e artística, respeito pela história e civismo, ou facilmente tornamo-nos nos tais cegos a seguirem outros cegos que podem até cometer actos violentos contra vitimas inocentes. É preciso conhecer minimamente a história antes de se agir se não cometem-se barbaridades .”  

“Escapulário do nosso muito honrado e digno Padre Superior Mons. Surat”

La Semaine Religieuse de Paris na edição de 17 de Junho de 1871, relatou nas páginas 458 a 462, as exéquias fúnebres do Arcebispo Darboy e do Monsenhor Surat que tiveram lugar da Catedral de Notre Dame.

“Na quarta-feira, 7 de Junho de 1871, a velha Basílica de Notre-Dame ofereceu à cidade de Paris e ao mundo um espetáculo do caráter mais imponente. Religião e país deram as mãos para aumentar seu brilho. No meio da nave, sob um altíssimo catafalco, jazia o corpo de Monsenhor Darboy, fuzilado em La Roquette no dia 24 de Maio anterior, em ódio à religião e à verdadeira liberdade; em torno dele estavam dispostos os caixões de vários padres que, tendo seguido seu bispo até a morte e para a glória do Céu, foram associados a ele nas honras que a França se mostrou ciumenta de render ao Martírio.

O Episcopado Francês, representado por dez de seus membros, o Governo, a Assembleia Nacional, o Exército, a Magistratura, todas as Administrações, uma multidão imensa, se reuniu com essas nobres vítimas para lhes trazer, de certa forma, a homenagem do Pátria Mãe de luto.

No dia seguinte, uma cerimônia que parecia continuar a do dia anterior atraiu novamente a Notre-Dame um extraordinário concurso de Padres e fiéis. Nada havia sido alterado no layout das instalações. Toda a igreja pendurada de negro e adornada com palmeiras, inúmeras tochas que pareciam iluminar a esperança neste recinto de luto, soberbo catafalco erigido no fundo do santuário, a pompa que rodeava o altar durante o santo sacrifício celebrado pelo Cónego Louvrier, o coro ressoando com canções harmoniosas: tudo mostrava esse brilho que os cônegos haviam resolvido conceder honras especiais a uma memória gloriosa e simpática. Essas homenagens foram dirigidas aos restos mortais de Monsenhor Surat, Protonotário Apostólico, Vigário Geral de Paris, Arquidiácono de Notre-Dame, assassinado em La Roquette, no Sábado, 27 de Maio, pelos rebeldes de Paris.

Pareceu aos veneráveis ​​Cônegos que não bastava ter, na véspera, colocado seu caixão perto do do Arcebispo e ter confundido as duas vítimas em homenagens coletivas; quiseram mostrar com uma cerimónia muito especial a estima e o carinho singular com que guardaram a memória daquele que durante muito tempo foi seu colega, depois seu Chéfe e sempre seu amigo. Ao fazê-lo, o Capítulo Metropolitano satisfazia uma necessidade do seu coração, cumprindo o desejo de todo o Clero de Paris e honrando dignamente uma vida que é elogiada, ao que parece, muito bem dizendo que o martírio era digno dele.

Nascido em Paris em 27 de Fevereiro de 1804, o Monsenhor Surat, depois de ter estudado na pequena comunidade, então no Seminário de Saint-Sulpice, foi chamado ao Arcebispado de Paris, onde desempenhou, de 1828 a 1840, as funções de Secretário Privado do Arcebispo de Quélen.

Os modestos deveres reservados ao Padre Surat são delicados o tempo todo; foram especialmente importantes com o ilustre Prelado cujo nome evoca a memória de uma época dolorosa para o Arcebispo de Paris. Mas as dificuldades de mais de um que ele encontrou quase todos os dias não foram não melhor do que a inteligência e o grande coração do jovem Secretário. Ele sofreu as provações de que a vida do Bispo de Quélen foi composta; mas foi agradável para ele suavizá-los, multiplicando as provas de sua afeição e devoção. Seria comovente e instrutivo em mais de uma maneira reconstituir a vida do Padre Surat durante esse tempo.

