ADN dos Santos está a ser estudado

Santiago de Compostela

A 1ª edição do projeto “ADN da Fé”, capitaneado pelo Dr. Carlos Evaristo, pretende resgatar as raízes da Fé na Península Ibérica a partir da suposta viagem missionária de São Tiago aos “confins da terra”.

A Europa se fez a caminho de Compostela. Essa observação atribuída ao célebre autor alemão Johann Wolfgang von Goethe já foi repetida à exaustão. E raros são os que desconhecem sua origem lendária. Ela teria começado com uma chuva de estrelas no bosque Libredón, no século IX. Surpreendido pelo espetáculo sobrenatural, o ermitão Pelágio alertaria o bispo de Iria Flávia, Dom Teodomiro. O que o religioso teria encontrado naquele bosque mudaria os rumos da civilização ocidental. Em um imponente sepulcro, jaziam os restos mortais de um dos apóstolos mais próximos de Cristo, São Tiago Zebedeu. Dois séculos após a suposta descoberta milagrosa, a história começou a ganhar repercussão por meio do documento Concordia de Antealtares.

A 1ª edição do projeto “ADN da Fé”, capitaneado pelo Dr. Carlos Evaristo, pretende resgatar as raízes da Fé na Península Ibérica a partir da suposta viagem missionária de São Tiago aos “confins da terra”. A equipe multidisciplinar conta com peritos nas mais diversas áreas: antropologia, arqueologia sacra, pesquisa documental, análise de DNA e datação por carbono-14. O terreno da investigação, porém, não é a antiga Iria Flávia, rebatizada de Santiago de Compostela e promovida a santuário apostólico, mas sua rival na Idade Média. Uma tradição largamente difundida na época afirmava que o apóstolo havia evangelizado a Península Ibérica, porém, seu centro principal de atuação era Bracara Augusta, posteriormente rebatizada de Braga, e seus arredores. Na antiga capital do Reino de Galiza, São Tiago teria fundado a primeira igreja cristã da Hispania, considerada a primaz até os dias de hoje, e nomeado, como bispo, o amigo e discípulo Pedro de Rates. No claustro da catedral de Braga, há um significativo vestígio dessa tradição: uma arca em pedra lavrada com a identificação dos restos mortais de São Pedro de Rates. Todas as suas relíquias, entretanto, foram trasladadas – boa parte para uma arca de madeira atualmente custodiada na Sé. 

A publicidade sobre a descoberta milagrosa do túmulo de São Tiago causou uma corrida ao seu alegado túmulo. Pessoas de todos os rincões do mundo peregrinavam até a casa do Apóstolo. E o enorme fluxo de peregrinos acabou forjando a Europa. Lembra-se da citação atribuída a Goethe? Antes desse fenômeno, porém, Iria Flávia estava sob a jurisdição da Sé de Braga, onde havia um importante santuário com relíquias insignes. Em busca de curas milagrosas, multidões acorriam até lá. A suposta descoberta de Teodomiro mudou o rumo da história. Alçada a arquidiocese e santuário apostólico, Santiago de Compostela começou a disputar com Braga a atenção dos peregrinos, uma disputa repleta de tramas ardilosas e furtos fantásticos, conhecidos como furta sacra ou pio latrocínio. Um personagem-chave foi o bispo Dom Diego Gelmírez. No século XI, o religioso se aliou à Dona Urraca, rainha de Castela e Leão, para esvaziar Braga e suas paróquias de seus mais importantes tesouros, incluindo relíquias de papas e antigos mártires da Igreja. O objetivo era trasladar essas joias medievais ao novo santuário compostelano. Eram relíquias verdadeiras? O simples fato de um bispo ter reunido um exército para invadir Portugal em busca delas é, por si só, um atestado de autenticidade. Se pairasse qualquer dúvida a respeito disso, o bispo poderia ter inventado relíquias, prática bem comum na época. Em 1992, parte dessas relíquias furtadas foi devolvida a Braga por ordem do atual arcebispo de Santiago de Compostela, Dom Julián Barrio Barrio.

Pela primeira vez na história, esse patrimônio religioso e histórico está sendo minuciosamente analisado pela equipe liderada por Carlos Evaristo, perito em relíquias, arqueologia sacra e iconografia sacra medieval. A primeira fase do projeto “ADN da Fé”, batizada de “Relíquias Insignes da Sé de Braga e do Caminho de Santiago de Compostela”, consistiu na identificação de todas as relíquias de Braga custodiadas na Sé e em outras paróquias da arquidiocese. Muitas estavam em condições precárias de armazenamento, misturadas a elementos inusitados. O primeiro passo foi examinar as relíquias insignes e colocá-las em invólucros de linho puro, benzidos pelo pároco da Sé, o cônego Manuel Joaquim Costa, e selados com fita e lacre, conforme preza a tradição da Igreja. Na investigação dessas relíquias antigas, uma pergunta fundamental deve ser respondida. Elas realmente pertencem aos alegados santos, aos eleitos de Cristo, ou foram “inventadas” (descobertas, na acepção medieval do termo)? 

Na Idade Média era comum produzir relíquias místicas, ou seja, réplicas em escala com pequenos fragmentos de relíquias reais. Havia também ossos que não passavam de relíquias de contato. Quando uma relíquia insigne era destruída ou roubada de um importante local de culto, havia uma relíquia representativa de substituição. Ela poderia ser de outro santo ou simplesmente uma escultura em madeira ou papel machê, incrustrada com uma relíquia menor. Algumas vezes, elaborava-se ainda uma pasta de ossos e terra do sepulcro. Réplicas místicas ou de substituição foram uma prática corrente. Um exemplo tradicional são as várias cabeças de São João Batista. Elas não passam de fragmentos do crânio em relicários no formato de cabeça ou caveira.

O estudo preliminar das relíquias de Braga já revelou o recurso a essas práticas medievais e romanas de substituição e reconstrução de relíquias insignes com uso de ouro, prata, cerâmica, madeira, gesso, cera e papel machê. A utilização dessas técnicas indica claramente que as relíquias de Braga haviam sido roubadas, destruídas ou parcialmente danificadas. O fato de muitas estarem carbonizadas e com partes reconstruídas – em madeira, gesso e papel machê pintado na cor de osso – comprova que sobreviveram ao fogo, resultante de acidente ou de alguma intervenção bélica de Dom Diego Gelmírez no processo de pilhagem. Há outra explicação plausível para o uso dessa técnica: as relíquias podem ter estado primeiramente em relicários de madeira destruídos por insetos. Em uma espécie de dedetização medieval, eles foram chamuscados pelo fogo, danificando também as relíquias. Vestígios de cola antiga e fragmentos de pergaminho com nomes de santos em ossos ajudam a corroborar essa hipótese.

Carlos Evaristo entrega a José António Lorente Acosta a primeira recolha de relíquias insignes para análises ADN.

A investigação inicial, porém, é incapaz de dar uma resposta definitiva sobre essas importantes relíquias. Para ajudar a desvendar o mistério, é preciso recorrer a métodos científicos confiáveis, como a investigação do DNA dos restos mortais e a datação por carbono-14. Nisso consiste a segunda etapa do projeto “DNA da Fé”. Foram retiradas amostras de cerca de duas dúzias de ossadas de santos, todas encaminhadas ao Dr. José António Lorente Acosta, professor de genética, médico-legista forense e presidente da comissão médica desse projeto. Em seu laboratório GENYO, na Universidade de Granada, o Dr. Lorente Acosta foi o responsável pela identificação dos restos mortais de célebres personagens históricas como Cervantes e Cristóvão Colombo. Segundo Lorente Acosta: “O material escolhido para a análise de relíquias deve ser constituído por dentes e fragmentos dos esqueletos, fragmentos com uma maior densidade óssea. Se não tiver cáries, os dentes são a parte do corpo que melhor guardam o DNA. O mesmo se passa com os ossos densos, pois o núcleo fica pouco exposto, e, portanto, menos propício à contaminação”. Pela primeira vez na história, uma tecnologia revolucionária no estudo do DNA será colocada a serviço da Igreja católica. Trata-se da NGS (New Generation Sequencer). É apenas o início de um projeto mais amplo para a criação de um Banco Internacional do DNA de santos, com o objetivo de auxiliar a Igreja na investigação da vida dos eleitos de Deus, bem como na reautenticação de relíquias. Essa base de dados já conta com amostras genéticas de diversos santos e beatos portugueses. É a gênese de novas edições do projeto “ADN da Fé”.

A investigação das relíquias dos santos bracarenses entra agora em sua quarta fase. O cônego José Paulo Leite Abreu, deão da Sé de Braga, perito em arte sacra e conservação e autoridade eclesiástica responsável pelo projeto desde o início, enfatiza a importância ímpar desse trabalho para a Igreja. Segundo o vigário-geral: “Precisamos saber a verdade acerca de alguns santos e suas relíquias insignes ligadas à história da fundação das dioceses de Braga e Santiago de Compostela e ao início da peregrinação jacobeia. Temos de confirmar se algumas figuras são históricas ou lendárias? Um exemplo significativo: São Pedro de Rates existiu? Ele foi realmente o primeiro bispo de Braga? Talvez seja finalmente possível encontrar a resposta por meio da investigação dessas relíquias que custodiamos na Sé desde a Idade Média”.

Enquanto as análises são processadas pela equipe, o grande enigma da peregrinação jacobeia paira no horizonte dessa investigação. Para desvendá-lo, devemos lançar um novo olhar para a Idade Média. Embora Dom Diego Gelmírez alardeasse que as relíquias de São Tiago Maior estivessem no santuário compostelano, Dom Maurício Burdino afirmou que elas haviam sido custodiadas primeiramente em Braga. Quando Dom Gelmírez começou a distribuir relíquias da mandíbula e dos dentes de São Tiago Maior, Burdino alegou que a maior parte do corpo do apóstolo ainda permanecia em Braga. Segundo alguns historiadores, o arcebispo de Braga havia adquirido o crânio de São Tiago Menor – e promovido o mal-entendido de que poderia ser o de Zebedeu. E também havia colocado para veneração pública os ossos de outro São Tiago, o Interciso, sem revelar plenamente sua identidade. Fazia parte do seu jogo na disputa de poder com Dom Gelmírez e na batalha para conquistar mais peregrinos. Todas as relíquias dos santos homônimos acabariam em Santiago de Compostela pelas mãos de Dom Gelmírez, incluindo o crânio de São Tiago Menor. Outra importante questão deve ser respondida pela equipe de investigação: Essas relíquias pertencem a santos homônimos ou constituem partes dispersas da ossada de um único santo, com fragmentos insignes ainda em Jerusalém, Braga e Pistoia?

Atualmente, a maior parte das alegadas relíquias de São Tiago Maior estão encerradas na arca-relicário de prata na cripta abaixo do altar-mor da catedral de Santiago de Compostela. E há uma interdição papal que impede sua abertura. No acervo da Regalis Lipsanotheca, no castelo de Ourém, e na coleção de relíquias de um arcebispo medieval de Braga, porém, existem peças fundamentais desse quebra-cabeça. Tratam-se de alegadas relíquias insignes de São Tiago Maior doadas por arcebispos de Santiago de Compostela a figuras históricas portuguesas dos séculos XV e XVI. São as mais antigas relíquias documentadas antes da maior parte dos ossos ter sido ocultada – e perdida – na época das invasões do corsário inglês sir Francis Drake. Ela seria redescoberta e reautenticada apenas no século XIX sob o papado de Leão XIII. 

Juntamente com amostras de relíquias de São Tiago Alfeu e São Tiago Interciso, essas históricas e alegadas relíquias de São Tiago Maior, custodiadas em Portugal, já foram encaminhadas ao Dr. Lorente Acosta. Em breve, o laboratório GENYO, na Universidade de Granada, poderá oferecer respostas a esses enigmas milenares. E provar se o DNA da Fé da Península Ibérica está realmente enraizado nas relíquias de um dos apóstolos mais próximos de Cristo. Independentemente das respostas, uma coisa é certa: Braga e Santiago de Compostela tornaram-se autênticas herdeiras de São Tiago Maior e nunca deixaram de zelar pela Boa-Nova que o Apóstolo teria carregado até aqueles “confins da terra”. 

O Cónego José Paulo Leite de Abreu e Carlos Evaristo apresentam o Projeto “Relíquias Insignes da Sé de Braga e do Caminho de Santiago de Compostela.

25 de Janeiro de 2022

Carlos Evaristo é arqueólogo, historiador e curador de várias comissões diocesanas para a reautenticação relíquias. Com sua mulher Margarida Evaristo, é fundador do Apostolado pelas Relíquias Sagradas e da Cruzada Internacional pelas Sagradas Relíquias. Curador da Regalis Lipsanotheca, colabora há várias décadas com a Sagrada Congregação para a Causa dos Santos e Gabinetes de Postuladores, sendo Presidente do Gabinete dos Patronos dos Museus do Vaticano para paises lusófonos e diretor do projeto “ADN da Fé”.

Fábio Tucci Farah é jornalista e perito em relíquias da Arquidiocese de São Paulo. Curador adjunto da Regalis Lipsanotheca, ele desenvolve diversas pesquisas com Carlos Evaristo e é membro da equipe de arqueologia sacra do projeto “ADN da Fé” e chefe da equipe editorial e de pesquisa.

FONTE: https://www.vaticannews.va/pt/mundo/news/2022-01/o-dna-da-fe-da-peninsula-iberica.html?fbclid=IwAR0Cxk_hysKFjMnVRzH4RxNVS7gtZrKn-hj1ol1SL4cCBxCSgwc9IIp47YA

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Presidente da Guiné-Bissau aprova proposta do Departamento Heráldico da Fundação Oureana para a Criação das Três Ordens de Estado

O Presidente da República da Guiné-Bissau, General de Exército Umaro Sissoco Embaló no acto da Nomeação

Acaba de ser aprovado pela Presidência da República da Guiné-Bissau, o projecto para a criação das três Ordens de Estado, que teve origem num Projecto concebido em 24 de Setembro de 2017, pelo Colégio Heráldico da Fundação Oureana, para a instituição na Guiné-Bissau das suas Ordens Honoríficas, uma Chancelaria das Ordens e um Colégio Heráldico Nacional.

O Chanceler-Mor das Ordens General Malam Ca

O Presidente da República da Guiné-Bissau, General de Exército Umaro Sissoco Embaló que assinou o Decreto para a criação das três Ordens de Estado, nomeou Chanceler-Mor das mesmas, o General Malam Camará.

