A Real Confraria do Santo Condestável São Frei Nuno de Santa Maria Álvares Pereira celebrou pela primeira vez este ano, a Festa do seu Patrono, na Igreja do Santo Condestável em Lisboa.
A Real Confraria do Santo Condestável que anualmente recebe convite para estar presente nas celebrações naquela Igreja (que conserva a maior parte dos restos mortais do seu patrono; São Frei Nuno de Santa Maria), aceitou este ano o convite para estar presente e acompanhar o Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança juntamente com a Ordem do Santo Sepulcro, a Real Guarda de Honra e demais Confrarias da Família Carmelitana.
OBRA DO CALDEIRÃO
Criada originalmente pelo próprio Santo Condestável, pouco depois de entrar para a Ordem do Carmo como Irmão Donato, a associação de leigos de assistência aos pobres e sem abrigo de Lisboa, transformou-se ao longo dos séculos na Ordem Terceira do Carmo esquecendo as suas origens e fundador.
A Confraria da Virgem Santa Maria ou Confraria do Caldeirão, como era popularmente conhecida ao tempo de D. Nuno, foi re-fundada em 2009, no espírito da família Carmelitana, pelo Vice-Postulador da Causa da Canonização Rev. Padre Francisco Rodrigues, O. Carm, sob o Alto Patrocínio da Casa Real Portuguesa, fixando a sua Sede na reconstruída Botica de São João da Fundação Oureana no Castelo de Ourém cujas origens remontam ao tempo em que o III Conde de Ourém era Prior da Ordem Hospitalária de São João (Hoje Soberana Ordem de Malta).
Canonicamente Erigida em várias Dioceses como um Apostolado, a Real Confraria e a sua chamada “Obra do Caldeirão” da qual fazem parte os “Peacemakers” (“Obreiros da Paz” ou “Pacificadores”) é o Departamento Sócio-caritativo da Fundação Oureana que opera em parceria protocolar com a Fundação D. Manuel II e a Real Guarda de Honra.
OS PACIFICADORES
“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” Mateus 5:9
Este ano as obras de assistência social da “Obra do Caldeirão” levadas a cabo pelas Fundações parceiras, do Apostolado da Real Confraria do Santo Condestável, através dos “Peacemakers” (“Obreiros da Paz” ou “Os Pacificadores”), obra fundada em 1985 como Sociedade Missionária e então denominada “Sociedade Conde Nuno” e mais tarde, “Sociedade Beato Nuno” e que é hoje parte da Real Confraria da Fundação Oureana.
Esta obra foi fundada na Casa Alta, antiga Ermida do Espírito Santo, onde se situava a primeira residência oficial de John Haffert no Castelo de Ourém. Foram mentores da mesma o Bispo Missionário Constantino Luna, Patrono do Exército Azul e o antigo Tesoureiro do Exército Azul, Timothy Richard Heinan que se inspiraram na biografia de São Nuno por John Haffert; “The Peacemaker that went to War” ou “O Pacificador que foi para a Guerra”.
Criada pelo VI Centenário da vitória de São Nuno em Aljubarrota, a obra tem levado a cabo numerosas campanhas anuais de ajuda humanitária em Missões em África, no México, na Guatemala, no Peru e no Brasil, países onde mantém apoio a orfanatos criados e sustentados em boa parte pela mesma.
A Sociedade Beato Nuno foi mais tarde Canonicamente Erigida em várias Dioceses como as de Duluth no Minnesota, E.U.A. e no México até que passou a ser incorporada, por Protocolo, na Real Confraria e em 2009 por ocasião da Canonização de São Nuno. Ostenta hoje o nome que deriva da primeira biografia em língua inglesa de São Nuno, um “best-seller” publicado em 1946 da autoria do Fundador da Fundação Oureana; John Mathias Haffert; intitulada; “The Peacemaker that went to War” (O Pacificador que foi para a Guerra).
Depois da Missa, e a seguir à romaria dos Confrades e Guardas de Honra em torno do túmulo de São Frei Nuno, foi altura do Confrade Condestável David Alves Pereira informar a Assembleia de Confrades dos resultados das várias campanhas humanitárias que a Real Confraria, através dos “Peacemakers”, tem levado a cabo, desde o início da presente Pandemia, para ajuda dos mais necessitados.