Nomeado Cônego Honorário dez meses após assumir o Cargo, e Cônego titular em 1838, o Monsenhor Surat deixou a Arquidiocese com a morte do Bispo Quélen e por alguns anos limitou-se a cumprir suas funções como Cônego titular. Mas, em 1844, Monsenhor Affre confiou-lhe a Paróquia de Notre-Dame de Paris, conferindo-lhe a dignidade de Arcipreste. Com o encargo Pastoral, um novo campo de ação se apresentou ao zelo do Padre Surat.

Ele condescendia com o espírito do Ministério Paroquial com ardor temperado com prudência, e com atividade tanto mais eficaz quanto grande moderação a tornava mais constante e duradoura.

Os Arcebispos de Paris, sucedendo-se na Sé, como o Bispo Quélen, pareciam herdar sua estima pelo Padre Surat. O Bispo Sibour pediu-lhe, ou melhor, obrigou sua modéstia a aceitar o título de Vigário-Geral e Arquidiácono de Saint-Denis. Nomeado Arquidiácono de Sainte-Geneviève em 1850, foi confirmado nessas mesmas funções em 1857 pelo Bispo Morlot, e pelo Bispo Darboy em 1863. No final desse mesmo ano, ele sucedeu ao Padre Buquet, nomeado Bispo de Parium e Cônego de Saint-Denis. Em 1867, nosso Santo Padre Pio IX, para homenagear a carreira eclesiástica do Monsenhor Surat, nomeou-o Protonotário Apostólico ad instar participantium.

Este seria o lugar para mostrar ao Monsenhor Surat o homem justo e benevolente no exercício da autoridade eclesiástica. Justiça e benevolência, essas duas qualidades formam o caráter comum que é encontrado em fundo de todos os pensamentos, de todos os actos de Monsenhor Surat; estas duas palavras resumem a sua vida como Vigário Geral: justiça, não na fidelidade para ter uma conta exacta de todos os direitos positivos, o elogio teria pouco valor, mas a justiça escrupulosa que se mantém dona de seu pensamento, nunca obrigue a expressão, pois medo de prejudicar o vizinho, que não desconfia de suas antipatias que raramente conheceu e que não ouviu a expressão, por medo de prejudicar o vizinho, que não desconfiou de si mesma não de suas antipatias que raramente conhece e que nunca ouviu a, mas que adverte contra suas simpatias quando ela se recusa a buscar a inspiração de suas ações.

Benevolência e benevolência em todos os momentos, para todos, para todas as coisas que dizem respeito à glória de Deus, à honra da Igreja, à dignidade do sacerdócio, à vida religiosa da Diocese. Não que o Monsenhor Surat tivesse uma flexibilidade que beira a ausência de caráter, vimos em muitas circunstâncias com que energia fria e inabalável essa alma gentil e condescendente se revestiu, por assim dizer, até o ponto da bonomia. mas havia tal brilho de pensamentos amorosos, que as recusas, passando por seus lábios, perderam o que a auto-estima do peticionário poderia ter achado ofensivo neles. Não há medo de ser contradito: ninguém jamais encontrou nas palavras do Monsenhor Surat nada, nem mesmo censuras, que não estivesse marcado no canto da gentileza Cristã.

Cristã, sim, essa é a palavra de sua vida; todas as virtudes externas são apenas a expressão dela. É na fidelidade às práticas religiosas, numa piedade sincera e fervorosa, numa piedade infantil, que ele extraiu o segredo para imprimir em toda a sua vida um caráter de força serena, de virtude sempre igual a si mesma. Nada foi mais edificante, nada mais comovente do que ver o Venerável Monsenhor Surat, no final de seus dias agitados, buscar e encontrar consolações infalíveis na recitação de seu rosário, prática de piedade à qual, sabemos., Ele nunca falhou .