A ideia para a criação das Ordens foi proposta pelo Conselheiro da Presidência da República da Guiné-Bissau, Manuel Beninger Simões, Presidente da Fundação Meninos do Bissauzinho que partilha a autoria do projecto com o Heraldista Chefe Carlos Evaristo, o perito que concebeu a natureza e orgânica para a concessão das ordens e o ordenamento heráldico. Os desenhos são do Desenhador Heráldico Mathieu Chaine, do Colégio Heráldico da Fundação e o projecto oferecido gratuitamente ao Governo da Guiné-Bissau.

O projecto de proposta, assim como a minuta para o Decreto Presidencial foram preparados pelo Colégio Heráldico da Fundação, tendo por base a orgânica das Ordens Honoríficas da República Portuguesa, prevendo a criação pelo Presidente da República da Guiné-Bissau, das seguintes Ordens, baseando os nomes e insígnias das Ordens no lema e símbolos do Ordenamento Heráldico e da Divisa Nacional:

O Chanceler-Mor das Ordens General Malam Camará

ORDEM DA UNIDADE

ORDEM DA LUTA

ORDEM DO PROGRESSO

Na Minuta do Decreto pode-se ler que: “Pela Vontade do Povo, o Presidente da República da Guiné-Bissau, reconhecendo que a nossa Bem Amada e Gloriosa Pátria, ao contrário das outras Nações, até este momento não possuía Ordens Honoríficas de Estado para o Chefe da Nação, em nome do seu Povo, e a bem da Nação, poder Reconhecer, Galardoar ou Distinguir, em vida ou a título póstumo, os Cidadãos, e as Organizações e Entidades, Nacionais ou Estrangeiras, que se notabilizem por Méritos, pessoais ou colectivos, por Feitos Militares, Heroicos ou Cívicos, por Actos Excepcionais ou por Serviços Relevantes prestados ao País“, por meio deste Decreto cria as Ordens Honoríficas de Estado que por sugestão da comissão autora do Projecto que de acordo com o Chefe da Comissão autora do Projecto, Carlos Evaristo, “baseamos no Lema e Símbolos do Brasão da Divisa Nacional.”

Ordens que “servirão para serem perpetuamente outorgadas pelo Chefe de Estado em Pleno Exercício das suas Funções e Cargo” e que serão respectivamente de carácter: “Nacional, Militar e de Mérito Civil, a cada uma correspondendo finalidades e insígnias específicas, consagradas no Decreto e orgânica de gestão e concessão agora aprovado.

De harmonia com os usos internacionais, as Ordens Honoríficas da República da Guiné-Bissau podem ser atribuídas a cidadãos estrangeiros, como membros honorários de qualquer grau. Também os corpos militarizados, as unidades ou estabelecimentos militares podem ser declarados membros honorários de qualquer das Ordens, sem indicação de Grau, tal como as localidades, as colectividades e instituições que sejam pessoas colectivas de direito público ou de utilidade pública há, pelo menos, vinte e cinco anos.

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O Presidente da República da Guiné-Bissau, General de Exército Umaro Sissoco Embaló

Estas três Ordens que “servirão para serem perpetuamente outorgadas pelo Chefe de Estado em
Pleno Exercício das suas Funções e Cargo”
serão respectivamente de carácter: “Nacional, Militar e de Mérito Civil e a
cada uma correspondem finalidades e Insígnias específicas, consagradas no Decreto e orgânica de Gestão e Concessão agora aprovado.

Como Grão – Mestre das três Ordens de Estado, o Presidente da República da Guiné-Bissau usará, enquanto exerce funções de Chefe de Estado, a Banda das Três Ordens e o Grande Colar das Três Ordens, insígnias desenhadas pelo Desenhador Heráldico Francês; Mathieu Chaine do Departamento Heráldico da Fundação.

“De harmonia com os usos internacionais, as Ordens Honoríficas da República da Guiné-Bissau podem ser atribuídas a cidadãos estrangeiros, como membros honorários de qualquer grau, não se lhes aplicando as condições da sua concessão a cidadãos nacionais.

Os corpos militarizados e as unidades ou estabelecimentos militares podem ser declarados membros honorários de qualquer das Ordens, sem indicação de Grau, tal como as localidades, as colectividades e instituições que sejam pessoas colectivas de direito público ou de utilidade pública há, pelo menos, vinte e cinco anos.

AS NORMAS DE CONCESSÃO PROPOSTAS

A Concessão de qualquer grau das Ordens Honoríficas da República da Guiné-Bissau é da Exclusiva Competência do Senhor Presidente da República como Grão-Mestre das Ordens. A Competência referida no número anterior pode ser exercida “Motu Proprio” por iniciativa própria do Senhor Presidente da República ou por Proposta do Senhor Presidente da Assembleia da República ou do Senhor Primeiro-Ministro.

O grau de Grande-Colar destina-se principalmente a agraciar Chefes de Estado podendo, ainda ser concedido, por Decreto do Senhor Presidente da República, antigos Chefes de Estado e a pessoas cujos feitos, de natureza extraordinária e especial relevância para a Guiné-Bissau, os tornem merecedores dessa distinção.


PROPOSTAS PARA CONCESSÃO DE ORDENS HONORÍFICAS

O Presidente da Assembleia da República e o Primeiro-Ministro podem propor a concessão dos graus de qualquer Ordem a Cidadãos Nacionais ou Estrangeiros, sendo que a iniciativa das Propostas apresentadas pelo Primeiro-Ministro podem partir de qualquer dos Ministros.

A iniciativa das propostas de concessão da Ordem Militar da Luta é reservada ao Ministro da Defesa Nacional, ouvido o Senhor Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas ou os Senhores Chefes dos Estados-Maiores do Exército, da Armada ou da Força Aérea, consoante o ramo a que pertença o agraciado, sendo formalizada pelo Senhor Primeiro-Ministro.

Os Conselheiros das Ordens podem propor a concessão de qualquer grau das respectivas Ordens, por iniciativa de qualquer dos seus membros ou no termo da apreciação  das solicitações de agraciamento formuladas por quaisquer cidadãos ou entidades.

A Concessão de qualquer condecoração a Cidadãos Estrangeiros, quando não seja da iniciativa do Senhor Presidente da República ou por proposta do Presidente da Assembleia da República ou do Primeiro-Ministro, é precedida de Minuta de Informação do Ministro Responsável pelos Negócios Estrangeiros.


FORMA E CONTEÚDO DAS PROPOSTAS E RESERVA DO DIREITO DE ACESSO

As Propostas de Concessão de qualquer grau das Ordens Honoríficas da República da Guiné-Bissau devem ser devidamente fundamentadas e Assinadas pela Entidade Proponente.

Os Fundamentos exigidos para a Concessão do Título de Membro Honorário de uma Ordem
a Localidades, Colectividades e Instituições devem ser provados pela Entidade Proponente, em
documentação anexa à Proposta, quando não constituam factos notórios.

É especialmente Obrigado ao Dever de Sigilo quem aceder, no exercício e por causa das suas
funções, à documentação referida nos números anteriores.

FORMA DO ACTO DE CONCESSÃO

A Concessão reveste a forma de Alvará, a publicar, integralmente ou por extracto, no Diário
do Governo.

Concedida a Condecoração, a Chancelaria das Ordens emite o correspondente Diploma e
Carta Patente, assinada pelo Chanceler da respectiva Ordem e autenticado com o Selo Branco
da Chancelaria.

Os Diplomas respeitantes ao grau de Grande-Colar são sempre assinados pelo Senhor Presidente da
República.

FORMA DE NVESTIDURA

A Investidura consiste na Imposição das Insígnias ao Agraciado por quem Presidir ao Acto Cerimonial.

A Investidura de Cidadãos Nacionais é precedida da Assinatura do Compromisso de Honra de Observância da Constituição e da Lei e de respeito pela Disciplina própria das Ordens Honoríficas Nacionais.

A “Investidura Solene” é assim designada quando o Senhor Presidente da República como Grão-Mestre das Ordens determinar no Despacho de Concessão.

Na “Investidura Solene”, a Imposição de Insígnias é precedida da Leitura do Alvará de
Concessão e do Toque e ou Canto do Híno Nacional.

A “Investidura Solene” tem lugar em Acto presidido pelo Senhor Presidente da República.

O Senhor Presidente da República pode Delegar no Senhor Presidente da Assembleia da
República ou ao Senhor Primeiro-Ministro a Imposição de Insígnias, nomeadamente em
Agraciamentos resultantes de Proposta dos mesmos.

O Senhor Presidente da República pode ainda, por expressa Delegação sua, encarregar da
Imposição das Insígnias os Chanceleres das respectivas Ordens, os Membros do Governo, os
Representantes da República nas Regiões Autónomas, em Actos a realizar nelas, os Chefes de
Estado-Maior ou os Embaixadores ou Consuls nos Países onde a Cerimónia ocorra.

A Solenidade da Investidura pode ser Simplificada em circunstâncias especiais.

PREVILÉGIOS DOS AGRACIADOS

As Unidades, Estabelecimentos Militares, Corpos Militarizados, Localidades, Colectividades e Instituições agraciadas usam sobre o laço da Bandeira de Desfile ou Estandarte Oficial outro laço de fitas da cor da Ordem, franjadas de ouro, tendo pendente numa das pontas o respectivo distintivo, não devendo os Laços das Condecorações ser usados cumulativamente com quaisquer adornos ou com outras insígnias.

Todos os membros das Ordens podem usar as Insígnias da Ordem Honorífica nas ocasiões apropriadas e também usarem as mesmas nos Escudos, Brasões de Armas ou Selos afixados em documentos que os identifiquem.

CHANCELARIA DAS ORDENS

As Unidades, Estabelecimentos Militares, Corpos Militarizados, Localidades, Colectividades e Instituições agraciadas usam sobre o laço da Bandeira de Desfile ou Estandarte Oficial outro laço de fitas da cor da Ordem, franjadas de ouro, tendo pendente numa das pontas o respectivo distintivo, não devendo os Laços das Condecorações ser usados cumulativamente com quaisquer adornos ou com outras insígnias.

Todos os membros das Ordens podem usar as Insígnias da Ordem Honorífica nas ocasiões apropriadas e também usarem as mesmas nos Escudos, Brasões de Armas ou Selos afixados em documentos que os identifiquem.


PROPOSTA DA CRIAÇÃO DE UM COLÉGIO HERÁLDICO PARA DESENHO, REGISTO E USO DE BRASÕES DE ARMAS

A fim de se poder desenhar, conceder e registar armas institucionais para repartições públicas, ministérios, corpos militares, municípios, etc. e ainda para poder conferir armas particulares a membros das Ordens que podem ostentar nos mesmos ou em selos as insígnias da(s) Ordem(s) Honorífica(s) com que foram agraciados foi também proposto ao Presidente da República da Guiné-Bissau, a criação de um Colégio Heráldico Estatal composto por um Heraldista Chefe, um Heraldista Assistente, um Desenhador Heráldico e três Conselheiros Heráldicos. Tarefas para as quais o Colégio Heráldico da Fundação Oureana disponibilizou a sua assesoria.



ORGÂNICA DAS TRÊS ORDENS PROPOSTAS À PRESIDÊNCIA DA REPUBLICA A 24 DE SETEMEBRO DE 2017

A ORDEM DA UNIDADE

O distintivo da Ordem da Unidade é uma estrela de nove pontas de esmalte vermelho perfilada de ouro, carregada, ao centro, de um círculo de vermelho com uma vieira de ouro, tudo envolvido por uma bordadura de esmalte verde filetada de ouro, com a legenda “Ordem da Unidade”, em letras maiúsculas de ouro.

É a mais alta condecoração da República da Guiné-Bissau e será atribuída pelo Presidente da República nos seguintes graus:

a) Grande-Colar; é o mais alto grau da Ordem sendo concedido exclusivamente a Chefes de Estado Estrangeiros durante visitas de Estado ou actos protocolares, podendo ainda ser concedido a antigos Chefes de Estado ou a pessoas cujos feitos, de natureza extraordinária perpétua ou de especial relevância internacional para a Guiné-Bissau, os tornem merecedores dessa Alta Distinção;

b) Grã-Cruz; pode ser concedida a qualquer cidadão, nacional ou estrangeiro, por altos serviços pontualmente prestados à Pátria ou que foram prestados de forma continuada, ao longo dos anos e por feitos muito extraordinários em prol da Guiné-Bissau, de elevado relevo e importância nacional, como os realizados por Primeiro Ministros e líderes políticos ou religiosos que tenham desempenhado um papel importante para a Unidade Nacional, após cumprimento de mandato, cargo ou no fim de carreira política;

c) Grande-Oficial; pode ser concedida a qualquer cidadão, nacional ou estrangeiro, por serviços ou feitos extraordinários prestados ou realizados em prol da Guiné-Bissau ou actos de alto relevo e importância nacional no campo da governação, como os que são exercidos por Ministros do Governo que tenham desempenhado um papel importante para a Unidade Nacional e isto após cumprimento de mandato, cargo ou no fim de carreira política;

d) Comendador; pode ser concedida a qualquer cidadão, nacional ou estrangeiro, por serviços ou feitos prestados ou realizados em prol da Guiné-Bissau actos de relevo e importância no campo da diplomacia estrangeira reservando-se este grau particularmente para distinguir Embaixadores que tenham desempenhado um papel importante para as Relações Internacionais no cumprimento de mandato ou em fim de carreira diplomática;

e) Oficial; pode ser concedida a qualquer cidadão, nacional ou estrangeiro, por serviços ou feitos prestados ou realizados em prol da Guiné-Bissau ou actos de importância no campo da diplomacia e cidadania reservando-se este grau particularmente para distinguir cônsules que tenham desempenhado um papel importante para a representação consular no cumprimento de mandato ou em fim de carreira consular;

f) Cavaleiro ou Dama; pode ser concedida a qualquer cidadão, nacional ou estrangeiro, por serviços ou feitos prestados ou realizados em prol da Guiné-Bissau no país ou fora dele, tais como em Comunidades Emigrantes;

A ORDEM DA LUTA

O distintivo da Ordem da Luta é uma é uma estrela de cinco pontas de esmalte negro perfilada de ouro, carregada, ao centro, de um círculo de ouro com a legenda “Luta”, em letras maiúsculas de vermelho, tudo envolvido por uma bordadura de esmalte vermelho filetada de ouro, com a legenda “República da Guiné-Bissau”, em letras maiúsculas de negro.