“Tendo-se organizando a distribuição de bens de primeira necessidade a famílias carenciadas, distribuindo subsídios, roupa e outros bens, uma obra que tem realizado neste ano de Pandemia com a ajuda particular das Fundações Parceiras, dos Confrades Condestáveis José António e Maria Antonieta da Cunha Coutinho; do Confrade Nuno Coutinho Faria e dos Benfeitores Duarte Pizarro, Miguel Pape, Susana Rodrigues Lopes e da Drª Isabel Jonet do Banco Alimentar Contra a Fome. Do Apostolado “Mãos Unidas com Maria” de Florinda Marques, também ela membro da Real Confraria recebeu-se medicamentos, roupa, material escolar e agasalhos.
APOIO DADO PELA REAL CONFRARIA DURANTE A PANDEMIA COVID 19
Para os casos com necessidades básicas dos concelhos de Ourém, Tomar e Leiria, para além de ajudas pontuais em dinheiro ou em cabazes de alimentos comprados, estabeleceram-se contactos com as respetivas Câmaras Municipais, que já haviam criado linhas de apoio social. Alguns casos de Ourém e de Fátima foram encaminhados para a Assistência Social do Concelho, que dava 50 Euros por pessoa, por semana, para ajudar com despesas e 150 euros por família.
Das 19 Famílias (77 Pessoas) ajudadas na primeira grande campanha de distribuição de bens alimentares que a Real Confraria coordenou na Comunidade Brasileira, com o apoio do Consulado Honorário do Brasil em Fátima (Ourém), foram também ajudadas até Abril com cabazes de alimentos ou vales distribuídos, 9 pessoas de Fátima. Posteriormente, com a ajuda da Real Confraria, todas foram inscritas no Banco Alimentar contra a Fome, na Cáritas Diocesana ou na Missão Continente para um apoio continuado.
Houve ainda uma família de 4 pessoas que foi transportada, juntamente com a sua mobília e bens, de Viseu para Fátima pelos Confrades David Alves Pereira e Jorge Gonçalves, a fim de receberem apoio de uma Comunidade Religiosa.
É importante esclarecer que desde 2001 que a Fundação Oureana não recebe donativos para obras de caridade, nem distribui donativos com essa finalidade. Para total transparência todas as campanhas de angariação de fundos são levadas a cabo pela Real Confraria do Santo Condestável, e por voluntários, sendo que os beneficiários, a serem ajudados em Portugal ou no estrangeiro, recebem fundos diretamente dos doadores nas suas contas ou então, são-lhes entregue vales ou cheques emitidos pelos doadores a seu favor. A Contabilidade é feita pela Diocese de São Tomé e Príncipe em cuja Diocese está Canonicamente Erigida a Real Confraria que opera a partir de Ourém. É a mesma Diocese que recebe os fundos diretamente e emite os recibos aos doadores. A Real Confraria também dá apoio e manutenção contínua à “Casa dos Pequeninos” da Diocese de São Tomé e Príncipe.
De salientar também os apoios especiais e médicos dados aos que foram atingidos pela presente Pandemia (que juntaram um grupo de 17 Benfeitores, entre eles o jogador de futebol Jardel), com fundos para compra de roupa, pagamento de transportes, carregamentos de telemóveis, e ajuda a pagamentos de faturas de gás, água e luz. Foi ainda adquirida uma ambulância equipada e cadeiras de rodas e andarilhos enviada em Agosto para São Tomé e Príncipe.
Sua Alteza Real o Senhor Dom Duarte de Bragança, Duque de Bragança, na qualidade de Condestável Mor Honorário e Patrono da Real Confraria, felicitou o Condestável-Mor e os Adjuntos; Condestáveis David Alves Pereira; Bruno de Castro e Jorge Gonçalves que juntamente com o Esmoler-Mor António Boleto Catela, são os Esmoleres da Real Confraria e os que dirigem o grupo dos “Peacemakers” em Portugal e o apio dado pelos Confrades Condestáveis Angelo Musa, Kevin Couling, Stephen Besinaiz e Paul Perry a liderarem as campanhas de angariação de fundos com o Condestável-Mor Carlos Evaristo, em vários países do estrangeiro e que resultaram no êxito destas campanhas.