Quarenta anos passados ​​na administração diocesana desgastaram a saúde e exauriram as forças do venerado e amado prelado. Por dois anos ele se alimentou e confidenciou a seus amigos e colegas pensamentos sobre a aposentadoria. Depois de ter consagrado ao bem dos outros o ardor de sua juventude, a força da maturidade e a experiência de sua velhice, parecia-lhe que havia adquirido o direito de pertencer a si mesmo por um tempo e, sozinho consigo mesmo, de prepare-se para aparecer diante de Deus. Era nas profundezas da Bretanha, numa aldeia onde só seria conhecido de Deus e dos pobres, pensava ele, que iria acolher os restos de uma vida consagrada ao serviço da Igreja. Se este projeto, inspirado pela humildade e pela desconfiança de si mesmo, não encontrou sua realização antes, é porque o Arcebispo, os colegas, os amigos de Monsenhor Surat sempre lhe deram uma oposição afetuosa, mas constante. Quem então teria visto sem pesar a partida de um homem da Arquidiocese e de Paris, com quem todos encontraram luz, força e consolo, alguns um amigo, outros um pai, todos um conselheiro sábio e benevolente?

O próprio Deus decidiu que o Monsenhor Surat não deixaria a Arquidiocese, nem sairia apenas para entrar no Céu pela porta luminosa do Martírio.

O Arcebispo tinha sido preso na Terça-feira Santa, por volta das cinco da tarde, o Monsenhor Surat devia ser preso por volta das onze: só foi preso no dia seguinte, porque seus dois servos, eu ia dizer o seu dois filhos, conseguiram pelos cabelos brancos de seu amado e amado senhor um adiamento de vinte e quatro horas. Ele foi levado embora na Quarta-feira Santa pela manhã. Embora doente e com o coração partido pelas emoções mais pungentes, ele permaneceu ele mesmo, isto é, gentil e calmo para com seus carcereiros ou melhor, seus algozes, que pareciam tocados por um momento. Ao ver um homem velho tão fraco e tão forte . A virtude é tão império que causa sentimentos generosos nos corações onde não haveria espaço para nada humano!

O que Monsenhor Surat sofreu na Conciergerie, depois em Mazas, finalmente em La Roquette; A firmeza e a resignação cristãs que o colocam acima de todas essas provações, seus últimos atos, suas últimas palavras, tudo isso sem dúvida nos será revelado por um de seus companheiros na desgraça e na glória para a edificação de todos. Mas a julgar pelas notas que transmitiu por último a vários de seus amigos, e em particular a seus servos fiéis e devotados, estamos convencidos de que ele pensou, falou, agiu e que morreu como homem, como cristão e como sacerdote . “Tudo na Santa Vontade de Deus, que ele seja abençoado por todos e por todos”, disse ele em sua última carta. Os algozes que admiravam a constância e o frio heroísmo do venerável velho teriam encontrado nestas palavras a explicação de um fenômeno que os causou faça todas as aparências do mistério.

A hora do sacrifício supremo havia chegado para o Monsenhor Surat; foi consumido no sábado, 27 de Maio. Por um momento, o cálice da dor pareceu se afastar do piedoso cativo. A bandeira francesa, que avançou nas mãos vitoriosas dos nossos soldados, parecia trazer esperança e liberdade às vítimas do despotismo da lama. Muitos, de fato, foram salvos; mas o Monsenhor Surat não estava entre esse número. Ele foi preso assim que acreditou que estava perto da libertação, levado de volta à prisão para jovens prisioneiros, rue de la Roquette, e baleado ao longo da parede externa da prisão. Seu corpo horrivelmente desfigurado foi reconhecido na manhã de Segunda-feira por seu criado, Charles Dumoutier, e um Secretário da Arquidiocese, e voltou ao Palácio Arquiepiscopal. Seu caixão, exposto ao lado do corpo do Arcebispo, foi durante oito dias objeto da piedosa veneração dos fiéis. Ele não ficou por um momento sem ser coberto por flores, um símbolo tocante dos sentimentos e arrependimentos imortais que sua memória guardava nos corações.