Representando o luto nacional e perpetuo de homenagem devida aos soldados mortos em combate e o sangue dos filhos da pátria.

É a mais alta condecoração da República da Guiné-Bissau e será atribuída pelo Presidente da República, como Chefe Supremo das Forças Armadas, para reconhecer altos serviços militares a oficiais das Forças Armadas, da Polícia e similares, tais como a Unidades, Órgãos, Estabelecimentos e Corpos Militares, e ainda os Soldados da Paz, tais como Bombeiros, Paramédicos, etc nos seguintes graus:

A Ordem da Luta pode ser também atribuída por Actos Heróicos praticados por Soldados em prol da Pátria ou do próximo, sendo condições gerais necessárias, no seu conjunto, para atribuição de qualquer grau da Ordem da Luta as seguintes:

a) Ter prestado, pelo menos, sete anos de Serviço Militar a contar da data da graduação ou promoção a Oficial;

b) Ter no decurso da carreira militar revelado elevados atributos morais e profissionais, manifestados através de uma irrepreensível conduta, reconhecidas qualidades cívicas e virtudes militares;

c) Ter prestado serviços altamente meritórios, reconhecidamente relevantes e distintos e que tenham contribuído para o Prestígio Militar das Forças Armadas ou da Polícia, etc., com especial relevância para os serviços prestados em campanha ou com risco de vida.

O Critério para a Concessão de cada grau da Ordem da Luta, baseia-se nomeadamente na Condecoração prévia com graus inferiores na mesma Ordem. Aos vários graus da Ordem da Luta, pertencem as honras militares correspondentes aos seguintes postos, se os condecorados não tiverem outras superiores:

a) Chefe de Estado Maior do Exército (em exercício de funções): Grande Colar;

b) Generais: Grã-Cruz;

c) Coronéis: Grande-Oficial;

d) Tenentes-coronéis: Comendador;

e) Majores: Oficial;

f) Alferes: Cavaleiro ou Dama;

Aos Militares Condecorados com a Ordem da Luta é permitido o uso das Insígnias respectivas, em passeio, com qualquer uniforme.

A ORDEM DO PROGRESSO

O distintivo da Ordem do Progresso são dois ramos de oliveira vitoriosos entrelaçadas de esmalte verde, unidos na base por um anel de ouro, carregados, ao centro, com o mapa do território da Guiné-Bissau esmaltado com as cores da Bandeira Nacional.

A Ordem do Progresso será atribuída em reconhecimento de serviços relevantes prestados em defesa dos valores da civilização e do progresso na agricultura, na tecnologia, na ciência e na indústria, etc. ou também em prol da dignificação da pessoa humana, de causas humanitárias e da causa da liberdade. Pode ainda distinguir quem houver prestado serviços relevantes à Pátria, no país ou no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura nacional ou por dar maior conhecimento da Guiné-Bissau, da sua história, cultura, música, arte e valores no mundo. 

A Ordem do Progresso pode galardoar actos ou serviços meritórios praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas, que revelem abnegação em favor da colectividade com o grau de Companheiro.

O Presidente da República da Guiné-Bissau pode ainda reconhecer com a Medalha de Mérito da Ordem do Progresso os altos serviços prestados à causa da educação e do ensino tendo assim o objectivo de reconhecer o Mérito Civil, manifestado no exercício de funções públicas ou privadas, em especial na área social, educacional e no meio empresarial.

Os graus de concessão desta Ordem são iguais as anteriores com excepção do grau da medalha de Mérito que nas demais não existe.

IGUALMENTE PROPOSTA A CONSAGRAÇÃO DE ARMAS, BANDEIRA E HINO NACIONAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU

A Proposta do Colégio Heráldico da Fundação Oureana incluía a ideia de consagrar no Decreto Presidencial; o Brasão de Armas da Guiné-Bissau, a Bandeira Nacional e o Hino Nacional, já consignados no Artigo 22º nr.º 1 da Constituição da República da Guiné-Bissau.

O Brasão de Armas da Guiné-Bissau

As Armas da República da Guiné-Bissau consistem em duas palmas de esmalte verde, avivadas de ouro, dispostas em círculo, unidas pela base, onde assenta uma vieira amarela, alegoria à localização do país na costa Oeste de África, e ligadas por um listel de esmalte vermelho, filetado de negro, em que se inscreve o lema «UNIDADE LUTA PROGRESSO», em letras maiúsculas negras. Encimando a extremidade superior das palmas uma estrela negra de cinco pontas, simbolizando o Pan-Africano e frequentemente referenciada como a “Estrela Negra de África”.

A Bandeira Nacional da Guiné-Bissau

A bandeira da Guiné-Bissau é composta por uma faixa vertical de vermelho e duas faixas horizontais de amarelo e verde. No centro da faixa vermelha está uma estrela preta de cinco pontas.

O Hino Nacional da Guiné-Bissau

O Hino Nacional foi escrito por Amílcar Cabral e a música composta por Xiao He.

Esta é a Nossa Pátria Bem Amada
Sol, suor, o verde e o mar,
Séculos de dor e esperança;
Esta é a terra dos nossos avós!
Fruto das nossas mãos,
Da flôr do nosso sangue:
Esta é a nossa pátria amada.
Viva a pátria gloriosa!
Floriu nos céus a bandeira da luta.
Avante, contra o jugo estrangeiro!
Nós vamos construir
Na pátria imortal
A paz e o progresso!
Nós vamos construir
Na pátria imortal
A paz e o progresso! Paz e o progresso!
Ramos do mesmo tronco,
Olhos na mesma luz:
Esta é a força da nossa união!
Cantem o mar e a terra
A madrugada e o sol
Que a nossa luta fecundou.

O Ministro da Defesa da Guiné-Bissau, General Sandji Fati e Manuel Beniger Simões com o Decreto e o Projecto das Ordens

O COLÉGIO HERÁLDICO DO DEPARTAMENTO HERÁLDICO DA FUNDAÇÃO OUREANA

O Departamento Heráldico da Fundação Oureana, foi criado em 2000 por Carlos Evaristo e está sedeado no Centro de Estudos das Ordens Dinásticas da Casa Real Portuguesa localizado no Castelo de Ourém, inaugurado em 1996 por John Mathias Haffert e D. Duarte Pio de Bragança. O Departamento da Fundação é um órgão com Colégio Heráldico que dá pareceres e trata da elaboração gratuita de projectos de Brasões de Armas e Condecorações tanto para entidades públicas como privadas, assim como para Casas Dinásticas e pessoas individuais.

Os pareceres, estudos e projectos, são depois propostos à consideração, para aprovação e registo de Conselhos Heráldicos de Estado, Reis d’Armas de Reinos, Heraldistas e Departamentos Heráldicos Municipais e de Estado, com legítimo Fons Honorum Legal para concederem autorização, para criar Brasões e Ordens Honoríficas e Implementar e Regular o uso das mesmas. O Colégio Heráldico também dá pareceres às Casa Reais e Dinásticas através de outro Departamento da Fundação; o Instituto Preste João, Real e Imperial Conselho de Nobreza Estrangeira, que também tem uma Associação do mesmo nome, criada pela Fundação Oureana em 2003 e hoje reconhecida mundialmente como único órgão reconhecido para registo das Honras, Ordens e Mercês conferidas por Casas Reais e Imperiais extra europeias, não reinantes.

É de referir que embora haja quem assuma o uso de armas pessoais ou associações e heraldistas privados que produzem Cartas de Armas, a verdade é que, legalmente nenhuma organização ou pessoa, a não ser parte de um órgão de Estado com poderes para o efeito, ou entidade com Fons Honorum; Pontifício, Diocesano ou Dinástico de uma Casa Real, pode validamente atribuir, registar e regular armas para uso individual, familiar ou institucional.

O Departamento Heráldico da Fundação já teve vários Heraldistas Chefes no Conselho Heráldico e entre eles: Carl Lindgren (2000 – 2003), David Ashley Pritchard (2003 – 2005), Carlos Evaristo (2005 – ) e Humberto Nuno de Oliveira (2019 – ). Foram Desenhadores Heráldicos do Conselho; Clyde William Webb (2000 – 2005), Hernani Marques de Carvalho (2005) Padre John Guilbbert Mariani (2005 – 2015) e actualmente Mathieu Chaine (2015 – ) e Humberto Nuno de Oliveira (2019 – ), especialista em Falerística, Heráldica e Protocolo de Estado.

Acaba de ser aprovado pela Presidência da República da Guiné-Bissau, o projecto para a criação das três Ordens de Estado, que teve origem num projecto concebido em 24 de Setembro de 2017, pelo Colégio Heráldico da Fundação Oureana, para a instituição na Guiné-Bissau das suas Ordens Honoríficas, uma Chancelaria das Ordens e um Colégio Heráldico Nacional.
O Desenhador Heráldico Mathieu Chaine

Também fazem parte do Conselho Heráldico, para além dos membros já supra referidos; os seguintes Conselheiros; Pier Felice degli Uerti, Presidente da I.C.O.C., especialista mundial em Ordens e Casas Reais; Manuel Beninger Simões, Conselheiro Diplomático e especialista em relações Diplomáticas; Kevin Couling, especialista em Heráldica e Ordens; e os Advogados especialistas nestas matérias: António Agostinho dos Santos Pereira, Jorge Costa Rosa e Luis Roberto Lorenzato di Ivrea, Deputado Federal na Itália. São Secretários do Departamento; David Alves Pereira e Bruno de Castro.

Até hoje, o Departamento Heráldico da Fundação já preparou e apresentou gratuitamente e a pedido de entidades Governamentais, Episcopais Diocesanas ou Chefes de Casas Reais Dinásticas, não reinantes, mais de 35 projectos para a criação de Condecorações de Mérito e Ordens, um dos quais acaba de ser aprovados e implementados pelos Governos da República da Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe. Outros três estão actualmente em apreciação por parte de Governos estrangeiros.

O Departamento Heráldico também desenhou gratuitamente mais de 150 Brasões de Armas para indivíduos, entidades, particulares e instituições sendo que alguns foram posteriormente usados na elaboração de Cartas Oficiais de Concessão de Armas e Cartas de Reconhecimento de Armas.

O Colégio Heráldico da Fundação já preparou também Brasões de Armas que foram posteriormente aprovados e conferidos pela Corte do Lord Lyon, o Rei d’armas da Escócia e o recém-criado Gabinete do Heraldista de Estado da República de Malta.

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O Departamento desenhou também as Insígnias da Real Guarda de Honra, da Real Confraria do Santo Condestável, do Instituto Amália Rodrigues, Rainha do Fado, novas Insígnias da Ordem de São Miguel da Ala e da Real Irmandade da mesma soberana Invocação e o Brasão da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora e as Armas da Regalis Lipsanotheca e o Instituto Preste João entre muitas outras organizações. Também criou Brasões de Armas, Insígnias de Ordens e Condecorações Diocesanas, e entre elas, o Brasão Episcopal do Bispo de São Tomé e Príncipe, D. Manuel António Mendes dos Santos e o logotipo da CEAST; Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe.

FONTE: https://www.facebook.com/watch/?v=1027078351416498&extid=WA-UNK-UNK-UNK-IOS_GK0T-GK1C&ref=sharing

13 de Novembro de 2021

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Faleceu Frá Matthew Festing, Príncipe Grão-Mestre Emérito da Soberana Ordem de Malta, Patrono da Real Confraria do Santo Condestável e da Regalis Lipsanotheca

R.I.P.
Frá Matthew Festing
(1949 – 2021)

É com triste pesar que a Fundação Histórico – Cultural Oureana recebe a notícia do falecimento de Frá Matthew Festing, Príncipe Grão-Mestre Emérito da Soberana Ordem de Malta.

O falecimento de Frá Matthew de 71 anos de idade, foi comunicado pelo Grande Magistério da Ordem de Malta em Roma, como tendo ocorrido, hoje, Sexta-Feira, 12 de Novembro.

Festing, foi o 79º Grão-Mestre da Soberana Ordem de Malta, e era, desde 22 de Setembro de 2009, Patrono Fundador e Condestável-Mor Honorário da Real Confraria do Santo Condestável. Era também Patrono Honorário do Museu da Fundação; Regalis Lipsanotheca e Botica de São João / ambos os edifícios fazendo parte da Exposição Nacional do Santo Condestável da Fundação Oureana.

Numa carta dirigida à Real Confraria em 2009 informava: “Ficarei muito contente em ser Patrono Honorário do vosso Museu.”

Festing era grande devoto das Santas Relíquias mas também de São Nuno de Santa Maria tendo assistido à Missa de Canonização, a 26 de Abril de 2009, na Praça de São Pedro no Vaticano, altura em que havia solicitado à Real Confraria, uma relíquia e imagem do Santo Condestável para uso devocional na Capela no Palácio do Grande Magistério em Roma. A relíquia e imagem, oferecidas e enviadas pelos Confrades Fundadores da Real Confraria, Carlos Evaristo e José António Alves Cunha Coutinho, foram entronizadas pelo Príncipe Grão-Mestre, na referida capela, pela Festa de São João Baptista, aniversário do nascimento de D. Nuno Àlvares Pereira.

Sobre a relíquia de São Nuno escreveu: “A Ordem de Malta tem muita honra em receber uma relíquia de São Nuno (…) E obviamente iriamos ficar encantados de a ter e muito a iremos estimar.”

O Príncipe Frá Matthew Festing com os Confrades Fundadores; Carlos Evaristo e Vítor Portugal dos Santos

Frá Matthew escrevia com regularidade, e durante muitos anos, para a Real Confraria. Sua última carta como Príncipe e Grão-Mestre da Ordem de Malta, por coincidência, está datada do mesmo dia de sua abdicação.

Festing havia participado no último dia 4 de Novembro, em Malta, na Profissão de Votos Solenes de Frá Francis Vassallo, na Concatedral de São João de la Valette, mas após a cerimônia, sentiu-se mal e foi levado ao hospital onde ficou internado ao se verificar que o seu estado de saúde era considerado grave. No dia 6 de Novembro, Festa de São Nuno, foram enviados votos de rápidas melhoras e orações pelas suas rápidas melhoras por parte da Real Confraria.

