
1881 – 1943
O dia 4 de Julho de 2023 assinalou os 80 anos desde a trágica morte, por acidente de aviação em Gibraltar, do Tenente-General Władysław Sikorski, Primeiro-Ministro da Polónia.
O Co-autor da vitória sobre o Exército Vermelho, em 1920, e Primeiro-Ministro da Segunda República Polaca, morreu quando o avião em que viajava, caiu no mar, perto do Rochedo de Gibraltar.
Sikorski era também Comandante Supremo das Forças Armadas Polacas durante a Segunda Guerra Mundial e Chefe do Governo Polaco no Exílio.
As comemorações do 80º Aniversário da morte do General Sikorski deslocou a Gibraltar, uma Delegação Polaca liderada pelo Presidente do Instituto da Memória Nacional, Dr. Karol Nawrocki e que reuniu membros do Gabinete para Veteranos e Vítimas da Opressão.

Em Maio de 1943, o General Sikorski partiu para inspecionar as tropas Polacas no Médio Oriente e na viagem de regresso, a 4 de Julho, pouco depois de descolar do aeroporto de Gibraltar, o avião em que viajava caiu no mar. Todos a bordo, excepto o piloto checo, morreram, incluíndo a filha do General, Zofia Leśniowska.


Uma Santa Missa por alma das vítimas dessa tragédia, teve lugar pela manhã do dia 4 de Julho, na Catedral Católica de Santa Maria Coroada de Gibraltar tendo sido celebrada por Padres Polacos, Caplães do Exército e concelebrada por membros do clero local.
A Missa contou com a presença do Bispo Diocesano D. Carmelo Zammit e das entidades governamentais locais e representativas de Sua Majestade o Rei Carlos III.

Após a Missa, houve no Farol de Europa Point um Serviço Memorial de homenagem ao General Sikoprski e aos que o acompanharam na trágica viagem.

O Serviço Memorial teve lugar junto ao Monumento em memória das vítimas dessa tragédia em Gibraltar.
Presidentes de várias organizações de Veteranos, assim como as autoridades de Gibraltar e Representantes do Consulado Polaco no Reino Unido, colocaram flores no Monumento e seguidamente discursaram.
Durante a Cerimónia, o Chefe do Gabinete para Veteranos de Guerra e Vítimas da Opressão, Jan Józef Kasprzyk, leu uma carta do Presidente da República da Polónia, Andrzej Duda.

“A história da última missão do General Władysław Sikorski é o culminar do dramático destino da Polónia e dos Polacos durante a Segunda Guerra Mundial. A nossa nação, embora sofrendo, travou uma luta desigual contra os poderosos agressores por todos os meios – militares e diplomáticos – até ao fim. Em ambas as arenas, o General Sikorski desempenhou um papel único. Foi um notável comandante e diplomata que, renunciando ao seu próprio conforto e assumindo riscos pessoais, serviu com firmeza a Pátria e sacrificou a sua vida por ela. E por isso a República da Polónia irá sempre honrá-lo como um herói nacional”, escreveu o Presidente da Polónia na carta que foi lida.

“Independentemente das emoções políticas da primeira metade do Século XX, hoje, de uma perspectiva histórica, todos sabemos que estamos a prestar homenagem a uma das figuras-chave da história polaca do século XX“; disse o Dr. Karol Nawrocki, durante a sua intervenção.

“A nação Polaca sempre defende aqueles que serviram a Polónia e quer enterrá-los com dignidade. Prova também que para nós a história não é apenas um registo do passado, mas é uma questão de vida social, mesmo 80 anos após a morte do General Władysław Sikorski”; acrescentou o Presidente do IPN.

As circunstâncias da morte do General Władysław Sikorski ainda são controversas. A aeronave – Liberator II AL523, na qual o General voltava de uma inspeção do Exército Polonês no Leste, caiu no mar às 23h07. A filha do General e os seus colegas, incluindo o Chefe do Estado-Maior do Comandante-em-Chefe Tadeusz Klimecki, também morreram na catástrofe.