INVESTIDURAS NA CRIPTA DO CONDESTÁVEL
Antes da Missa da Festa de São Nuno, pelas 16:30 Horas, teve lugar na Cripta da Igreja do Santo Condestável, no piso abaixo do Altar-Mor junto ao local onde se encontra o túmulo com relíquias de São Nuno, a Investidura de novos Confrades e também de novos Guardas de Honra da Real Guarda de Honra (RGH).
O Senhor Dom Duarte de Bragança, que ostenta hoje os títulos que eram de São Nuno, Conde de Ourém e Conde de Barcelos, na qualidade de Condestável-Mor Honorário e Patrono Fundador da Real Confraria, relembrou a família dos Duques de Cadaval, que tradicionalmente representam a família “Pereira” e ostentam as Armas que eram de D. Nuno, mas que não poderem estar presentes. Seguidamente o Senhor Dom Duarte entregou os diplomas e felicitou os novos membros das duas Associações que gozam do Patronato Real, apelando a que todos sigam sempre o exemplo de Caridade, Humildade e de Amor a Deus e à Virgem que foi de São Nuno e particularmente, ajudando aqueles que mais necessitam sempre, e de forma extraordinária, neste tempo de Pandemia.
Para além de serem investidos por procuração vários membros Norte Americanos e Italianos, houve também a investidura presencial de novos membros das Legiões da RGH de Beja e de Évora, e ainda, nomeado mais um Capelão.
Foi designado Confrade Condestável Grã-Colar Humberto Nuno Lopes Mendes de Oliveira que passa a assumir o Comando da Legião da Real Confraria e Real Guarda de Honra na Igreja do Santo Condestável.
Será assistido pelo Adjunto e Alcaide João Pedro Antunes de Ascensão Teixeira, Confrade que foi batizado na mesma Igreja pelo Padre Mário, no dia 13 de Maio de 1966, tendo como Madrinha, sua irmã, Maria de Lurdes, também presente na Missa da Festa de São Nuno para recordar esse dia com o irmão.
MISSA PRESIDIDA PELO BISPO AUXILIAR DE LISBOA
A Missa, que teve início pelas 19:00 Horas, foi presidida por D. Américo Aguiar, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Lisboa. Antes e depois da Missa uma relíquia de São Nuno foi levada no Cortejo Litúrgico pelo Pároco da Igreja do Santo Condestável, Revº Padre Luís Carlos Silva de Almeida que publicamente saudou e agradeceu a presença do Senhor Duque de Bragança, dos Confrades da Real Confraria e membros da Real Guarda de Honra.
A Santa Missa foi presidia por D. Américo Aguiar.
Presentes na Santa Missa também uma representação oficial da Ordem do Santo Sepulcro da qual fazia parte D. Nuno de Bragança van Uden, primo do Duque de Bragança e Confrade Fundador Condestável da Real Confraria.
Presente também esteve o Confrade Fundador Dr. Alexandre Patrício Gouveia, Condestável para a Capela de São Jorge em Aljubarrota e Presidente da Fundação Batalha de Aljubarrota com a qual a Fundação Oureana celebrou um Protocolo de Cooperação em 2009 que criou a Exposição Nacional do Santo Condestável no Castelo de Ourém.
No final da Assembleia, o Confrade Mário Neves foi nomeado Alcaide para o Santuário da Princesa Santa Joana em Aveiro pelo Condestável Mor como reconhecimento do importante trabalho que tem vindo a realizar na pesquisa da história e promoção do Culto de São Nuno e ainda, na preparação de uma publicação sobre São Nuno que será editado em breve pela Real Confraria através da Regina Mundi Press ICHR, Editora das Fundações.
BRINDE À MEMÓRIA DE S.A. D. HENRIQUE DUQUE DE COIMBRA
Nesse dia foi recordado Sua Alteza, o Senhor Dom Henrique de Bragança, Duque de Coimbra, Chanceler Mor das Ordens Dinásticas da Casa Real Portuguesa e Condestável Mor Honorário da Real Confraria do Santo Condestável, falecido a 14 de Fevereiro de 2017 e que havia nascido no dia 6 de Novembro, Festa de São Nuno, em 1949.
Antes da Missa, num jantar informal que teve lugar num restaurante junto à Igreja, brindou-se à memória do Senhor Dom Henrique.
6 de Novembro de 2020
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