Frá Matthew cumprimenta o Celebrante na Missa que teve lugar no passado dia 4 de Novembro

Frá Marco Luzzago, atual Lugar-Tenente do Grão-Mestre, pediu orações pela alma de Frá Matthew Festing que nasceu em 1949, em Northumberland, na Inglaterra. Filho de Robert Matthew Festing, era descendente de Sir Adrian Fortescue, Cavaleiro de Malta que morreu Mártir, em1539.

Matthew Festing estudou História na Universidade de Cambridge e era especialista em Arte. Também serviu os Granadeiros, foi Coronel do Exército Britânico e recebeu da Rainha Elizabeth II, o título de Oficial da Ordem do Império Britânico.

Frei Matthew Festing ingressou na Soberana Ordem de Malta no ano de 1977 onde Professou Solenemente os votos em 1991, tornando-se no primeiro membro da Ordem a ter o título de Grão-Prior de Inglaterra após 450 anos. Em 2008, foi Eleito Príncipe e 79º Grão-Mestre da soberana Ordem de Malta e permaneceu no cargo até à sua renúncia, a pedido do Papa, em Janeiro de 2017.

O Papa Francisco com o Príncipe Matthew Festing em 2017

Durante os anos que passou à frente da Ordem de Malta, visitou todos os Continentes para conhecer com detalhes o trabalho da Ordem além de reforçar laços Diplomáticos com todos os países. Foi o principal promotor das peregrinações anuais da Ordem de Malta aos Santuários Marianos, de Fátima e Lourdes, onde se encarregava pessoalmente de acolher os peregrinos com deficiências.

Rogamos a todos os Capelães e Confrades da Real Confraria que rezem para que Deus conceda o Eterno descanso ao nosso querido Patrono para assim gozar de paz na Pátria Celeste na companhia de São Frei Nuno Nuno de Santa Maria que também foi Prior da Ordem de São João em Portugal.

Um Missa por alma de Frá Matthew Festing será mandada celebrar pela Real Confraria em data a anunciar.

12 de Novembro de 2021

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Família Real Portuguesa visitou Exposição no Palácio Nacional da Ajuda

O Chefe da Casa Real Portuguesa, Dom Duarte Pio de Bragança, visitou a exposição temporária “D. Maria II. De Princesa Brasileira a Rainha de Portugal (1819 – 1853)”, acompanhado de sua mulher D. Isabel, dos filhos e dos primos.

A visita guiada à exposição patente na Galeria de Pintura Rei D. Luís I do Palácio da Ajuda, foi conduzida pelo Dr. José Alberto Ribeiro, Director do Monumento, que explicou aos Duques de Bragança e seus filhos D. Afonso, Príncipe da Beira e D. Maria Francisca, Duquesa de Coimbra, a história das peças expostas que incluem a Coroa Real, o Ceptro e o Trono mandados fazer para a Coroação da Rainha D. Maria II.

É de recordar que as Fundações D. Manuel II e Oureana mantêm Protocolos com o Palácio Nacional da Ajuda para conservação, consulta e divulgação de património.   

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27 de Outubro de 2021

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Real Confraria e Real Guarda de Honra celebram Festa do seu Patrono na Igreja do Santo Condestável em Lisboa

Mural do Altar Mor da Igreja

A Real Confraria do Santo Condestável juntamente com a Real Guarda de Honra, voltaram a celebrar a Festa do seu patrono na Igreja do Santo Condestável, em Lisboa, com investiduras de novos Confrades, Missa Solene com Veneração de Relíquia Insigne e um Jantar de Convívio / Capítulo Geral.

Alguns Membros do Conselho da Real Confraria com os novos Confrades e elementos da Real Guarda de Honra

A Festa litúrgica de São Nuno de Santa Maria celebrada pela Real Confraria do Santo Condestável e a Real Guarda de Honra, teve lugar na Igreja do Santo Condestável, em Campo de Ourique, Lisboa, com início às 18:30 Horas, altura em que se realizaram as Investiduras de novos Confrades na Cripta da Igreja junto ao túmulo de São Frei Nuno de Santa Maria Álvares Pereira.

A cerimónia este ano foi presidida por Sua Alteza Real Dom Afonso de Bragança, Príncipe da Beira, Condestável-Mor Honorário e Patrono em representação de seu pai, Sua Alteza Real Dom Duarte Pio de Bragança, Chefe da Casa Real Portuguesa, que não pode estar presente por se encontrar, à mesma hora, a assistir à Missa de Exéquias Fúnebres de Sua Exª Rev.ma D. Basílio do Nascimento, Bispo de Baucau, Timor Leste que teve lugar no Mosteiro dos Jerónimos.

Presentes este ano nas cerimónias estiveram os Condestáveis Fundadores José António e Maria Antonieta da Cunha Coutinho juntamente Maria Margarida Evaristo, o Condestável-Mor para Lisboa, Humberto Nuno de Oliveira, e o Alcaide para Ourém e Coordenador da Acção Social “Peacemakers” David Alves Pereira. No total participaram 35 Confrades e uma Delegação de 6 elementos da Real Guarda de Honra, comandados nesta ocasião pela Comandante em Exercício, Dama Guarda de Honra Maria Filomena de Castro.

Investiduras de Novos Confrades e Promoções

Os Confrades investidos nesta ocasião foram Maria de Lurdes Antunes de Ascensão Teixeira Fernandes Lopes, José Tomé Chasqueira Boavida, Nuno Ricardo Gonçalves Pereira Candeias e D. António Albuquerque de Sousa Lara admitido no grau de Alcaide.

Os Confrades estrangeiros honorários admitidos nesta ocasião foram dois espanhóis: o Alferes de Navio José Luis Barceló e sua mulher Maria del Pilar Vicente, Cavaleiro e Dama Honorários da Casa Real Portuguesa e ainda um Irlandês; William Smyth.

Foi promovido a Alcaide o Confrade Mário Neves, que tem sido incansável na promoção do Culto de São Nuno e igualmente promovido a Alcaide e Adjunto do Condestável-Mor para Lisboa, o Confrade João Pedro Antunes de Ascensão Teixeira, que tal como sua irmã, Maria de Lurdes Antunes de Ascensão Teixeira Fernandes Lopes, foi baptizado naquela igreja onde se encontra o túmulo oficial de São Nuno.

Todos os novos Confrades foram dispensados da imposição do escapulário de Nossa Senhora do Carmo pelo facto de já terem sido investidos há vários anos com o mesmo por um Sacerdote.

No uso da palavra o Condestável-Mór Fundador Carlos Evaristo informou que este ano o Revº. Padre Francisco Rodrigues, O. Carm. Capelão Mór Fundador da Real Confraria e Vice-Postulador Emérito, não pode estar presente pelo facto de ter sido recentemente internado no hospital devido a uma intoxicação alimentar. Carlos Evaristo recordou que foram também investidos este ano como Confrades Professos; Leonardo Pereira Rodrigues, Hernani Luis de Carvalho e Rui Salazar de Lucena e Mello e como Confrades estrangeiros, Professos e Honorários; Simon Andrew Robert Appleby-Wintle, Thomas Joseph Serafin, André Ladislau Olegario Jaross, Eugénio Emiliano Arciuszkiewicz, Anton Tkachuk, Eugenio Magnarin, Franco Vassallo de Ferrari di Brignano e Fernando Diago de la Presentación.

José António da Cunha Coutinho, D. Afonso de Bragança, Carlos Evaristo, Mário Neves e David Alves Pereira
A Promoção a Alcaide do Confrade Mário Neves
O momento da Investidura do Alcaide D. António de Sousa Lara
O Alcaide Mário Neves agradece a promoção
A imposição do Hábito ao Alcaide D. António de Sousa Lara
Alferes de Navio José Luis Barceló
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A imposição do Hábito ao Alferes de Navio José Luis Barceló
A Imposição do Hábito à Confradesa Maria de Lurdes pela Dama Condestável Fundadora Margarida Evaristo
A Investidura de Maria de Lurdes Antunes de Ascensão Teixeira Fernandes Lopes
A Investidura de Maria de Lurdes Antunes de Ascensão Teixeira Fernandes Lopes

A Investidura da Confradesa Maria del Pilar Vicente
A Imposição do Habito ao Confrade José Tomé Chasqueira Boavida pelo Alcaide David Pereira
O Confrade José Tomé Chasqueira Boavida cumprimenta o Condestável-Mor Fundador Carlos Evaristo
O Condestável-Mor para Lisboa, Humberto Nuno de Oliveira preside ao Capítulo Geral com o Adjunto, Alcaide João Pedro Teixeira e o Alcaide e Coordenador da Acção Social David Alves Pereira

Missa Solene presidida pelo Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa

Durante a homilia D. Manuel Clemente relembrou como o Santo Condestável antes das batalhas se preocupava se o inimigo teria comida suficiente e enviava mantimentos caso não tivessem, algo que mostrava a humanidade e generosidade de São Nuno como Comandante.

Depois da Comunhão foi colocada uma Coroa de Flores junto ao túmulo de São Nuno localizado debaixo do altar-mor e recitada uma oração, composta pelo Infante D. Pedro, pelo Cardeal Patriarca de Lisboa.

Depois do Coro ter cantado o Hino do Santo Condestável, terminada a Missa, foi dada a bênção final por D. Manuel Clemente e depois, ficou exposta no altar para veneração, a Relíquia Insigne do fémur de São Nuno, oferecida à Paróquia há 70 anos pelo então Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira.

Início do Cortejo litúrgico
O Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa relembra o 70º Aniversário da Igreja do Santo Condestável
Sua Alteza Real o Príncipe da Beira D. Afonso de Bragança
Os Membros do Conselho da Real Confraria e Maria Castro, a Comandante em Exercício da Real Guarda de Honra
Os Membros do Conselho da Real Confraria e a Comandante em Exercício da Real Guarda de Honra
O Coro da Paróquia
Duas jovens colocaram uma Coroa de Flores junto ao Túmulo do Santo Condestável
Duas jovens colocaram uma Coroa de Flores junto ao Túmulo do Santo Condestável
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Duas jovens colocaram uma Coroa de Flores junto ao Túmulo do Santo Condestável
O Cardeal Patriarca de Lisboa invoca o Santo Condestável durante a Oração
A Relíquia Insigne do Fémur de São Nuno de Santa Maria
Carlos Evaristo venera a Relíquia Insigne do Santo Condestável

Jantar de Convívio

Após a solene celebração litúrgica em honra de São Nuno de Santa Maria, seguiu-se um jantar de confraternização e o Capítulo Geral dos Confrades da Real Confraria do Santo Condestável e dos Membros da Real Guarda de Honra. Presidiu à Sessão o Senhor Dom Duarte Pio de Bragança, Condestável-Mor acompanhado de seu filho, o Príncipe da Beira o Senhor Dom Afonso de Bragança.

Presentes este ano em representação da Delegação Norte Americana da Real Confraria, estiveram os Confrades James e Jean Dudek que há mais de 20 anos promovem a devoção a São Nuno nos Estados Unidos da América no contexto da Mensagem de Fátima.

Agradecimentos Especiais

Antes de terminar o Capítulo Geral o Chefe da Casa Real Portuguesa deu as boas vindas aos novos confrades e agradeceu a presença de todos e particularmente os que vieram de longe. Agradeceu também à organização na pessoa do Alcaide João Pedro Teixeira, que organizou o protocolo da Missa e o jantar, e ao Confrade Armando Mendes que há mais de 30 anos colabora com o Apostolado de São Nuno e das Sagradas Relíquias.

No uso da palavra, Carlos Evaristo agradeceu a presença de todos os Confrades e relembrou os que não podiam estar presente e ainda os que faleceram recentemente. Agradeceu também a Filomena Maria Castro e aos membros da Real Guarda de Honra que deram brilho à homenagem a São Nuno e à Igreja do Santo Condestável no dia do seu 70º Aniversário.

Carlos Evaristo anunciou o encerramento do Centro de São Nuno da Real Confraria em Fátima, que durante muitos anos foi mantido pelos Confrades Brenda e Martin Cleary. O Centro não só acolhia peregrinos devotos em Fátima como também ajudava a angariar fundos para as obras sociais da Diocese de São Tomé e Príncipe. Carlos Evaristo agradeceu também a presença de Mário Pontes, José Manuel e Inês Rodrigues, sobrinhos da saudosa fadista Amália Rodrigues, que foi grande devota do Santo Condestável e à Delegação de Évora da Real Confraria e Real Guarda de Honra chefiada por Ricardo Maria Louro. Presente também esteve Roman von Ruppe, o Confrade responsável em Portugal pela obra social, Mary’s Meals.

Seguidamente o Senhor D. Afonso de Bragança investiu o Revº Padre Mário Cabral de Timor Leste como Capelão Honorário da Real Confraria do Santo Condestável e nomeou o Confrade William Smyth como Organista da Real Confraria e da Real Lipsanotheca.

A Festa de São Nuno terminou com a entrega de um donativo extraordinário de 100.00€ para a Obra do Caldeirão pela Confradessa Maria de Lurdes Antunes de Ascensão Teixeira Fernandes Lopes e a oferta do livro “O Exército e Nuno Álvares Pereira” pelo Alcaide Mário Neves, destinado à Biblioteca Condestabriana.

O Alferes José Barceló também entregou uma Relíquia Insigne de um lenço ensanguentado de Sua Majestade a Rainha Maria de las Mercedes de Orleans y Borbón, adquirida pela Fundação Oureana para a Real Lipsanotheca em Ourém. A Relíquia que chegou acompanhada de Madrid pelos Alferes e sua mulher era da Rainha de Espanha parente do Senhor D. Duarte de Bragança que morreu com fama de Santidade em Madrid, a 26 de Junho de 1878.

Carlos Evaristo e D. Afonso de Bragança agradeceram a Maria de Castro por ter representado o Comando Geral
D. Duarte de Bragança em conversa com membros da Família Mendes e o Confrade William Smyth
O Alferes José Barceló entrega uma Relíquia Insigne de Sua Majestade a Rainha Maria de las Mercedes

6 de Novembro de 2021

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Fundações ajudam Real Confraria do Santo Condestável com patrocínio de transporte de bens para Apoio Social em Portugal e em África

A Real Confraria do Santo Condestável, um Apostolado Canonicamente erecto no espírito do laicado Carmelitano tem vindo, desde 1996, a servir de Departamento Socio-Caritativo das Fundações Oureana e D. Manuel II. A mesma organização acaba de realizar mais uma série de acções socias em antecipação da Festa do seu Patrono, São Nuno de Santa Maria Álvares Pereira.