O Relatório do Comitê Britânico que investigou o acidente em 1943 concluiu; “A causa do desastre foi o travamento dos controles do elevador.”

O corpo do General Sikorski foi transportado para Inglaterra a bordo do destróier ORP “Orkan”.
Cerimónias Fúnebres foram realizadas no dia 15 de Julho de 1943, na Catedral de Westminster com a participação de representantes das autoridades Polacas e Britânicas, incluindo o Primeiro-Ministro Winston Churchill.
O General Sikorski foi condecorado postumamente com a Ordem da Águia Branca da Polónia e após o funeral oficial em Londres, o corpo foi enterrado no Cemitério dos Aviadores Polacos em Newark, perto de Nottingham.

O Conselho de Ministros da República da Polónia decidiu que o seu corpo seria sepultado posteriormente no Castelo Real de Wawel, em Cracóvia, e assim sendo, a 17 de Setembro de 1993, seus restos mortais foram exumados e trasladados para a Cripta da Catedral de São Leonardo de Wawel, Cracóvia, Polónia.

Tem havido muita especulação de que a morte do General Sikorski possa ter sido o resultado de uma Conspiração Soviética, Britânica, Nazi ou até Polaca. Alguns defensores de teorias de conspiração alegam que o desastre foi consequência de um assassinato e pediram uma investigação.
Em Novembro de 2008, como parte da investigação do IPN, o corpo do General Sikorski foi de novo exumado e os seus restos mortais examinados por peritos forenses Polacos que concluíram que Sikorski morreu devido a lesões em muitos órgãos, típicas de vítimas de desastres de aviação.

Como parte das cerimónias memoriais, no dia 4 de Julho de 2023, pelas 23h07, hora da tragédia occorida em Gibraltar em 1943, quando o avião afundou no mar, rosas foram atridas ao mar por todos presentes e, no dia seguinte, a Delegação do IPN, depositou flores nos túmulos dos mortos na queda do Liberator II AL523, no Cemitério da Frente Norte.

A Fundação Histórico – Cultural Oureana fez-se respresentar nos Serviços Memoriais por Carlos e Margarida Evaristo que assitiram à Missa em que foi relembrado o General e Heroí Polaco da II Guerra Mundial.

O papel de Sikorski contra o Nazismo e a sua devoção a Nossa Senhora de Częstochowa, a chamada “Mãe Negra da Polónia”, foi tema de uma Palestra dada pelo Historiador, Carlos Evaristo, Presidente da Direcção da Fundação Oureana, que, junto ao Memorial ao General na Catedral de Gibraltar que inclui uma pintura da Rainha e Padroeira da Polónia, também falou da devoção à Virgem Negra do Papa São João Paulo II, dos Fundadores da Fundação Oureana; John e Patrícia Haffert e do Padre Edwin Anthony Carmel Gordon, Capelão da Regalis Lipsanotheca, que era natural de Gibraltar e que faleceu e está sepultado em Fátima.
Em Gibraltar existem várias comunidades lusófonas; Portugueses, Brasileiros, e também Portugueses de Goa, muitos dos quais assistiram à Palestra.

Há 10 anos que a Fundação Oureana leva a cabo um Projecto de Pesquisa em Gibraltar; o chamado “Gibraltar Research Protocol”, que, segundo Carlos Evaristo, estuda não só achados arquelológicos, como também a história do rochedo, do Culto de Nossa Senhora da Europa, as ligaçóes históricas de Comércio e Correspondência com Portugal e o papel que Gibraltar teve na história da partida para o Exílio do Rei D. Manuel II e o contributo importante para a devoção Mariana na Peninsula Ibérica.

4 de Julho de 2023
Fotos: Sur English / Fundação Oureana / Gibraltar Chronicle