Essas marcas de afeto e respeito o acompanharam até seu último lar. Transportado para a igreja de Charenton, após o serviço celebrado em Notre-Dame de Paris, o corpo do Monsenhor Surat foi recebido durante toda a viagem com os sentimentos que um pai ou um amigo encontraria ao retornar para sua família, a população de Charenton e de Conflans, a administração municipal e o conselho de fábrica na liderança, haviam assumido a obrigação sincera de comparecer à cerimônia piedosa, triste e consoladora. Graças à delicada e ansiosa ajuda oferecida, ao que parece, pelo comitê de delegados das fábricas de Paris, a igreja de Charenton recebeu uma condecoração digna do falecido e o afeto geral que quarenta anos de dedicação e dedicação lhe renderam. caridade.

Quantas lágrimas foram derramadas em seu túmulo! Quantos panegíricos eloqüentes ressoaram por esta terra fechada de veneráveis ​​e sagrados despojos! Sim, santo, porque eles são de um Mártir. Lágrimas dos pobres que ele resgatou, o gemido de milhares de almas que ele consolou, vocês que o premiaram pelo menos aqui embaixo, o mais belo, o mais desejável dos triunfos.

E agora descanse em paz, piedoso e amado prelado, depois de ter dado à Igreja o seu tempo, a sua força, você deu a ela o seu sangue. Você nos deixou o exemplo de sua vida e o exemplo de sua morte; descanse em paz, sua alma está com Deus nos céus, e sua memória é uma bênção entre os homens.”

FONTE: https://paroisse-charenton.org/

24 de Julho de 2021

Porta da cela (6ª divisão, cela 53) na Prisão de Mazas
onde esteve preso o Monsenhor Surat
Envelopes com Relíquias de fragmentos de roupa dos Mártires de Paris
Documentário
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Nesta ocasião dramática que estamos a viver, do ponto de vista da saúde e crise económica generalizada, é importante que se invoque esta protecção da nossa Rainha

ENTREVISTA/LIDERANÇAS/SÉRGIO CARVALHO 

POSTED ON 18 DE JULHO, 20211

Fotografia do Mestre António Homem Cardoso

No dia 25 de março, comemoraram-se os 375 anos da proclamação e coroação de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Padroeira e Rainha de Portugal. A este propósito fomos entrevistar, Dom Duarte Pio, duque de Bragança, pretendente ao trono de Portugal e chefe da Casa Real Portuguesa, a propósito desta efeméride.

Completaram-se no passado mês de março, dia 25, festa da Anunciação do Anjo a Nossa Senhora, o 375.º aniversário da proclamação e coroação de Nossa Senhora da Conceição, pelo rei Dom João IV, como padroeira e rainha de Portugal. Como é que o descendente e herdeiro da coroa portuguesa vê tal acontecimento?

Dom Duarte de Bragança (DB) – Em muitas das antigas cidades e vilas portuguesas ainda hoje se encontra afixada a placa da entrada da localidade anunciando esta consagração. Em 1646 a iniciativa foi unanimemente aprovada por todos os deputados às Cortes Gerais, que por sua vez transmitiram as instruções recebidas pelas suas Câmaras Municipais, eleitas pela população. Também votaram os Professores Universitários, os Bispos e Abades. Constituiu-se assim uma legítima representação de todos os Portugueses. Esta iniciativa, tomada no momento em que corríamos o grave risco de ser reconquistados pelo Reino de Espanha, teve um resultado muito feliz, e até hoje nunca mais perdemos a nossa independência.

De cada vez que nós, Portugueses, nos mostramos desleais para com a nossa Rainha, as coisas correm mal. Receio bem que perante algumas das leis recentemente impostas aos Portugueses, a nossa Rainha celeste não consiga impedir estes desastres naturais. Aliás, já uma das Pastorinhas de Fátima nos tinha prevenido que isto iria acontecer se, como nação, não corrigíssemos o nosso comportamento.

Considero que a consagração de Portugal a Nossa Senhora foi uma iniciativa muito oportuna e inteligente dos Portugueses da época, mas implica uma gravíssima responsabilidade da parte da geração actual.

Pensa que foi dado o destaque que merecia ao 375.º aniversário da coroação de Nossa Senhora da Conceição como Rainha de Portugal? Ou acha que a data foi esquecida? Qual o motivo e o que ainda se poderá fazer?