O Coordenador de Acção Social David Alves Pereira com o carregamento de bens entregue em Évora

Teve início no mês de Outubro, Mês dedicado a Nossa Senhora do Rosário, mais uma série de campanhas para angariação e entrega de bens aos mais carenciados, tanto em Portugal como em África. Os bens resultam de um esforço nacional levado a cabo por parte da Coordenação Norte da Real Confraria e da Associação Mãos Unidas com Maria em Fátima para a recolha de roupas e outros bens de primeira necessidade para os pobres.

O Duque de Bragança em trabalho de voluntariado na Sede da ONG – “SIM”, no passado mês de Agosto

Foi o Coordenador Social da Real Confraria do Santo Condestável; Jorge Manuel Reis Gonçalves, juntamente com seus irmãos voluntários; os Confrades António e José Gonçalves, que procederam, por quatro vezes, à recolha e transporte em camião TIR, de toda uma série de bens usados recolhidos e também doados pessoalmente pelo Coordenador Regional Norte da Real Confraria; Rui Salazar de Lucena e Mello.

Dom Duarte de Bragança e a Drª Carmo Jardim no armazém da ONG – SIM, a 26 de Agosto de 2021

Seguidamente, foi preparado pela prima do Coordenador Rui Mello, a Coordenadora Marília Oliveira, o recheio de outro contentor de bens usados transportados pela ONG -“SIM” da Drª Carmo Jardim.

O Duque de Bragança em trabalho de voluntariado na Sede da ONG – “SIM”, no passado mês de Agosto

Um quinto carregamento de bens foi descarregado, há duas semanas, nos portos de contentores de Lisboa e Setúbal, tendo na altura, o Coordenador Geral e Condestável-Mor da Real Confraria, Carlos Evaristo, e sua mulher, a Confradesa Margarida Evaristo, acompanhado o processo em representação das Fundações D. Manuel II e Oureana que patrocinaram a recolha, transporte e logística dos voluntários.

O Juiz da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde, Ricardo Louro, acompanhado dos Irmãos voluntários.

A Associação Mãos Unidas com Maria, cuja Fundadora e Presidente é a dedicadíssima Confradesa Florinda Marques, também recolheu e preparou um outro carregamento de roupas de inverno para homem, mulher e criança, mantas e roupas de cama, assim como outros bens essenciais para crianças e também brinquedos. Estes bens porém, estão destinados aos mais desfavorecidos da Arquidiocese de Évora. Foi graças à pareceria de colaboração social existente com a Real Confraria do Santo Condestável que foi patrocinado e coordenado a entrega de hoje.

O Coordenador David Alves Pereira com o Juiz da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde, Ricardo Louro, acompanhado dos Veneráveis Irmãos voluntários

O material carregado em Fátima pela Florinda Marques e o Coordenador Social David Alves Pereira, que actuando na qualidade de Alcaide da Real Confraria do Santo Condestável e Comandante Geral Adjunto da Real Guarda de Honra, quis pessoalmente patrocinar todas as despesas de transporte em nome das organizações que representa.

A recepção em Evora dos bens recolhidos pela Associação Mãos Unidas com Maria
A recepção em Evora dos bens recolhidos pela Associação Mãos Unidas com Maria

Já em Évora foram Veneráveis Irmãos Voluntários da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora que receberam o carregamento que seguidamente irão entregar em parte às Casa Religiosas e à Santa Casa da Misericórdia de Évora. Estes bens, em grande parte, roupas, sapatos, mantas e brinquedos, serão distribuídos, por ocasião da Festa do Santo Condestável, pelos pobres e mais desfavorecidos da Arquidiocese incluindo famílias de migrantes.

A recepção em Evora dos bens recolhidos pela Associação Mãos Unidas com Maria
A recepção em Evora dos bens recolhidos pela Associação Mãos Unidas com Maria

Durante uma reunião com Coordenadores a semana passada em Sesimbra, o Condestável Mor da Real Confraria e Comandante Geral da Real Guarda de Honra, Carlos Evaristo, disse: “Estes bens enviados para Angola e Moçambique vão complementar um carregamento, já entregue, em Agosto, à ONG – SIM, pois o Sr. D. Duarte de Bragança, através da Real Confraria e das Fundações D. Manuel II e Oureana, quis ajudar as vítimas de Cabo Delegado, os pobres em Angola e São Tomé e Príncipe mas também pretende ajudar os mais necessitados em Cabo Verde e os refugiados da Síria, em parceria com a Câmara Municipal de Setúbal.”

Carlos Evaristo
Presidente da Direcção da Fundação Oureana

Para Carlos Evaristo; “É muito bom ver a Real Confraria e anteriormente, os Peacemakers, organização que criamos há 25 anos com o falecido John Haffert e posteriormente que desenvolveram actividades no estrangeiro com a ajuda dos falecidos Phillip Kronzer e o Capelão Padre John Mariani e isto sob a orientação do Vice-Postulador da Causa do Beato Nuno, o Padre Francisco Rodrigues, O. Carm. e do Bispo de São Tomé e Príncipe D. Manuel António Mendes dos Santos. Hoje, são associações de fieis que servem de departamentos de acção social das Fundações e com grandes papeis activos na Igreja no campo da acção social, tanto em Portugal com em África. Importante também são as parcerias estabelecidas com organizações homólogas pois ninguém por si só consegue fazer o que se faz em conjunto. Fazemos isto em nome e em memória de São Nuno que com a sua Confraria e um Caldeirão, iniciou este trabalho social de recolha de alimentos e bens para os pobres de Lisboa a partir do Carmo em Lisboa. É ele o verdadeiro fundador da acção social em Portugal muito antes da Rainha D. Leonor e das Misericórdias que hoje têm um papel tão importante na sociedade. É igualmente importante a coordenação de trabalho de limpeza, desinfecção e preparação dos bens doados pelas pessoas voluntárias dedicadas tais como a equipa da Drª Carmo Jardim, a Florinda Marques, a Marília Oliveira e o Rui Mello. Mas igualmente importante é o trabalho dos voluntários no carregamento e transporte e aqui são as Fundações e as ONG que patrocinam as despesas, incluindo o envio de contentores. Agora esperamos poder ajudar com o envio de outro que queremos ainda patrocinar este mês para Cabo Verde e com bens recolhidos pela Associação Mãos Unidas com Maria que incluem mobiliário e material escolar.” !”

Este ano a Festa de São Nuno de Santa Maria e o Capítulo Geral da Real Confraria do Santos Condestável, tem lugar na Igreja do Santo Condestável, em Lisboa, com Investiduras a iniciarem pelas 18:30 Horas, seguido depois de Missa Solene e Jantar de Convívio dos Confrades.

Os Confrades; Ricardo Louro e David Pereira
Logo da Associação Mãos Unidas com Maria
Peacemakers, Obra de Acção Social da Real Confraria do Santo Condestável

30 de Outubro de 2021

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Fundação Oureana Apresenta Livro sobre a Vida, Obra e Legado de D. Afonso, IV Conde de Ourém

A Fundação Histórico – Cultural Oureana apresentou hoje, pelo aniversário do falecimento do Primogénito da Casa Real e Ducal de Bragança, o livro D. Afonso, IV Conde de Ourém, I Marquês de Valença e Senhor de Porto de Mós (1402 – 1460) da autoria de Carlos Evaristo e Humberto Nuno de Oliveira.
O livro conta a história do maior vulto da história de Ourém e baseia-se nos textos, documentos e ilustrações publicadas pelos autores para a Sala Memorial de Interpretação inaugurada no Castelo de Porto de Mós e dedicada à Vida, Obra de Legado do IV Conde de Ourém.

Os 20 capítulos são ricamente ilustrados e tratam da biografia de D. Afonso, dos seus títulos, brasões e empresa, as suas construcções e legado pessoal, a sua colecção de relíquias, o seu túmulo e as representações artísticas do mesmo.

A primeira edição do livro é limitada a uma tiragem de 500 exemplares numerados que serão oferecidos aos Patronos e Benfeitores da Fundação pela Festa do 50º Aniversário do Programa Medieval do Restaurante Medieval.

A Festa que terá lugar no dia 24 de Setembro de 2021 conta com um programa cultural que será divulgado oportunamente e que inclui exposições, publicações e concertos.

Segundo os autores do livro e da Sala Memorial do Castelo de Porto de Mós, a Fundação Oureana está também disposta a patrocinar um Centro de Interpretação no Castelo de Ourém ou uma Sala Memorial à semelhança daquela que foi inaugurada em Porto de Mós aquando da reabertura desse monumento, a 6 de Abril de 2019, após obras de requalificação.

Para Carlos Evaristo “é importante o visitante conhecer não só a história do Castelo mas também do homem que mais contribuiu para o desenvolvimento do mesmo.”

O dia 29 de Agosto, aniversário do falecimento do IV Conde de Ourém, foi o dia escolhido para a apresentação da obra que é editada pelo Instituto D. Afonso, IV Conde de Ourém e patrocinada pelas Fundações D. Manuel II e Batalha de Aljubarrota.

29 de Agosto de 2021

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John Haffert: O Americano que sonhava restaurar o Castelo e a Vila Medieval de Ourém

Reconstituição do Castelo e Centro Histórico de Ourém num desenho colorido por Carlos Evaristo

A celebrar o 50º Aniversário da inauguração do Programa Medieval, a Fundação Histórico – Cultural Oureana recorda o sonho do seu fundador John Mathias Haffert; de ver o Castelo de Ourém restaurado e a funcionar como Museu temático, Restaurante e Pousada.

A controversa requalificação do Castelo de Ourém que está a ser noticia na imprensa, local, nacional e estrangeira, leva-nos a recordar o sonho do Americano John Haffert de restaurar a ruína à glória do seu passado.

O Projecto de Haffert que data de 1967 e pretendia instalar o Restaurante Medieval nos dois torreões, uma Pousada nos cinco pisos do Paço do IV Conde de Ourém e um Museu vivo e interactivo com recriações temáticas na antiga fortaleza triangular.

A ideia de retomar o Projecto de Restauro e Consolidação do Castelo de Ourém: 1946

A Caixa de Arquivo Nº 421 do Arquivo da Fundação Oureana identificada “John Haffert – Restoration of Ourém Castle Project 1967″ guarda toda a documentação e fotografias para comprovar os esforços realizados por John Haffert ao longo de mais de 50 anos, para restaurar o Castelo. Para além das fotografias inéditas existe correspondência, projectos, estudos e recortes de jornais com notícias referentes às várias iniciativas públicas, privadas e Camarárias que houve para a retoma do projecto do Estado Novo da década de 1930.

O Jovem John Haffert no Habito Carmelita

O sonho de Haffert de restaurar o Castelo de Ourém começou em 1946 com a sua primeira visita ao Castelo de Ourém após ter escrito a primeira biografia em língua inglesa de D. Nuno Álvares Pereira The Peacemaker that went to War. Haffert à semelhança do Santo Condestável também foi irmão Carmelita e queria restaurar todos os lugares ligados à história do III Conde de Ourém.

Quando em 1955 os Fundadores do Exército Azul; John Mathias Haffert (o Director Internacional e Editor da Revista “Soul”) e Monsenhor Harold Colgan (Presidente e Capelão) foram recebidos pelo Presidente do Conselho de Ministros de Portugal para lhe entregar o Prémio da Paz atribuído pelo Movimento Internacional de Fátima, um dos temas de conversa entre Haffert e o Professor Doutor António de Oliveira Salazar, foi a retoma dos trabalhos de restauro do Castelo de Ourém. Estes trabalhos, iniciados na década de 1930, foram interrompidos passados poucos anos e nunca retomados. Haffert apresentou a Salazar ideias para o uso a dar ao monumento que pertenceu ao Beato Nuno e seus descendentes. Um conjunto de ideias dactilografadas em 24 páginas que Haffert entregou ao Presidente do Conselho.

John Haffert com o Monsenhor Harold Colgan

Haffert interessou-se pela reabilitação da Vila Medieval de Ourém ainda em 1946 e 11 anos depois insistia com Salazar na importância que teria a conclusão das obras de restauro do Castelo de Ourém, interrompidas segundo o Presidente do Conselho por um conjunto de impedimentos incluindo a falta de água e de saibro.

A obra iniciada em 1937 pelo Estado Novo estava orçamentada em 56, 500$.00 Escudos mas parou ainda antes das celebrações do duplo Centenário da Fundação e Restauração de Portugal em 1940. O programa do Centenário devia de ter incluído actividades no Castelo com recriações de cenas da vida do Santo Condestável D. Nuno Álvares Pereira (então Beato Nuno de Santa Maria) III Conde de Ourém.

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Orçamento para as Obras de Restauração e Consolidação do Castelo de Ourém de 1937 no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.

Oficialmente o projeto de restauro do Castelo visava reconstruir todos os elementos arquitectónicos do conjunto de Fortificação, Paço dos Condes e Torreões, seguindo a traça original do tempo do IV Conde de Ourém. Essas obras porém foram interrompidas por falta de matéria prima. Para Salazar a retoma do projecto só faria sentido se houvesse um investidor particular pois caso contrário seria algo demasiado dispendioso e sem retorno.

Na década de 1930, para a preparação do Centenário da Fundação de Portugal, (1940) o governo do Estado Novo iniciou o restauro do Castelo de Ourém e nessa mesma altura classificou-o como Monumento Nacional. As obras de restauro do Castelo de Ourém tardaram em arrancar ao contrário das obras levadas a cabo nos outros Castelos como vem referenciado em vários artigos de jornais da época.

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Jornal Notícias de Ourém
15 de Maio de 1938

As obras no entanto, acabaram por arrancar em 1935 com remoção de entulhos embora a reconstrução só começasse um ano e meio mais tarde não chegando a ser concluída pois criada a Fundação da Casa de Bragança em1933, após a morte do Rei D. Manuel II, ficou esta na posse do Castelo como bem pertencente ao antigo Morgadio da Família Bragança. Porém este bem era da família já antes dos Duques de Bragança e Condes de Ourém terem subido ao Trono em 1646. Era por isso um bem privado e não público ao contrário do que muitos no governo acreditavam.

O jornal “Notícias de Ourém” na edição de 15 de Maio de 1938 refere que a interrupção do restauro do Castelo, Paço do Conde e Torreões se deveu à falta de água e saibro (areia) e existe na Pasta Nº 421 no Arquivo da Fundação Oureana uma cópia de uma carta do Capitão Joaquim Freire Justo,  Presidente da Câmara de Vila Nova de Ourém, ao Senhor António da Mota, então Administrador em Ourém da Fundação da Casa de Bragança que parece comprovar isso. Na mesma o Presidente da Câmara descreve o seguinte sobre o roubo de saibro:

Capitão Joaquim Justo

            Vª Nª de Ourém

            27 / 8 / 938

            Meu Exmº Amigo

 Estimo que esteja melhor e tenha aproveitado bastante com a sua estadia aí  (Figueira da Foz).Mandei que a cadela que o mordeu fosse para o Instituto Câmara Pestana (Isto para determinar se estava raivosa).Ainda nada me disseram. Os pais dos garotos que venderam a areia da Charneca (saibro do Pinhal do Rei em Vilar dos Prazeres que era aproveitado para as obras) foram chamados à minha presença.  Negaram-se a pagar dizendo que sempre se utilizaram de tudo que o baldio produz e que nunca disso foram proibidos.  Negaram-se portanto a pagar, em virtude de que foram para a cadeia trabalhando durante o dia nas obras de reparações na mesma que ali se estão fazendo e ao fim do 4º dia resolveram pagar os 3000 (Reis) que estão em poder do Abel (Abel Faria do Carmo, Oficial de diligências da Câmara) para dar ao meu amigo quando tiver ocasião de por aqui passar.  Sendo então postos em liberdade e pouco resolvidos a repetir a acção.

Creia-me com estima etc…                  (ass.) Joaquim Justo

Fotografia da fortaleza nos finais do Século XIX
Fotografia da fortaleza nos finais do Século XIX

A Proposta que Haffert fez a Salazar: 1955

A retoma das obras não fazia sentido simplesmente como pretexto de servir a população local pelo facto de haver então somente três famílias a viverem nas poucas casas do burgo que foi em tempos a Jóia da Coroa Portuguesa; uma Vila Medieval fortificada e dividida em quatro freguesias e com cerca de 8,500 habitantes.

Na década de 1950 vivia somente uma dúzia de pessoas em Ourém Velha chamada de “Vila Velha de Ourém” ou de “Castelos de Ourém” na linguagem popular dos Ourienses. Não tendo integrado o programa das celebrações centenárias de 1940, o Castelo de Ourém, a ser restaurado, 15 anos depois, seria um grande investimento por parte do Governo num Monumento Nacional que passou a ser, e ainda é, pertença de uma Fundação particular; a Fundação da Casa de Bragança.

E ao contrário do que muitas pessoas pensavam e ainda pensam, a referida Fundação da Casa de Bragança, não é do Estado e também não pertence à Casa Real Portuguesa; Família dos Duques de Bragança. Foi criada por testamento de último Rei de Portugal D. Manuel II, para zelar perpetuamente pelos bens do antigo Morgadio da Casa Ducal de Bragança, para assim manter viva a memória da Família dos Duques de Bragança e Condes de Ourém, etc.

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Projecto de Restauro do Castelo de Ourém de 1936 existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.

O plano do Estado Novo para investir na reconstrução do Castelo de Ourém partia da ideia de 1935 de se poder usar o mesmo em encenações Condestabrianas durante o ano de 1940. Mas passado o Centenário a ideia já não tinha contexto político e o Governo só estaria interessado em retomar o restauro do Castelo se pudesse recuperar o investimento através do turismo. Mas sem existirem investimentos extraordinários por parte do Estado na criação de infraestruturas essenciais, começando com acessos, lojas, restaurantes e alojamento local, o restauro do Castelo seria para Salazar um investimento, a fundo perdido, que só benificiária a Fundação da Casa de Bragança, proprietária do imóvel.

Em resumo; Salazar apoiava a iniciativa proposta por Haffert desde que a Fundação da Casa de Bragança concordasse e os Americanos pagassem a obra.

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Projecto de Restauração do Castelo de Ourém de 1936 existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.

Para Haffert receber o apoio do Ministério do Turismo, teria que haver interesse, nacional e estrangeiro em visitar o monumento. Para atrair turismo Haffert propunha programas de interesse histórico, medieval e religioso e um programa Medieval. Salazar concordava com o americano mas como se comprova com os documentos no Arquivo Salazar na Torre do Tombo, a P.I.D.E.; Polícia Internacional de Defesa do Estado, desconfiava das suas verdadeiras intenções uma vez que era um americano .A ideia de dar vida ao Castelo de Ourém com um programa temático e recriações medievais era na realidade a ideia de se criar um Parque Temático, tal como o amigo de Haffert, Walt Disney, já estava a estudar, mas em Ourém tal programa só seria sustentável, segundo o estudo encomendado ao Capitão Augusto Mascarenhas Barreto, se todo o casario da antiga Vila Medieval ou pelo menos uma parte significativa, fosse reconstruído, para servir de apoio e tornar assim sustentável esse parque temático Medieval.

A Disneylândia Medieval no Castelo de Ourém: 1967

Desde 1946 que Haffert tinha vindo a adquirir grandes parcelas de terreno, de ambos os lados dos Torreões do Castelo, a fim de preservar o mesmo da descaracterização. Um empresário sueco, dono da fábrica das caixas registadoras “Sweda”, havia também comprado várias propriedades e planeava comprar mais; a Casa Alta junto às Portas de Santarém e o terreno adjacente junto ao torreão. Nestes espaços pretendia construir uma mansão apalaçada que pretendia expandir até ao Castelo. Mal o empresário americano soube do plano enviou um advogado à Suécia com uma proposta para comprar a moradia, as casas e terrenos adjacentes ao sueco oferecendo-lhe o dobro daquilo que ele havia pago.

Com a compra destes imóveis Haffert avançou com o Projecto de propor à Fundação da Casa de Bragança a recuperação, em primeiro lugar dos Torreões para lá criar um Restaurante Medieval com dois salões. No Paço dos Condes de Ourém iria instalar uma Pousada e dentro da fortaleza instalar um anfiteatro para realizar torneios Medievais a cavalo e um programa teatral que contasse a história das figuras ligadas à memória do Castelo.

Uma cópia em língua inglesa da proposta entregue em mão por Haffert ao Presidente da Fundação da Casa de Bragança ainda existe no Arquivo da Fundação Oureana com dedicatória escrita na capa pelo punho do Autor.

Cópia em língua inglesa da proposta entregue em mão por Haffert ao Presidente da Fundação da Casa de Bragança em 1967.

Mas a Fundação da Casa de Bragança não estava interessada em parcerias com particulares e muito menos Americanos. Corria o ano de 1967 e em Fátima celebrava-se o Cinquentenário das Aparições de Nossa Senhora. A vinda do Papa Paulo VI a Fátima deu novo impulso ao turismo religioso e Haffert via a oportunidade para da nova vida ao Castelo de Ourém dando o mesmo a conhecer ao mundo.

O Programa Medieval com Restaurante e Pousada: 1971

Nesse mesmo ano de 1967, Haffert criou a Agência de Viagens Fátima Travel para fretar aviões para levar Peregrinos de Fátima a Portugal e a outros destinos Católicos da velha Europa. Decidiu colocar em standby a ideia de restaurar o Castelo de Ourém e avançou em vez disso com a recuperação de dois Paços antigos que havia comprado no velho burgo; o antigo Paço Novo dos Cónegos (que foi escola primária) e o Paço de Nossa Senhora da Misericórdia (que havia sido o Hospital).

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Salão D. João I do Restaurante Medieval Oureana

Num edifício instalou o Restaurante Medieval, com o Programa Medieval tudo desenhado a rigor pelo Professor Augusto Mascarenhas Barreto e no outro edifício, a Pousada dos Cavaleiros que era na realidade um bar do género das casas de fados Lisboetas com um alojamento local.

Paulo VI abençoa John Haffert durante uma audiência no Vaticano

A ideia está documentada na revista Catholic Traveller e recebeu a bênção do Papa Paulo VI e o Programa Medieval, que agora celebra 50 anos, foi inaugurado a 15 de Agosto de 197 e até hoje teve mais de 3.5 milhões de visitantes. O sucesso do mega empreendimento levou o americano a investir na década de 1980, na compra de dois aviões Boeing para fazerem a viagem dos Estados Unidos a Portugal, três vezes por semana.

John Haffert e Paulo VI na capa da revista Catholic Traveller de 1963

Anteplano de Recuperação do Castelo de Ourém: 1974

Admirado pelo Vaticano e as autoridades locais e Governamentais em Lisboa, era altura, segundo o próprio Haffert, para retomar a ideia do restauro do Castelo de Ourém. Em 1973, o americano preparou uma nova proposta que apresentou à Fundação da Casa de Bragança e ao Governo.

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O Programa Medieval de John Haffert
O Programa Medieval de John Haffert

Propunha desta vez que o Castelo de Ourém servisse de Museu vivo para complemento do Programa Medieval e Restaurante que havia criado. Incluía na proposta a ideia de transformar o conjunto de edifícios que possuía junto ao Restaurante Medieval, numa verdadeira Pousada.

Haffert e Paulo VI em 1967

As entidades aceitaram a proposta de John Haffert, e o Governo aproveitou a ideia de transformar os vários edifícios do americano em Pousada, mas como pousada do Estado do grupo Pousadas de Portugal (ENATUR).

Empenhado em restaurar o Castelo e toda a Vila Medieval à semelhança de Óbidos, o Governo de Marcelo Caetano, levou a cabo um estudo denominando Anteprojecto / Anteplano de Recuperação do Castelo de Ourém que previa, não só o restauro do Castelo à glória do seu passado, mas também todo o tecido urbano para nele instalar as tais infraestruturas de apoio, um casario com diversos negócios temáticos; armeiros, alfagemes, tabernas, etc.

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O Anteprojeto de Recuperação da Vila Medieval de Ourém: Um estudo que propunha o restauro do Castelo e de toda a Vila Medieval, que foi aprovado na última sessão do Parlamento antes da Revolução do 25 de Abril de 1974, mas nunca implementado.

Este Estudo seria um dos últimos Projectos do Estado Novo a ser aprovado pelo Parlamento, precisamente na última sessão antes do 25 de Abril de 1974 e por isso provavelmente nunca seria implementado.

Passados alguns anos, expropriaram os mesmos edifícios que Haffert propunha para servir de Pousada por 1,500 contos. É então que o Americano pensa em preservar o seu legado e o Restaurante Medieval com o programa. Para o efeito criou a 11 de Agosto de 1995, a Fundação Histórico Cultural Oureana.

Pousada of Conde de Ourém in Ourém/Fátima, Portugal
A Pousada Conde de Ourém tinha sido a Pousada dos Cavaleiros de John Haffert

Projecto Regina Mundi 2000: A derradeira tentativa de John Haffert para restaurar o Castelo e a Vila Medieval

Em 1995, Haffert recordou publicamente, ao inaugurar o Monumento a D. João Pereira Venâncio, Bispo de Leiria, (no Jardim que doou ao Município), uma conversa que o mesmo havia tido com o Papa Paulo VI quando sobrevoarem o Castelo de Ourém a caminho de Fátima, a 13 de Maio de 1967.

O Papa ao ver o Castelo de Ourém da janela do avião perguntou ao Bispo:

– “Que Castelo é esse tão perto do Santuário de Fátima?”.

– “O Castelo de Ourém Santidade”, respondeu D. João Venâncio.

– “Então é o Castelo da Rainha do Mundo!” exclamou o Papa.

Sedes Regina Mundae em latim ou Sede da Rainha do Mundo, seria o nome que Haffert daria ao seu último Projecto Museológico; o Projecto Regina Mundi 2000. Esta derradeira tentativa de John Haffert para patrocinar o restauro do Castelo de Ourém e de toda a Vila Medieval data de 1998 e via o Americano e seus sócios e colaboradores a patrocinarem o restauro do Castelo e da Vila Medieval à semelhança de Óbidos e Carcassonne, em França.

Notícias nacionais e estrageiras sobre o Projecto Regina Mundi 2000

Queria Haffert que o Castelo de Ourém fosse restaurado à glória do seu passado e o estudo denominado Projecto Regina Mundi 2000 o mesmo retomava a ideia de se recuperar toda a memória da história do Castelo da época do IV Conde de Ourém, favorecendo assim o turismo, o comércio e a população local com um monumento interativo, museológico e com recriações medievais.

Projecto Regina Mundi 2000
Carlos Evaristo e John Haffert

Poucos anos antes do seu falecimento, John Haffert encomendou o estudo ao seu compadre, o Arqueólogo Carlos Evaristo, Presidente da Direcção da Fundação Oureana e antigo Representante Executivo Sénior de Artsmarketing no Museu Real do Ontário, no Canadá.

Americanos doavam 8 Milhões de Euros para primeira fase

Com larga experiência na rentabilidade, potencial e marketing de Museus, Evaristo preparou um Projecto que propunha criar um Museu interactivo com Centro de Interpretação dentro do Paço e Torreões do Castelo.

Ambos anunciaram o Projecto geral em reunião pública com Conferência de Imprensa, no dia 8 de Dezembro de 1998. Era a Festa de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, Rainha e Padroeira de Portugal e o Duque de Bragança e Conde de Ourém, Dom Duarte Pio, seria o primeiro a dar apoio ao Projecto. Durante a Conferência de Imprensa Haffert informou os presentes de ter assegurado 8 milhões de Euros numa primeira fase do Projecto, por parte de investidores privados e Fundações ligadas ao próprio.

Museus Sedes Mundi Reginae e a Ourém Castle Information Centre Protocol Partners: 1998

Haffert e Evaristo reuniram para o Projecto uma centena de Parceiros Protocolares, nacionais e estrangeiros, numa Federação chamada Ourém Castle Information Centre Protocol Partners . Estes parceiros contribuíam com um espólio de dezenas de milhares de peças museológicas e artefactos históricos valiosos para assim se criar, na Vila Medieval, uma série de núcleos museológicos temáticos que Haffert chamou de rede de Museus Sedes Mundi Reginae.