DB – Creio que o destaque dado foi muito tímido e envergonhado, talvez por termos consciência de que os compromissos assumidos nessa altura não estão a ser cumpridos.

Por parte da Real Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa foi tomada em 2019 a iniciativa de pedir a Sua Santidade, o Papa, a concessão de alguma regalia espiritual por ocasião da bicentenário da fundação da Ordem da Imaculada Conceição de Vila Viçosa por Dom João VI, Rei de Portugal, a qual foi concedida por um Decreto com efeitos desde o dia 25 de Março de 2019 até ao fecho solene do Ano Jubilar.

O Papa Francisco teve ainda este ano outro gesto que nos deixou cheios de alegria, ao conceder uma Bula Papal com Indulgência Plenária pelos 850 anos da Instituição da Ordem de S. Miguel da Ala, referindo que o seu Grão-Mestre é o Duque de Bragança, Dom Duarte Pio, afilhado do bem-aventurado Papa Pio XII. Como andam por aí outros sujeitos a afirmar ser “Duque de Bragança” e “Grão-Mestre das Ordens Reais Portuguesas” e como, que eu saiba, nenhum deles é também afilhado do Papa Pio XII, isto esclarece definitivamente algumas pessoas que pudessem estar confundidas.

Este Decreto Pontifício é válido até ao dia 29 de Setembro de 2022. O texto do Decreto Pontifício foi lido pelo Pároco de Alcobaça, em cujo Mosteiro se situava a Chancelaria da Ordem até o Governo Português, autodenominado liberal, em 1835, ter confiscado todos os bens de todos dos conventos e mosteiros para os vender em hasta pública. Desse modo, o Estado liberal destruiu o inestimável trabalho de educação, saúde e assistência social que era desempenhado pelas Ordens Religiosas no território continental e nas Províncias Ultramarinas portuguesas.

Na arquidiocese de Évora houve celebrações no santuário de Vila Viçosa, participou nessas celebrações?

DB – Sim, participei.

O que significou e significa ainda hoje o facto de a coroa de Portugal pertencer a Nossa Senhora?

DB – Significa uma enorme responsabilidade para a Nação Portuguesa! Em muitas ocasiões o pedido de auxílio da Imaculada Conceição foi atendido positivamente. Nesta ocasião dramática que estamos a viver, do ponto de vista da saúde e crise económica generalizada, é importante que se invoque esta protecção da nossa Rainha; que, de resto, o continua a ser, visto não ter havido até hoje nenhuma revogação da consagração de 1646 destituindo a Virgem Maria do seu cargo!

É por essa razão, que nos quadros e retratos oficiais dos reis portugueses, da dinastia de Bragança, eles nunca aparecem coroados?

DB – Sim, é.

Portugal ainda é, verdadeiramente, a Terra de Santa Maria?

DB – Para a maioria dos Portugueses, é. Basta ver que, em condições normais, cerca de quatro milhões de pessoas peregrinam a Fátima todos os anos. Claro que há muitas pessoas que, apesar de peregrinarem, se esquecem dos pedidos feitos por Nossa Senhora em Fátima e das instruções básicas que Jesus Cristo nos deixou… Isso confirma, em meu entender a falta de lógica no comportamento dos Portugueses, mas dá-nos uma esperança de que o nosso Povo continua no fundo fiel à nossa Rainha.

Se a Monarquia Portuguesa for restaurada, Dom Duarte manteria essa designação de Nossa Senhora como rainha de Portugal?

DB – Obviamente que sim.

A Casa Real marca sempre presença em Vila Viçosa, em Fátima, em Braga, aquando de importantes peregrinações e celebrações religiosas de cariz mariano. Que lugar ocupa a devoção mariana no dia-a-dia da Família Real Portuguesa?

DB – Nós esforçamo-nos por cumprir os pedidos feitos pela Virgem Maria, nomeadamente o de rezar o terço em família. Infelizmente nem sempre tem sido possível. Creio que todas as famílias católicas deveríamos organizar a nossa vida de modo a que tal aconteça, mesmo que seja através da internet.