Um deles seria a Regalis Lipsanotheca, a maior colecção privada de relíquias do mundo fora do Vaticano, uma colecção de Carlos e Margarida Evaristo e do Padre Carlo Cecchin. Outro seria o Museu Nacional do Santo Condestável criado através de um Protocolo com a Fundação Batalha de Aljubarrota. Havia também a recriação da Botica Medieval de São João, da Sinagoga Medieval (descoberta em 1995 e identificada por Carlos Evaristo) e o Museu Mariano, uma fabulosa colecção de 2,000 imagens de Nossa Senhora, de todos os países do Mundo, provenientes do Museu com o mesmo nome que existia em Brooklyn, Nova Iorque, EUA e que foi dissolvido pelo Fundador Armand James Williamson, para que o espólio pudesse integrar o Projecto da Fundação.

O Projecto era também denominado Regina Mundi 2000 (Rainha do Mundo) porque John Haffert queria recordar o título conferido à Virgem Santa Maria, pelo Papa Pio XII em 1946 após a Coroação em Fátima, a 13 de Maio desse mesmo ano. Haffert pretendia realizar o Projecto até ao ano 2000, tendo mandado cunhar uma medalha e diplomas em antecipação.

Projecto Regina Mundi 2000

Numa primeira fase de recuperação, seria patrocinado, a fundo perdido, o restauro do Castelo; Paço dos Condes e Torreões e depois, em seguida, os edifícios para se instalar os supra referidos Museus. No total seriam recuperados um conjunto de 24 edifícios históricos e espaços; públicos, privados ou pertença da Fundação Oureana.

Carta de Cracóvia dita fim ao sonho de Haffert de se Restaurar o Castelo de Ourém e a Vila Medieval: 2000

Em 1999 juntou-se como parceira protocolar ao Projecto Regina Mundi 2000, uma benfeitora americana de nome Helen Marie Bergkamp. Helen era irmã do Bispo Eugene Gerber de Witchita, Kansas, EUA e militante do Exército Azul. A mesma senhora propunha-se a doar, juntamente com outros colaboradores, outros 8 milhões de Euros exclusivamente para o restauro do Castelo de Ourém, mas na condição do mesmo ser tornar num Museu vivo interactivo com uma sala a servir de galeria de arte para acolher a sua colecção de pinturas antigas dos Doutores da Igreja.

A falecida Benfeitora Americana Helen Marie Bergkamp
(1926 – 2015)

A Benfeitora acompanhada de seu filho, o empreiteiro Stan Bergkamp, reuniu com o Executivo da Câmara Municipal, várias vezes, entre 1999 e 2001, mas apesar de ter o apoio do Presidente da Câmara, Dr. David Catarino, o Projecto foi sucessivamente chumbado pelo IPPAR por não haver estudos arqueológicos prévios, uma monografia e um estudo de referência ao que existia anteriormente nos locais. Também os desenhos foram sofrendo alterações, e passando de arquitecto em arquitecto porque as intervenções propostas eram consideradas demasiado volumosas para o local dado que existiam poucas casas após as várias desgraças desde 1755 que caíram sobre o velho burgo de Ourém, e todas elas de pequenas dimensões.

A Carta de Cracóvia, um acordo internacional para a recuperação do património que havia sido assinado a 26 de Outubro de 2000, iria por fim, de uma vez por todas, à ideia de restauro do Castelo. Os países signatários haviam acordado em adoptar, conceitos para o restauro de monumentos que já não recriam grandes áreas em falta ou arruinadas com o passar dos anos e as zonas intervencionadas a serem requalificadas ou cobertas devem de empregar materiais modernos e amovíveis que visivelmente se destaquem dos elementos antigos. Ou seja o conceito moderno era de somente conservar as ruínas tornando as mesmas visitáveis até pelos que têm dificuldade de mobilidade. Restaurar os monumentos jamais pois segundo este conceito os danos sofridos e visíveis nas ruínas são marcas que fazem parte da história do mesmo monumento.

O estudo encomendado por John Haffert em 1967 ao Capitão Augusto Mascarenhas Barreto, mostrava gráficos que davam conta de que se o número de grupos de visitantes e participantes nos Banquetes Reais baixasse para menos de 10 de 50 pessoas por mês, o Programa Medieval do Restaurante Medieval tornava-se insustentável. Os ataques às Torres Gémeas em Nova Iorque, EUA em 2001 iriam ter um forte impacto no turismo mundial e na redução do fluxo turístico de americanos a Fátima e Ourém. o resultado foi que os números de visitantes nos anos seguintes ficaram muito abaixo do mínimo, fazendo cessar a actividade comercial. O mesmo se verificou com a Pousada Conde de Ourém e outros empreendimentos turísticos na Vila Medieval como o restaurante a Ucharia do Conde que apesar de mudar de gerência, várias vezes, permanece encerrado. Terminou assim a realização habitual do Programa Medieval e encerrou a firma de gestão do Restaurante Medieval que passaria a partir de 2008 a funcionar por Protocolo com um serviço de catering externo.

Finalmente, em 2003, a Fundação Oureana recebeu uma resposta definitiva sobre a proposta de restaurar o Castelo de Ourém. a mesma informava; “É favor não incluírem o Castelo de Ourém no vosso Projecto, pois o mesmo não se encontra disponível para restauro”.

A decisão baseava-se nas normas da Carta de Cracóvia agora implementadas para a intervenção em Monumentos Nacionais e que podem ser vistas neste link:

http://www.patrimoniocultural.gov.pt/media/uploads/cc/cartadecracovia2000.pdf

Estrutura de concreto integrada à parede que foi reconstruída, e que se apoia em escada interna
A Tour des Pucelles (Torre das Donzelas) recentemente requalificada foi umas das principais masmorras europeias no período da Idade Média construída na Bélgica
Esqueleto de concreto” preserva torre medieval | Cimento Itambé
A Torre das donzelas na Bélgica após obras de requalificação

A resposta negativa levou o Presidente da Câmara Municipal de Ourém a retirar o apoio ao Projecto e o então Presidente do Conselho de Curadores da Fundação em Exercício, o Padre Carlos Querido da Silva, a perguntar numa reunião pública da Câmara; “Se o Castelo não se encontra disponível para restauro, então encontra-se disponível para quê?”

A Torre Medieval em Vilharigues, Vouzela requalificada segundo as normas actuais

O facto é que os tempos mudaram desde que o Estado Novo, na década de 1930, iniciou o restauro de algumas partes do Castelo que já não existiam. Hoje isso seria impossível. John Haffert sonhava retomar o restauro do Castelo para o devolver ao tempo da sua criação. Mas o conceito agora dos Monumentos Nacionais e do IPAAR (Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico) é aquele adoptado pela Carta de Cracóvia que só permite a requalificação da ruina.

O conceito actual para recuperação do Património seria inaceitável para John Haffert, assim como foi para os seus sócios patrocinadores do Projecto Regina Mundi 2000. Frustrados nos seus planos, foram patrocinar o restauro de uma aldeia pré-histórica com parque de interpretação no México e a conservação de ruínas no Egipto e no Peru.

Castelo de Villamartin em Cádiz, Espanha, antes e depois das obras de requalificação

Em 2003 o Capelão da Fundação Oureana, Padre John Guilbert Mariani, antigo Capelão do Exército Azul e Mestre Arquitecto e Desenhador, tentou uma última vez convencer as autoridades que tutelam o Património em Portugal a mudarem de critério para permitirem o restauro do Castelo e de todo o casario do velho burgo para dar uma nova vida a Ourém à semelhança da Vila de Óbidos, alegando que sem esse restauro o Centro Histórico iria sofrer com uma desertificação acentuada.

Vários proprietários na Vila Medieval haviam juntado seus terrenos na Rua de São José para a criação de uma zona de turismo de habitação. Patrocinaram em conjunto escavações arqueológicas e a Fundação Oureana complementou essa iniciativa também com escavações levadas a cabo em alguns dos seus espaços adjacentes. Mas a falta de pré-existências nos locais das sondagens e a necessidade de haver ainda mais escavações, levou os sócios do projecto turístico e a Fundação a abandonarem a ideia.

O Projecto Regina Mundi 2000 que terminou em 2005 produziu 12 Estudos e teve 4 Arquitectos à frente do mesmo. Os Patrocinadores e Parceiros Protocolares gastaram mais de 180, 000 Euros em Projectos, estudos e escavações mas a ideia de se restaurar o Castelo de Ourém e todo o casario da antiga Vila Medieval acabou por ser reprovada para frustração de John Haffert e de outros colaboradores. A Carta de Cracóvia determinou que o Castelo já não podia ser restaurado mas somente conservado e requalificado.

Estudo para Salvaguarda do Património e Concurso de Conceitos e Tecnologias de Recuperação de Espaços no Castelo de Ourém: 2003

Para comprovar e mostrar o impacto negativo a longo prazo da não recuperação total do Castelo de Ourém e do tecido urbano da antiga Vila Medieval, a Fundação Oureana, sob a Presidência de Dom Duarte de Bragança, como Presidente do Conselho de Curadores patrocinou um outro estudo encomendado à conceituada Mestre Arquitecta Isabel Alçada Cardoso com uma proposta de salvaguarda do Património. Este estudo comprovou uma degradação, desertificação acentuada e diminuição do fluxo turístico ao longo dos anos devido ao estado ruinoso do Castelo e do burgo Medieval de Ourém e verificou que a maioria dos visitantes e frequentadores da Pousada Conde de Ourém queriam ver o Castelo de Ourém assim como a Vila Medieval restaurada para que pudesse haver mais para visitar.

No mesmo ano de 2003, a Fundação promoveu um concurso de Conceitos e Tecnologias de Recuperação de Espaços no Castelo de Ourém que juntou 14 jovens Arquitectos formados na recuperação de espaços antigos mas também estas ideias alternativas ao conceito da Carta de Cracóvia acabaram por ser rejeitadas com sendo impraticáveis.

Obras de Requalificação do Castelo de Ourém: 2019 – 2021

O Castelo de Ourém seria finalmente conservado seguindo os métodos permitidos hoje para intervenções em Monumentos Arqueológicos entre 2019 e 2021. O Projecto de Requalificação que tem sido alvo de fortes criticas por quem não compreende, nem aceita, o conceito vigente da Carta de Cracóvia, acabou com o sonho que John Haffert teve de ver o Castelo restaurado no estilo original sem qualquer elemento moderno a descaracterizar a visão Medieval de D. Afonso, IV Conde de Ourém. Seria um restauro que segundo Haffert, permitia usarem o Castelo de Ourém para filmagens de recriações medievais para o Cinema e a Televisão.

O Terreiro de Santiago antes das obras de requalificação
(2019 – 2021)
O Terreiro de Santiago depois das obras de requalificação
(2019 – 2021)
Escadaria criada na década de 1930
numa fotografia tirada antes das obras de requalificação
(2019 – 2021)
A mesma Escadaria depois das obras de requalificação e a substituição
da anterior criada na década de 1930 tem sido alvo de crítica

(2019 – 2021)

RECONSTITUIÇÃO DO CASTELO MEDIEVAL E SUA MURALHA

(Estudo de Carlos Evaristo – 1996)

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“Quadros da História de Ourém” da autoria de Carlos Evaristo.

            O estudo realizado entre 1996 e 1998 para o Projecto Regina Mundi 2000 acabou por ser publicado no livro “Quadros da História de Ourém” da autoria de Carlos Evaristo.

“Hoje sabemos, graças em parte a um levantamento datado de Outubro de 1527 que a Vila de Ourém (entre muros) era muito semelhante à de Óbidos e protegida por três níveis de fortificações (muralhas) que foram construídas ao longo de vários séculos.

            A primeira referência documental à existência de um Castelo em Ourém data de 1178. No entanto, este terá sido reconstruído, de acordo com a tradição, sobre as ruínas de uma fortificação Romana ou até Pré-Romana,  que esteve sempre localizada na parte mais alta do morro. 

            Este imponente Castelo ou Castro Medieval (1) era nada mais que uma Fortaleza, provavelmente de estilo Visigótico e que terá sido aproveitada pelos Mouros e depois restaurado pelos Cristãos. 

            O Castelo era formado por três torres elevadas e estreitas, com um recinto triangular, à maneira medieval, delimitado por muralhas grossas com as torres nos ângulos,  sendo duas a norte e uma virada a sul.

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Reconstituição do Castelo e Igreja de São Tiago no Século XII por Carlos Evaristo

            A apresentação primitiva destas torres deveria ser semelhante à da torre sul e assim a muitas outras existentes em Castelos Portugueses, ou seja, sem telhado e coroadas por ameias.  Originalmente, tinha somente duas torres, e o restauro ordenado pela Rainha D. Teresa em 1180 não parece ter alterado a sua aparência primitiva.

Torres do Castelo serviram de Prisões até ao Século XVI

“Nas duas torres viradas para o Norte existiam as Prisões Medievais primitivas, sendo uma para as mulheres e outra para os homens (1 b). Aquela virada para o noroeste ainda é denominada hoje Torre de D. Mécia (1 a),por ali ter sido encarcerada a esposa do Rei D. Sancho II.  Identifica-se, assim,  a prisão das mulheres. 

            Ambas só tinham acesso por uma porta colocada no tecto arredondado em abóboda e que dava para um alçapão. A hipótese de fuga era nenhuma, pois, retirada a escada de madeira, não havia outra saída.

El Castillo de Ferrara, antiguo Palacio Ducal de l...
Castelo e Paço Ducal de Ferrara

Sabemos que estas torres foram telhadas no Século XV por ordem do IV Conde de Ourém,  que também incorporou nelas a construcção das cachorradas de influência Italiana para assim o Castelo Velho melhor condizer com o Paço Novo (2) e Torreões (3 a e 3 b) por ele mandados construir no mesmo estilo e que formam uma réplica de partes do Castelo e Paço dos Duques na Cidade Italiana de Ferrara onde D. Afonso de Ourém na qualidade de Embaixador de Portugal .esteve alojado aquando da sua jornada ao Concílio de Basileia e Ferrara “

Variedades de Janelas em ogiva no Paço do IV Conde de Ourém
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

            “Nas ruínas da torre, do lado Sul, (1 c) ainda existe uma passagem de segurança composta por duas portas, uma exterior e outra interior, que dão para o recinto.  Nesta torre estaria colocado o Guarda de Vigia ou Porteiro.  No piso superior provavelmente havia um quarto onde membros insignes da Família Real pernoitavam. 

            No recinto triangular (1 d) existia o acampamento onde o Rei com os seus Cavaleiros dormiam em tendas, ricamente ornamentadas, mas de montagem fácil, isto porque até meados do Século XIII a Corte era um pouco nómada e viajavam de Castelo em Castelo, pois não havia ainda a preocupação de construir Paços ou Palácios. 

            Guardado no centro do recinto triangular (1 d) (que pela sua configuração invoca a proteção da SSmª Trindade), existia o elemento mais preciosa do Castelo: a água, que era armazenada numa grande cisterna. O acesso a esta cisterna era feito por uma escadaria em pedra.

Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

“Parece ainda existirem provas de que parte do recinto era coberto por um telheiro,  para abrigar, talvez, animais ou a zona da cozinha, que ficava no exterior, ao ar livre. Deverá também ter servido de zona de armazém de munições.”

            “A água também servia de arma fortíssima  e estratégica, pois os Castelos que não possuíam nascente própria ou reserva, dentro das suas muralhas, dificilmente resistiam a um cerco inimigo.  No entanto, aqueles que possuíam água em abundância, eram considerados inexpugnáveis, como era o caso deste Castelo de Ourém.

            A Muralha do Castelo (4),com as suas próprias torres de vigia, circundava toda a parte superior do cabeço junto ao Forte, incluindo o actual Terreiro de São Tiago (5), ainda cingido pelas ruínas de uma muralha Miguelista de suporte e defesa do Século XIX. 

            Era aqui que antes do Século XV, existia a protegida Igreja de São Tiago, provavelmente em estilo gótico ou  Românico e que o IV de Ourém mandou arrasar depois da construcção da Sé – Colegiada, aproveitando, o  terreno sagrado para implantação do cemitério e praça de armas.

A estátua de D. Nuno Álvares Pereira, III Conde de Ourém (5),  que hoje podemos admirar no Terreiro de São Tiago, foi inaugurada pelo Presidente da República, General Ramalho Eanes, em 1985.

Reconstituição por Carlos Evaristo do Castelo e Igreja de São Tiago no Século XII

“Muitas pessoas ainda admiram o Castelo e duvidam da possibilidade de hoje se poder construir tais obras, e de facto talvez fosse impossível,  não pela falta de meios técnicos, mas devido ao custo de mão de obra necessária. É que, nesses tempos, os exércitos, já desde a época Romana,  serviam também de grande equipas de construção, quando não havia lutas a travar.  Os soldados, construíam pontes, muralhas, castelos, em fim, tudo o que era preciso, e com relativa rapidez e garantida segurança. 

            Apesar de ter sido gravemente danificado pelo terramoto de 1755, o Castelo já estava em mau estado desde que a Casa de Bragança ficou sediada em Vila Viçosa e os Condes de Ourém, depois de D. Afonso, IV Conde, terem deixado de habitar em Ourém.

            As ameias do Castelo e da muralha deveriam já ter sido removidas no tempo de D. Fernando II, Duque de Bragança e Conde de Ourém, quando este foi condenado à morte por traição ao Rei D. João II, e isto porque simbolizavam a união com a Coroa, sendo estas removidas para conhecimento público, quando essa união era desfeita .

Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

Reconstituição do Paço do IV Conde de Ourém e dos Torreões

            “Localizado na direcção Sul, a alguns metros abaixo do Castelo Medieval, estão as ruínas do magnífico Solar Apalaçado ou Paço Residencial do IV Conde de Ourém (2), que também ficou fortemente danificado pelo Terramoto de 1755, embora já se encontrasse bastante degradado antes do cismo.

Castelo e Paço Ducal de Ferrara

            “O Castelo foi parcialmente recuperado antes de 1940 e, de facto, é uma pena não terem concluído o restauro, pois só faltava colocar o soalho nos pisos, e telhar o edifício, que hoje seria o Ex-Libris da Cidade; a grande sala de visitas de Ourém. 

            Infelizmente, há uns anos, algumas das grandes vigas foram levadas e aproveitadas por particulares, e as que foram lá deixadas acabaram por apodrecer, deixando o Paço na iminência de de ruir.

Como já sabemos, o velho burgo conheceu uma nova vida quando, no Século XV, D. Afonso, IV Conde de Ourém, neto de D. Nuno Alvares Pereira e de D. João I, fixou residência no seu Condado e ordenou o restauro do Castelo, a construção da Colegiada e certamente outros edifícios públicos já desaparecidos.

Torreões vistos do túnel já depois da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

            Mais tarde, ordenou o mesmo Conde, a construção do seu magnífico Solar, com os célebres  torreões (3). O Conde sendo um homem muito viajado, rico, culto e vaidoso, encarregou os seus arquitectos de elaborarem uma obra única no país e fora de vulgar no seu tempo, que conjugasse o estilo arquitectónico norte-africano com o clássico Italiano de Ferrara, que ele tanto admirou nas suas visitas à Itália e estadia prolongada nessa cidade.

Paço do IV Conde de Ourém depois da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)
Paço do IV Conde de Ourém depois da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

  “Pode-se imaginar o esplendor do edifício de cinco pisos, que servia de Residência oficial do Conde e também de defesa militar para a Vila. 

            O acesso principal fazia-se pelo túnel abobadado que ligava ao recinto interior do solar.”

Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

            “O grande portão principal corria na vertical e era puxado por pesos. As janelas e portas são um testemunho do gótico Português, onde ainda pode ser visto uma variedade de ogivas de diversos ângulos.”

Estado ruinoso do Passadiço de forma labiríntica visto do Paço
Antes da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

            “No exterior do edifício existia um passadiço de forma labiríntica (6), que se prolongava em túnel até ao torreão maior.”

Passadiço de forma  labiríntica depois da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)
Torreão e Paço depois da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)
Passadiço de forma  labiríntica depois da intervenção nos anos 1930
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

“É popularmente chamado “Chave do Castelo” ou “Buraco dos Cornos”, por ter sido lá encontrados,  no Século XIX uma variedade de cornos de animais.

            A estrutura servia de passagem de fuga, corta-vento e também tinha uma simbologia mística para os Cavaleiros Rosa cruzes, assim como o triângulo do forte tinha para os Templários e, como já sabemos, o IV Conde  pertencia à Ordem de Cristo e ao Grupo Rosa crucio.

            Diziam os antigos, que na fachada traseira, com várias janelas em ogiva, e junto às escadas arruinadas de acesso ao piso principal do Paço, havia uma passagem secreta, hoje completamente entulhada e que dava para a Quinta de Valbom na encosta ao pé de Santo Amaro.

            Por uma ponte atravessava-se do segundo piso do Paço para o torreão mais alto (3 b), popularmente chamado “Castelo do Raio”, pelo facto de ter sido rasgado ao meio por uma faísca, durante uma forte tempestade, no Século XIX. 

Esta ponte, que resistiu ao Terramoto de 1755, tinha um arco por onde passava o tráfico da rua, hoje a Calçada da Rainha D. Teresa e então a Rua Nova, por ter sido aberta aquando da construção do Paço.

            Por muito incrível que pareça, a ponte foi demolida ainda não há um século para permitir a passagem de veículos de maior dimensões, ou pelo menos, foi essa a desculpa dada na altura pelas autoridades que mandaram executar essa barbaridade.

            O Paço e a fortaleza eram servidas por comunicações encobertas e passagens subterrâneas. Havia ao todo, 6 torres, interligadas antes da ereção dos Torreões, e presume-se, a tal  galeria subterrânea, que ia sair ao sopé do monte no sítio chamado Vale Bom.

            Sabemos, por dois documentos, um de D. Teodósio II e outro de D. João IV (Rei), que o Paço do Conde já se encontrava muito deteriorado antes de 1714, mas ainda conservava alguns compartimentos (o quarto do Conde) e parte dos telhados, de acordo com a mediação e demarcação feita nesse ano pela Sereníssima Casa de Bragança. 

            Os Torreões (3), também do Século XV (um dos quais é maior), ficaram incorporados na Muralha da Vila para reforço da vigilância. Combinam, tal como o Paço, o estilo Árabe de Marrocos com o Italiano do Castelo de Ferrara e serviram, especialmente, durante o período hostil vivido depois de Aljubarrota, quando pendia uma ameaça de novas invasões por parte de Castela.

            O Torreão da direita (3 b), que é o maior, ostenta uma escultura com as armas do IV Conde de Ourém.

            Dos Torreões ainda se avista num dia, com o céu limpo, a província Espanhola de Cáceres, a pouco mais de 90 quilometros de distância, em linha recta.

Pedra esculpida com rosto humano encontrada no Castelo e provavelmente uma ornamentação da antiga Igreja de São Tiago. 
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

            Dentro de cada Torreão existiam corredores que ligavam a salas,  com tecto em abóboda, por cima das quais encontramos varandas exteriores e uma célebre janela gótica.  Estes espaços deviam ter servido de armazéns para mantimentos e armas. 

            Ainda pouco antes do restauro de 1930, e até depois, eram utilizadas pelos moradores como celeiros e lá dormiam enquanto a colheita secava para que ninguém a roubasse .

            Ainda há muita gente que se recorda de ver o transporte das vigas gigantescas para o Paço do Conde, no restauro dos anos 1930.  Estas foram transportadas pelo Sr. José do Júlio no chassis de um Reo-Svped-Vagon, que teve de levar a carroçeria desmanchada para passar ás Portas de Santarém.

            Morreu nas obras de restauro do Castelo, um homem e ficou ferido outro, tendo ambos caído de um andaime. O que faleceu era  da familiar do tal transportador de materiais.

No Paço era diariamente hasteada a bandeira da Casa de Bragança. No  tempo de D. Teodósio II foi passado um título de emprazamento à família de Affonso Ferraz Guilherme, que deveria possuir, “como seus sucessores, os terrenos anexos, pertencendo ao terreno pequeno, que fica ao poente, um cerrado aforado por 100 reis, e o maior, que está ao nascente, o chão entre os dois torreões, aforado também por 80 reis.” Este título foi renovado por D. João IV e demonstra o desinteresse da Casa de Bragança em Ourém e no Paço, já naquela época. 

            Este Paço e os Torreões só passaram novamente para a posse da Sereníssima Casa graças ao facto de, depois do Terramoto de 1755 a descrição no título dessa família Guilherme já não coincidir com a descrição das ruínas, e assim os juízes,  nomeados pelo Marquês de Pombal, e a favor do Morgado, anularam o título, para desgosto dessa família local.

Fotografia num Postal de 1915 mostra o estado dos torreões.
Nota-se na legenda o uso errado do termo popular “Castellos” em vez de Castelo para descrever o conjunto. Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)

            Conhecidos popularmente por “Castelos” ou “Castelo da Eira”, os Torreões (3)ainda resistiram quase intactos ao Terramoto de 1755,  sendo o mais alto, como já referi, desmoronado por um raio, durante uma forte tempestade, no Século XIX .

            Já nos finais do Século XIX, Ernesto Korrodi arquitecto Suíço que assumiu a direcção técnica e o parecer artístico das obras  do restauro do Castelo de Leiria, para a Liga dos Amigos do Castelo de Leiria tentou incentivar o Morgado a restaurar o Castelo de Ourém.

Colecção Raúl Espírito Santo Júlio (Cedido ao Arquivo da Fundação Oureana)

            Foram reconstruídos lentamente entre 1933 – 38,  durante  o governo do Estado Novo que tencionava restaurar os 101 Castelos de Portugal, para o centenário em 1940. 

Foi Mestre de Obras do projecto de recuperação o Sr. Raúl Marques da Graça, tio da esposa do escritor Ouriense Sr. Carlos Pereira.

            Uma lápide colocada junto à entrada do Paço ainda recorda esse centenário em 1940.

            Infelizmente, telharam os Torreões com telha lusa (medieval ?) mas talvez, se não tivessem telhados ou se tivessem usado telha de canudo,  já teriam caído há muito tempo.

            Por entre os dois Torreões, na Muralha da Vila, há um porta chamada a Porta da Traição (4),  que corria em vertical, puxada por um peso e por onde se podia sair para um carreiro que dava para os terrenos de cultivo na encosta e para “Valbom”.

É escusado dizer que se o Castelo de Ourém não tivesse sido quase totalmente restaurado pelo Estado Novo na década de 1930 não teria o aspecto agradável que hoje tem dado que era somente uma triste ruína antes dessa intervenção que já não seria possível levar a cabo.

Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)
Calçada Medieval
Fotografia da Colecção John Haffert (Arquivo Fundação Oureana)
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Fotografia das Obras de Restauro do Castelo de Ourém existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
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Fotografia das Obras de Restauro do Castelo de Ourém existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
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Fotografia das Obras de Restauro do Castelo de Ourém existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
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Fotografia das Obras de Restauro do Castelo de Ourém existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
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Fotografia existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico das Obras de Restauro da muralha exterior da Vila Medieval de Ourém mas traseiras da Casa que foi moradia de John Haffert.
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Portas de Santarém numa Fotografia das Obras de Restauro do Castelo de Ourém existente no arquivo do SIPA; Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.

25 de Agosto de 2021

Textos e Fotos de Arquivo: Fundação Oureana

Todos os Direitos Reservados / Reprodução interdita

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Paróquia de Palhais apresenta “Relíquias da Paixão”

Diocese de Setúbal

Todas as relíquias de Jesus Cristo, mesmo os mais simples objetos, impressionam e comovem a alma cristã, infundem profundo respeito e, ao mesmo tempo, causam intensa atração. A sede de divino, inerente a todo homem, sente-se em algo atendida, ao contemplar uma delas.

Dessas inapreciáveis relíquias, o Sudário de Turim é talvez a mais conhecida, em razão das reiteradas tentativas de negar sua autenticidade.

Carlos Evaristo, especialista em relíquias, estará no salão da Igreja de Santo António da Charneca na tarde do domingo de ramos, 25 de março, a partir das 16 horas para apresentar as sagradas relíquias da Paixão e falar sobre cada uma delas.

Uma oportunidade incrível para todos os curiosos que queiram conhecer melhor a Paixão de Jesus através das suas relíquias. Relíquias verdadeiras? Forjadas ao longo dos séculos? Carlos Evaristo irá esclarecer todas as pessoas.

Pe. Tiago Veloso, pároco de Palhais/Santo António

10 de Março de 2018

FONTE: https://diocese-setubal.pt/2018/03/10/paroquia-de-palhais-apresenta-reliquias-da-paixao/?fbclid=IwAR2C6EDkYb4YqSrq6K3FYfSp_9V1cKVY1k6yRQwsmPFIR9QnImE-gD8Mx9g

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