No ano passado, pela primeira vez, em 100 anos, a peregrinação a Fátima de 13 de maio foi celebrada sem a presença de fiéis? Este ano, acha que vai ser diferente ou em que moldes?

DB – Com a experiência que o Santuário de Fátima tem adquirido nesta situação tão difícil e com o facto de já muita gente estar vacinada, creio que será possível no próximo 13 de Maio voltar a peregrinar a Fátima, ainda que com algumas precauções. Tem ficado provado que os fiéis, em todas as Missas, têm dado o melhor exemplo do cumprimento das normas de prevenção do contágio.

Que mensagem deixa aos nossos leitores?

DB – Numa época em que o espírito racionalista e científico pretende por vezes desvalorizar o contributo da fé e da espiritualidade no progresso da Humanidade, cada vez mais, cientistas de todas as religiões aceitam a importância dos valores espirituais. Tenho amigos Muçulmanos que peregrinam a Fátima em oração à Virgem Maria, que o Islão considera a mulher mais santa que está no Paraíso. Também acompanhei o Dalai Lama na sua peregrinação a Fátima, onde foi a meu convite e onde homenageou a Virgem Maria.

Passemos aos nossos amigos a mensagem de que a devoção a Nossa Senhora é da maior importância, mas implica da nossa parte uma atitude de procurar seguir aquilo que Ela nos indicou.

*

Dados biográficos do senhor Dom Duarte:

Fotografia de Homem Cardoso

Dom Duarte Pio de Bragança nasceu em Berna, na Suiça, durante o exílio político da sua Família. Mas nasceu na Embaixada de Portugal, a fim de nascer em território nacional.

Quando a Família Real foi autorizada pela Assembleia Nacional (Parlamento) a regressar a Portugal, começou por viver em Coimbrões, Gaia. Estudou no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, no Colégio Nun´Alvares, da Companhia de Jesus, nas Caldinhas, em Santo Tirso, no Colégio Militar e no Instituto Superior de Agronomia.

Em 1968 concorreu e foi admitido na Força Aérea como Piloto aviador, tendo prestado serviço em Angola. Em 1972 ajudou na organização de uma lista independente, de candidatos angolanos, para esta concorrer à representação Angolana nas eleições à Assembleia Nacional Portuguesa. Em consequência desta iniciativa foi expulso de Angola e de S. Tomé e Príncipe pelo Governo de Marcelo Caetano em 1972.

Em 1974 visitou pela primeira vez o território português de Timor, na que foi a primeira de muitas visitas. Em 2014 o Parlamento Nacional Timorense votou por unanimidade a atribuição da nacionalidade timorense, “pelos altos serviços prestados à Nação” e porque “desde que em 1515 Timor abriu a Portugal, os Reis de Portugal passaram a ser Reis de Timor e, por consequência, a Família Real Portuguesa passou a ser timorense”. (Curiosamente, ao Povo Timorense não foi perguntado se queria deixar de ser Português aquando da Independência. A pergunta feita pelas Nações Unidas era apenas se queriam ou não ser indonésios. Há alguns anos houve uma enorme manifestação em Díli em protesto por não estarem a ser renovados os seus documentos de nacionalidade Portuguesa!)

Em 1995 casou em Lisboa com a Senhora Dona Isabel de Herédia com quem tem três filhos: D. Afonso, D. Maria Francisca e D. Dinis.

De acordo com o testamento da Rainha D. Augusta Victoria, viúva de D. Manuel II, assumiu a presidência da Fundação D. Manuel II, com a qual vem desenvolvendo também muitas actividades nos Países da CPLP.

Entrevista conduzida por Sérgio Carvalho

a Dom Duarte de Bragança, chefe da Casa Real Portuguesa

FONTE: https://religiolook.pt/liderancas/nesta-ocasiao-dramatica-que-estamos-a-viver-do-ponto-de-vista-da-saude-e-crise-economica-generalizada-e-importante-que-se-invoque-esta-proteccao-da-nossa-rainha/

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